Artigos | Marcelo Carneiro da Cunha | Série

Os Mestres do Ar estão aqui

Change Size Text
Os Mestres do Ar estão aqui Apple TV+/Divulgação

Há mais de vinte anos Steven Spielberg e Tom Hanks resolveram que a saga americana na II Guerra Mundial precisava ser registrada, narrada e filmada como nunca antes. Eles usaram os vastos recursos de Hollywood pra recriar o mundo militar dos anos 1940, os tecidos das roupas e uniformes, as armas, os equipamentos, a linguagem, e iniciaram o projeto lançando a série Band of Brothers, em 2001, ainda no mundo pré-streaming. A gente via em DVDs, lembram?

Na sequência, eles produziram a série The Pacific, narrando a guerra naval, oceânica, saltando de ilha em ilha, que os americanos enfrentaram e venceram contra o império japonês. As duas séries estão disponíveis no meu, no seu, no nosso canal Netflix e HBO Max. Se ainda não viram, corram. Elas representam o estado da arte em narrativa de guerra, mesmo que unilateral e americana.

“Band of Brothers” e “The Pacific”

Agora, em 2024, é a vez da terceira parte, Masters of the Air, Mestres do Ar, que nos leva para viver as experiências dos aviadores americanos da Oitava Força Aérea, que a partir de 1943 passou a infernizar os dias da Alemanha nazista, enquanto os bombardeiros ingleses cuidavam das noites.

Para os que não sabem, a Alemanha, um país no meio da Europa, com uns 70 milhões de habitantes, enfrentou o mundo inteiro em uma guerra terrível que ela criou e quase ganhou. Ela somente foi derrotada porque havia o vasto império soviético de um lado, o ainda forte império britânico do outro e, para sorte nossa, se juntou a eles o poderoso império industrial americano, a partir de 1941, já no final do segundo ano da II Guerra Mundial.

Do lado asiático, o Japão havia atacado as potências coloniais, Inglaterra, Holanda, França, e vencido todas. Anos antes, havia derrotado os russos. Dessa vez, em dezembro de 1941, ele começou uma briga que não tinha como vencer, e essa foi a história da guerra no Pacífico.

Ou seja, foi preciso juntar todas as maiores forças do mundo para derrubar a Alemanha e Japão, e um enorme esforço por terra, mar e ar, para finalmente acontecer algo parecido com uma vitória. No cenário europeu, os americanos e ingleses iniciaram uma nova forma de guerrear, com
milhares de aviões bombardeiros de longa distância – algo que os alemães nunca pensaram em fazer, porque, pra nossa sorte, Hitler, além de doido, não entendia nada de estratégia – destruindo continuamente a infraestrutura industrial da Alemanha.

Cada bombardeiro tinha uma tripulação de 10 homens, e cada ataque à Alemanha reunia centenas de aviões – que se tornaram milhares, a partir de 1944. A Alemanha reagia com caças, artilharia e radares, e, até a chegada do avião de caça Mustang, capaz de voar até a Alemanha e voltar, acompanhando e protegendo os bombardeiros, a luta era um massacre, com perdas enormes entre os americanos.

Mestres do Ar mostra essa luta.

Os pilotos e tripulações têm em comum com os personagens de Band of Brothers o fato de serem jovens, corajosos, um tanto desmiolados, e gatos. Eu não tinha percebido, uma amiga me chamou a a atenção. Os atores selecionados para os papéis foram escolhidos pela capacidade de levar para a frente da tevê o público feminino, nem sempre tão sensível a bombardeiros e blindados. Enfim.

A série está sendo mostrada na plataforma Apple TV+. Ela é impecável na produção, você vê e sente o que era voar por horas sem fim no que eram basicamente caixões voadores, sem pressurização, sem aquecimento e sem proteção.

Essa geração inteira, que aceitou esses sacrifícios e produziu tanta destruição, e uma vitória final, merece ser celebrada. A guerra foi horrível, mas Hitler era mais horrível. Dessa vez, a humanidade fez o que tinha que ser feito e, graças a isso, cá estamos.

Veja.

PUBLICIDADE

Esqueceu sua senha?