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“Diário de uma Onça” dá voz à fauna pantaneira

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“Diário de uma Onça” dá voz à fauna pantaneira Globoplay/Divulgação

Em cartaz na plataforma de streaming Globoplay, Diário de uma Onça (2023) narra a jornada verídica de três onças-pintadas através de uma perspectiva inédita: o relato em primeira pessoa – no caso “primeira felina”. A atriz Alanis Guillen, intérprete do personagem Juma no remake da novela Pantanal, dá voz a Leventina, uma jovem onça-pintada que precisa se proteger de predadores e da ameaça humana. Fora esse advento inusitado da narração ficcionalizada em voice over, tudo no documentário é real.

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O longa – que contou com mais de 200 horas de material bruto filmado ao longo de três anos – é dirigido por Joe Stevens, Mario Haberfeld (ex-piloto de fórmula 1 e fundador da ONG Onçafari) e Fábio Nascimento (cineasta e fotógrafo documental).

Pela primeira vez na história, o Onçafari conseguiu, reintroduzir com sucesso uma onça pintada na natureza – e é através do trabalho dos biólogos dessa organização que o filme relata uma relação possível e harmoniosa entre o grande felino e o homem. Essa trajetória é conduzida pela narração de Leventina, neta de Fera, a primeira onça resgatada e reintroduzida com sucesso em habitat natural no mundo, e filha de Ferinha, fêmea que é um marco na continuidade de sua espécie. A jovem Leventina vive em um território ameaçado pela mão do homem diante do progresso e das alterações climáticas.

Globoplay/Divulgação

“Eu nunca tinha narrado nada, então fiquei muito empolgada e me perguntando como seria isso, qual voz eu daria para essa onça, se seria a voz da Alanis, de uma nova onça ou a da Juma. Então, fomos encontrando a voz que pudesse contemplar a Leventina em cada momento da narrativa, os seus momentos de fúria, dificuldade, alegria etc.”, conta Alanis Guillen sobre o processo de narração e interpretação de Leventina, uma onça real que é a protagonista do filme. “Esse projeto traz o educativo e a informação por uma perspectiva profunda e empática, que gera a aproximação do grande público com essa história, essas personagens e essa realidade muitas vezes dura, mas que está acontecendo aqui na nossa frente, mas que nem sempre reparamos”, complementa a atriz.

Para o diretor Joe Stevens, “ser capaz de acompanhar de perto a vida de Leventina e sua família de onças na natureza nos deu uma oportunidade incrível e muito rara de contar sua jornada única e brilhante. Nunca vi uma história como essa. Através de centenas de horas de filmagens coletadas ao longo dos anos, surgiu um verdadeiro retrato de como é realmente a vida de uma jovem onça-pintada crescendo no Brasil – e o poder da história reside no fato de que podemos nos identificar com muitas das lutas e desafios que a Leventina enfrenta. Queríamos contar a história dela de uma forma que realmente tocasse o público brasileiro, celebrando o quão incríveis são esses animais e a vida selvagem do Brasil. Houve momentos em que realmente não sabíamos se Leventina sobreviveria… Mas ela nos mostrou repetidamente como o espírito das onças pode ser resiliente”.

Diário de uma Onça teve grande parte das filmagens realizadas na reserva ecológica Caiman, no Pantanal sul-mato-grossense – com apoio do Onçafari, que forneceu pesquisas e deu estrutura à equipe. “Dirigir esse filme junto com Joe e Mario me abriu portas para ver a complexidade e sofisticação das onças, entender como cada uma delas ali representa uma vitória para o trabalho daqueles que lutam pela sua sobrevivência. Pessoas como o biólogo Edu Fragoso (personagem de destaque no filme) colocam suas vidas à disposição dessa batalha, entendendo que lutar por essa espécie é também lutar por tantas outras, é proteger biomas e, no fim, lutar por nós mesmos”, reflete o codiretor Fábio Nascimento, que passou meses no Pantanal filmando os felinos.

O biólogo Edu Fragoso. Foto: Globoplay/Divulgação

“Para escrever sobre Leventina precisei me atentar aos detalhes da sua trajetória. Porém, dar voz a ela foi um outro desafio e de maior complexidade, pois não queria correr o risco de humanizá-la demais e romper com o seu lado fera. Não foram nas palavras que encontrei sua voz. Foram os sentidos, o gesto, o olhar, sua atenção e, acima de tudo, seu silêncio. Leventina me ensinou sobre as leis da vida diante de uma natureza implacável e, mais do que isso, me ensinou a desbravar e a resistir com coragem frente aos desafios diários de uma existência”, relata Bea Monteiro, roteirista do filme.

A associação Onçafari foi criada em 2011 para promover a conservação do meio ambiente e contribuir com o desenvolvimento socioeconômico das regiões em que está inserida por meio do ecoturismo, da educação ambiental, da atuação junto às comunidades locais e de estudos científicos. O Onçafari trabalha pela conservação da biodiversidade nos biomas Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado e Pantanal – com ênfase em onças-pintadas, onças-pardas e lobos-guarás.

Além das impressionantes e raras imagens da vida selvagem no Pantanal – particularmente da rotina das onças-pintadas em seu habitat natural –, Diário de uma Onça destaca-se também pela bela trilha sonora original de Ruben Feffer, que inclui ainda canções do cantor, compositor e violeiro pantaneiro Almir Sater.

Globoplay/Divulgação

Globoplay/Divulgação

Diário de uma Onça: * * *

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Assista ao trailer de Diário de uma Onça:

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