Espetáculo “Leonel” leva a vida de Brizola aos palcos
Com foco na vida pessoal de um dos maiores nomes da história política brasileira, o espetáculo Leonel, de Caco Coelho, celebra o centenário de nascimento de Leonel Brizola (1922-2004). A montagem tem pré-estreia para convidados na próxima quinta-feira (20/1) e faz temporada no Porto Verão Alegre de 21 a 23 de janeiro – ingressos à venda aqui.
Inicialmente marcadas para o Foyer do Multipalco do Theatro São Pedro, as primeiras quatro apresentações da peça serão realizadas no Teatro Dante Barone, na Assembleia Legislativa do RS, visando possibilitar um distanciamento maior do público – medida adotada a partir da nova onda de contágio da covid-19.
No mesmo local, em 31 de março de 2004, Brizola participou do evento “40 Anos do Movimento Militar de 1964”, promovido pela Assembleia e pelo governo estadual. “Foi meu último encontro com Brizola em Porto Alegre, na última passagem dele pela cidade”, conta Coelho, que em 1983 foi viver no Rio de Janeiro para trabalhar no primeiro mandato do pedetista como governador fluminense (1983-1987).
“Era o governo das Diretas Já, dos CIEPs, do Sambódromo. Foi uma experiência muito rica”, recorda Coelho, que também dirigiu o documentário Onde Está a Esperança?: 30 Anos do Comício Diretas pra Valer (2017), sobre um comício de Brizola, em 1987, e a tentativa de Luís Carlos Prestes de aproximar Brizola e Lula pouco antes das primeiras eleições presidenciais diretas da Nova República.
Os vínculos de Coelho com momentos marcantes da trajetória de Brizola vêm de família: “Minha avó, vim a saber há poucos anos, foi quem desenvolveu o plano educacional implementado nas mais de seis mil escolas que Leonel construiu no Rio Grande Sul. Meu pai era médico da família e acabou preso na casa de Brizola, no golpe militar de 1964”.
Realização da Fundação Caminho da Soberania, Leonel completa dois meses de ensaios nesta semana. A vida do protagonista da peça divide-se em três fases e atuações. O ator Paulo Roberto Farias interpreta o político em terras gaúchas, do nascimento em Cruzinha, passando pela morte do pai no ano seguinte, até o exílio. Lisandro Pires assume o papel do ex-governador gaúcho vivendo no Uruguai. No terceiro ato, com o diretor Caco Coelho no papel de Brizola, ganha destaque a morte de Neusa Goulart Brizola (1921-1993), interpretada pela atriz Marina Mendo.
“Hoje há cerca de 30 livros sobre o Brizola e vários documentários. Não nos preocupamos em contar a parte histórica, que será narrada em vídeo, numa espécie de linha do tempo. Preferimos extrair os bastidores humanos dessa trajetória iluminada. Alguns podem criticá-la, mas ninguém pode negar a identidade dele com o povo”, defende Coelho.
O espetáculo tem supervisão da atriz Vera Holtz e direção de movimento de Eduardo Severino. “Minha participação no espetáculo é na preparação corporal de atores e atrizes durante todo o processo de criação, colocando-os em equilíbrio espacial nas entradas, saídas e deslocamentos de cada cena”, conta o bailarino.
A atriz e cantora Camila Falcão conduz a trama como corifeia – nome dado à liderança dos coros no teatro grego.“É como se ela fosse uma atriz do Teatro Experimental do Negro de Abdias Nascimento. A Camilo tem sido uma voz que nos ilumina”, destaca Coelho ao telefone, a poucos metros de onde Falcão ensaia Pai, de Chico Buarque, canção que integra um pot-pourri do espetáculo.
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