Música | Notas

Olinda Allessandrini e o piano nas Américas

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Olinda Allessandrini e o piano nas Américas

Uma das mais renomadas pianistas brasileiras – com atuação que vai do barroco ao contemporâneo, em obras para concertos solo, de câmara e orquestra -, a caxiense Olinda Allessandrini começou a gravar seu novo disco em janeiro. O projeto, ainda sem título, nasce de sua experiência como apresentadora do programa Olinda Allessandrini – Um Panorama da Música das Américas, na Rádio da Universidade, da UFRGS. “Tive contato com obras e compositores que nos são quase desconhecidos e comecei a pensar em ampliar meu repertório”, conta.

Um precursor do trabalho que está em estúdio é o CD pamPiano, lançado em 2004 – com versão em DVD dirigida pelo cineasta Caio Amon -, que explorou a paisagem musical do pampa, com sonoridades gaúchas, uruguaias e argentinas. Agora Olinda atravessa as fronteiras regionais rendendo homenagem a compositores de outros países do continente. “Busquei músicas pianísticas, apoiadas no folclore, com algum ar de modernidade, ‘fôlego’, elementos de virtuosidade e certo grau de dificuldade técnica”, explica. Entre os artistas contemplados no repertório, destaque para o brasileiro Heitor Villa-Lobos (1887 – 1959), o mexicano Arturo Márquez (1950-) e o argentino Carlos Guastavino (1912 – 2000).

Garimpagem pianística

Um dos principais desafios do projeto foi encontrar as partituras das peças – um trabalho de “garimpagem”, nas palavras da pianista. “Muitas são manuscritas e estão em coleções particulares. Ou foram editadas, mas se esgotaram. E várias datam dos anos 1920 e 1930, o que dificulta bastante o acesso”, recorda. Para a pesquisa, Olinda contou com a ajuda de amigos e buscou registros das obras em acervos privados, nos arquivos do projeto Sesc Partituras e no Instituto Piano Brasileiro.

A primeira gravação do novo disco já foi realizada. As sessões seguem nos próximos meses, com apoio de dois engenheiros de som especializados em piano: Marcos Abreu e Person Fontes. Mas a concepção do álbum é apenas uma parte da agenda movimentada da pianista.

Só em janeiro deste ano, Olinda cruzou a América do Sul, viajando do Uruguai a Pernambuco, em concertos da temporada de verão da Fundación Pablo Atchugarry, em Punta del Este, e do projeto Mapa do Brasil, no Teatro de Santa Isabel, em Recife.

Dona de um currículo extenso, com 11 discos solo, 13 álbuns como convidada, um LP e um DVD lançados – além de inúmeras apresentações em diversos países e salas consagradas como a Filarmônica de Berlim -, Olinda conta que cada novo trabalho “sempre abre uma nova etapa na vida e na carreira”. E completa, aludindo aos novos mares por onde navega: “O importante, como diz Amyr Klink, é um planejamento com segurança. A preparação é fundamental, com certo jogo de cintura para ir manobrando o barco na direção desejada”.

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