Nathallia Protazio
Nathallia Protazio, escritora
Agora Vai

Pós último capítulo

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Pós último capítulo
A dissertação chegou ao seu último capítulo. Só preciso escrevê-lo. Produzir o metatexto em Escrevivência da Análise Textual Discursiva que comecei lá em novembro. Ou antes disso. A cada nova consciência do processo de construção da metodologia que sustenta minha pesquisa, a sensação de tudo ter começado muito tempo antes. Como se eu tivesse iniciado este mestrado no dia que tomei a decisão de me inscrever na seleção. Ou antes. No dia que encontrei a Tati na rua e subimos a Borges conversando sobre psicologia social. Ou antes disso. No dia que voltei pro Brasil para retomar a minha vida. Às vezes a nossa trajetória no planeta parece um só caminho que nos trouxe para esta decisão, este momento presente. As controvérsias no amor, as divergências de crença, os percalços comportamentais, a beleza no recorte de um instante e o caos. Tudo me colocou aqui hoje. Paro diante dos outros capítulos, capa e contra-capa. O título que minha orientadora achou confuso. Confuso por quê? Confuso. Me explica, por favor. Não sei, só senti confuso. Hum. Os anexos, tabelas e tabelas de frases, fragmentos de texto. Unidades de análise. Passo também pelas lacunas. O espaço ainda a ser preenchido do resumo e dos agradecimentos. Muita gente para agradecer. A lista vai ser grande, talvez devesse guardar duas páginas. Preciso escrever meu último capítulo, é só fazer uma discussão de tudo que coloquei dentro da minha cabeça nestes dois anos e meio. Ou antes disso. Tantas leituras, tantas conversas, quantos bons encontros. Pensando bem, eu acho que eu poderia fazer uma lista de agradecimentos para as pessoas que estiveram presentes e outra para as coisas. Sim. Faz bastante sentido. Será meu pós último capítulo. Agradeço aos copos da Padoca, que honrada e humildemente tanta cerveja me permitiram beber. Aos inumeráveis guardanapos que me serviram todo tipo de alimento duvidoso. Um salve ao meu notebook, companheiro desde 2017 com seu teclado francês e sua tranquila forma de funcionar em português. Agradeço a paciência dos meus biquínis, sempre depois, a obstinação da minha agenda e o esforço do ventilador. Obrigada aos dois celulares roubados (in memoriam) e ao atual, pela incansável ternura de me trazer boas notícias. Falando em ternura, agradeço ao meu diário pela escuta e à minha caixa de som pela melodia. Indo neste caminho mais intangível aproveito para demonstrar minha gratidão a todos os perfumes que me acalmaram no calor de um abraço. A cada pedaço de chão que percorri a pé. Caminhar me areja as ideias. Cada quilômetro de pista vencido de ônibus e de céu cortado em avião. Agradeço muitíssimo, do fundo do meu coração, com devoção e graça, a existência do meu travesseiro. Companheiro em tantas cidades que nos receberam, pelo o tempo que fomos, nos ânimos que conseguimos. Porto Alegre. São Paulo. Jupi. João Pessoa. Paulista. Rio de Janeiro. Montevideo. Foz do Iguaçu. Santiago. Valparaíso. Natal. Gramado. Itanhaém. Salvador. São Carlos – não exatamente nesta ordem. Não parece, mas para fazer pesquisa teórica você não precisa só […]

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