![Só Wagner Moura se salva em “Guerra Civil” Só Wagner Moura se salva em “Guerra Civil”](https://www.matinaljornalismo.com.br/wp-content/uploads/bfi_thumb/dummy-transparent-ot8zwe1ak3nhdsp6rv144h9upxur8ftb4n7tcg1j0u.png)
Estreia mais exitosa da história do estúdio independente A24 e maior bilheteria de uma produção para maiores em 2024 até agora nos Estados Unidos e Canadá, Guerra Civil (2024) chega aos cinemas brasileiros uma semana depois de entrar em cartaz na América do Norte. Estrelado por Kirsten Dunst e Wagner Moura, o thriller distópico dirigido por Alex Garland acompanha um grupo de jornalistas no fogo cruzado entre rebeldes e tropas governamentais em meio a uma guerra fratricida.
Mistura ação, suspense e drama, Guerra Civil é ambientado em um futuro próximo, quando os EUA estão divididos pelos combates entre o exército e diferentes milícias que avançam rumo à capital nacional para depor o autoritário presidente do país. Nesse cenário conturbado, uma dupla de experientes correspondentes de guerra formada pela fotojornalista Lee (Kirsten Dunst) e o repórter Joel (Wagner Moura) decide viajar de Nova York até Washington com o objetivo de entrevista líder estadunidense antes de sua iminente queda.
Juntam-se aos dois o veterano jornalista Sammy (Stephen McKinley Henderson) e a jovem aspirante a fotógrafa Jessie interpretada por Cailee Spaeny, protagonista de Priscilla (2023). Nessa perigosa jornada, o quarteto vai deparar com os horrores da guerra e colocar as próprias vidas em risco várias vezes.
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Diretor de interessantes e tensas produções de ficção científica como Ex Machina: Instinto Artificial (2014) e terror – caso de Aniquilação (2018) e Men: Faces do Medo (2022) –, o inglês Alex Garland perde totalmente a mão em Guerra Civil. O roteiro sem inspiração e a narrativa de ritmo claudicante dificultam o engajamento com o filme, desperdiçando uma premissa polêmica e candente – que sem dúvida foi decisiva para motivar os norte-americanos a irem aos cinemas.
Já a direção sem brilho dos atores não contribui para adensar dramaticamente a trama. Encarnando uma figura de jornalista calejada e embrutecida pelas terríveis cenas que tem presenciado ao longo da carreira como fotógrafa de guerra – um desgastado clichê cinematográfico, não custa lembrar –, Kirsten Dunst está apenas apática, muito distante de suas melhores atuações.
Em contrapartida, Wagner Moura destaca-se em cena graças a seu talento dramático e carisma – a imprensa estadunidense tem destacado a empatia e o apelo sexual do brasileiro em cena. O problema é a inconsistência de seu personagem: em uma cena Joel age como um homem ponderado e preocupado com os trágicos eventos que testemunham para na seguinte se comportar como um adolescente inconsequente e estúpido.
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Se do ponto de vista dramático Guerra Civil não convence, a produção tampouco emplaca como filme de gênero. Mesmo com um orçamento estimado em US$ 50 milhões, o longa parece mais com um filme B de zumbi, sem cenas de ação empolgantes, como seria de se esperar de uma produção sobre uma revolução armada em território estadunidense.
Reticente quanto a fornecer informações sobre as razões do conflito e as facções em combate, o roteiro opta por manter-se à distância de julgamentos – o que acaba por também deixar o público um tanto indiferente quanto ao desenvolvimento da trama. No final das contas, um dos poucos momentos em que Guerra Civil parece mais palpável e conectado com as questões reais é a sequência em que um soldado interpretado pelo ótimo ator Jesse Plemons – de filmes como Estou Pensando em Acabar com Tudo (2020), Ataque dos Cães (2021) e Assassinos da Lua das Flores (2023) – interroga ameaçadoramente os jornalistas sob a mira do seu fuzil, perguntando “que tipo de americano” cada um é e decidindo quem vai morrer ou sobreviver.
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