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Zona Cultural será inaugurada com “Cabaré da Mulher Braba”, da Cia. Rústica

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Zona Cultural será inaugurada com “Cabaré da Mulher Braba”, da Cia. Rústica Foto: Adriana Marchiori

Na próxima quarta-feira (8/3), às 20h, Dia Internacional da Mulher, o espaço Zona Cultural será inaugurado com a estreia do espetáculo Cabaré da Mulher Braba, da Cia. Rústica, com direção de Patrícia Fagundes. Idealizada e viabilizada por um grupo de artistas de Porto Alegre, a iniciativa visa proporcionar um ambiente de convívio, aprendizado e experiências artísticas.

Localizado na avenida Alberto Bins, 900, no Centro Histórico da capital, o espaço nasce de um sonho antigo de Fagundes, acolhido por um grupo de artistas que inclui André Varela, Batista Freire, Carlos Mödinger, Diego Nardi, Heinz Limaverde, Iassanã Martins, Juliana Kersting, Mirna Spritzer, Roberta Alfaya, Rodrigo ShalakoSandra Possani.

O centro cultural ocupa um prédio de dois andares com mais de 500 m² de área. No térreo, há espaço para apresentações com capacidade para 80 espectadores, bar, banheiro acessível e depósito. Camarins, duas salas de ensaio e banheiros dividem o piso superior. “Estão previstos espetáculos, performances, shows, oficinas e seminários. Também lançamentos de livros e encontros variados”, conta a atriz Mirna Sprizter – leia a entrevista a seguir.

Para as noites de estreia da casa e do espetáculo – ingressos gratuitos aqui –, nos dias 8 e 9 de março, às 20h, a Cia. Rústica parte de um estereótipo para explorar sentimentos potentes. “O Cabaré da Mulher Braba brinca com o clichê da ‘mulher mandona’ e rótulos que, muitas vezes, reduzem e padronizam mulheres fortes, independentes, assertivas, decididas, que lideram. A ideia é celebrar essa brabeza, que é energia no mundo, assim como a raiva é energia de vida”, reflete a diretora da montagem. De 10 a 26 de março, às sextas, aos sábados e aos domingos, a peça fará temporada na Zona Cultural – confira o serviço ao final da matéria.

“Há muitas experiências pessoais envolvidas na criação desse cabaré, minhas e das atrizes, e uma conversa com autoras feministas e estudos de gênero”, conta Fagundes, mencionando ainda referências à música, à poesia, à dança e ao circo, mesclando humor e cultura popular.

A diretora destaca que a montagem apresenta uma narrativa fragmentada e polifônica vinculada à tradição da cena popular, do circo, do teatro de revista, do vaudeville e, claro, do cabaré. “Cada artista do elenco joga com uma figura cabareteira, e esse jogo define a montagem.”

Foto: Adriana Marchiori

O espetáculo integra o projeto Cabarés do Sul do Mundo, contemplado pelo Fundo de Apoio à Cultura do RS. Além das montagens Cabaré da Mulher Braba e Cabaré do Amor Rasgado – que será apresentada em abril na Zona Cultural –, a iniciativa abrange uma pesquisa de Fagundes em torno da noção de “cabaré do Sul do mundo”, oficinas, rodas de conversa, ensaios abertos e apresentações gratuitas em Porto Alegre.

O elenco da peça – formado em grande parte por profissionais que integram a equipe da Zona Cultural – reúne Ander Belotto, André Varela, Camila Falcão, Diego Nardi, Heinz Limaverde, Iassanã Martins, Juliana Kersting, Kaya Rodrigues, Phill Coutinho, Priscilla Colombi, Roberta Alfaya e Sandra Possani. A direção musical é de Rafa Rodrigues.

“Há uma cena festiva e cabareteira de pequenas produções que pode oferecer contribuições para a construção de futuros renovados, através da constituição de experiências de sociabilidade que vislumbram outros modos de relação, criação, organização e pensamento, em contraposição à lógica colonial que ainda estrutura a sociedade e nossos corpos”, afirma a diretora.

Na visão dela, a perspectiva do projeto dialoga com a proposta da Zona Cultural: “É uma aventura maluca se arriscar assim, bancando um espaço, com recursos escassos. Mas como dizia Rosa, o que a vida quer da gente é coragem! E temos fé na demanda da cidade, nos artistas, nas possibilidades e na força da arte que se produz em Porto Alegre”.

Leia a entrevista com a atriz Mirna Spritzer, cofundadora da Zona Cultural, sobre a concepção do projeto e os planos da trupe gestora do espaço.

Como foi concebido o projeto da Zona Cultural?

A Zona nasce de um desejo – ou sonho – da diretora Patrícia Fagundes de um espaço cultural múltiplo e diverso onde artistas, em especial da cena, possam criar e trabalhar em condições mais justas e apropriadas, com tempo para a criação e instalações que oportunizem as práticas artísticas. Esse sonho passou a ser coletivo, e um grupo de artistas reuniu-se, com diferentes formas de participação, para tornar possível a existência do espaço. São artistas de teatro, circo, música, carnaval e da noite. Criadores de luz, som, cenografia e gastronomia. Artistas professores e artistas envolvidos em ações sociais.

Qual a programação prevista para o espaço e quais atividades já estão confirmadas?

Estão previstos espetáculos, performances, shows, oficinas e seminários. Também lançamentos de livros e encontros variados. O Cabaré da Mulher Braba fica em cartaz por três semanas. A seguir, a Cia Incomode-te entra em cena com Espera, seu novo espetáculo. E então, entra em cartaz o Cabaré do Amor Rasgado, da Cia. Rústica. Já estão programadas oficinas de práticas circenses, artes místicas e radiofonias, além de cursos de teatro de diferentes durações. A Zona Cultural está aberta para ocupações de diferentes grupos artísticos, intelectuais e educativos.

Como a gestão do espaço está sendo organizada?

O espaço está sendo gerido por um núcleo de artistas responsáveis pelas tarefas administrativas e pela concepção mais ampla da estrutura. Junto a esse grupo, diferentes parceiras e parceiros se envolvem em ações outras, segundo suas especialidades e disponibilidade. Importante frisar que nesse momento a Zona Cultural inicia suas atividades contando apenas com investimento desse coletivo, em termos financeiros, de trabalho e parcerias. O espaço pretende ser um lugar adotado pela cidade e por seus habitantes – não apenas frequentando suas atividades mas contribuindo, das formas possíveis a cada um, para sua manutenção e existência. As formas de apoio logo serão divulgadas e toda colaboração será estudada.

Como o espaço se situa no atual contexto de espaços culturais da cidade?

A Zona Cultural se alia aos espaços independentes da cidade, como Estúdio Stravaganza, Espaço Cuidado que Mancha, Meme Estação Cultural, Afro-sul Odomodê, Terreira da Tribo, Casa de Espetáculos e outros lugares que também pensam nas culturas vivas e pulsantes na cidade. Lugares que refletem sobre o convívio através da arte, como alguns bares, sedes de Escolas de Samba e escolas, como a Casa de Teatro. É também, um convite, ou provocação, aos espaços institucionais para que retomem seu papel nas culturas da cidade.

Espetáculo “Cabaré da Mulher Braba”, da Cia. Rústica

Onde: Zona Cultural (avenida Alberto Bins, 900 – Centro Histórico – Porto Alegre)
Estreia: 8 e 9 de março de 2023, às 20h
Ingressos gratuitos aqui

Temporada: 10 a 26 de março – sextas-feiras, sábados e domingos, sempre às 20h
Ingressos: 60 reais (na bilheteria) – 50% de desconto para idosos, estudantes e artistas mediante comprovação – e 50 reais (mais 5 reais de taxa) na compra online
Classificação: 14 anos
Duração:
80 minutos

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