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“Tralala” canta a ventura de reinventar-se

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“Tralala” canta a ventura de reinventar-se Bonfilm/Divulgação

A comédia musical francesa Tralala (2021), estrelada pelo premiado Mathieu Amalric César de melhor ator por Reis e Rainha (2004) e O Escafandro e a Borboleta (2007) –, estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (4/8). O filme acompanha a inusitada trajetória de um músico de rua de Paris que parte em busca de uma bela desconhecida depois de um encontro inesperado, assumindo a identidade de um guitarrista desaparecido.

Integrante da seleção oficial do Festival de Cannes de 2021 e exibido no ano passado no Festival Varilux de Cinema Francês, o longa reúne no elenco ainda as atrizes MaïwennMélanie Thierry e Josiane Balasko e os atores Bertrand Belin e Denis Lavant. Tralala é o novo título escrito e dirigido pelos irmãos Arnaud e Jean-Marie Larrieu, realizadores de Pintar ou Fazer Amor (2005), apresentado em competição em Cannes, e O Amor É um Crime Perfeito (2013), adaptação de um romance do escritor Philippe Djian que estreou no Festival de Cinema de Toronto.

Misturando realidade e fantasia, Tralala segue os passos do protagonista homônimo, um cantor e compositor que vagueia pela cidade sem grandes interesses, não se importando sequer com a iminente demolição de sua própria casa. Em uma dessas andanças sem rumo, Tralala (Mathieu Amalric) depara com uma linda e misteriosa jovem que lhe deixa um enigmático recado: “Acima de tudo, não seja você mesmo”. Estimulado pela provocação dessa fugidia mensageira, esse menestrel moderno parte em uma jornada atrás da mulher que o encantou.

Bonfilm/Divulgação

À procura de sua musa, o artista errante segue uma pista até a histórica cidade de Lourdes, no sudoeste da França – conhecida pelas supostas aparições da Virgem Maria para uma adolescente camponesa. Em meio a encontros e desventuras pelas ruas e cafés desse famoso destino de peregrinação do catolicismo, o cantautor conhece Lili (Josiane Balasko), uma senhora que acredita que ele seja seu filho Pat, desaparecido há 20 anos após ir para os Estados Unidos tentar a vida como músico. Decidido a assumir esse papel, Tralala passa a ter uma nova família que inclui um irmão, Seb (Bertrand Belin), e precisa lidar com assuntos mal resolvidos e paixões esquecidas do passado de Pat.

Repleto de sequências musicais e performances coreografadas, a improvável e fabulosa jornada de Tralala ocorre em meio à pandemia do covid-19. Segundo Arnaud e Jean-Marie Larrieu, a produção foi rodada em 2020 e a dupla de cineastas quis registrar aquele momento, filmando os personagens com máscaras: “Nós nos acostumamos a respeitar o mundo real que envolve a ficção. Nossos filmes não estão separados do resto do mundo. Portanto, filmamos a vida do jeito que ela se desenrolou naquele exato momento”.

Como não podia ser diferente em filme musical, a excelente trilha sonora é um dos destaques de Tralala, com temas especialmente escritos por astros do pop francês contemporâneo como os cantores Dominique A e Étienne Daho e a dupla de jovens rappers Sein – que também atuam no filme, como os sobrinhos de Pat. Curiosamente, uma das poucas músicas que embalam o filme e não foram compostas para a produção é Aqueles Olhos Verdes, versão em português de um famoso bolero na voz magistral de Milton Nascimento.

Lembrando por vezes o romantismo agridoce de musicais como Os Guarda-Chuvas do Amor (1964) e Duas Garotas Românticas (1967), ambos do cineasta Jacques Demy, Tralala é conduzido com desenvoltura pelo boêmio e carismático trovador interpretado pelo sempre talentoso Mathieu Amalric – cuja figura em cena evoca o mítico cantor, compositor e poeta Serge Gainsbourg.

Bonfilm/Divulgação

Tralala: * * * *

COTAÇÕES

* * * * * ótimo     * * * * muito bom     * * * bom     * * regular     * ruim

Assista ao trailer de Tralala:

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