Juremir Machado da Silva

Eleição argentina

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Eleição argentina Argentina definirá novo presidente em 19 de novembro | Foto: Telám
Javier Milei, o neoliberal extremista argentino, é um Bolsonaro piorado. Tem ideias próprias. Mescla a estupidez do capitão com a insensibilidade social de Paulo Guedes. Com esse perfil ele já se dava por vencedor das eleições presidenciais do seu país. Os argentinos mostraram, porém, que podem ser mais espertos do que os brasileiros. Deram maioria no primeiro turno a Sergio Massa, atual ministro da Economia, e deixaram o terrível Milei em segundo lugar.

Que esperteza é esse de votar no responsável por uma economia em crise? É a sabedoria do possível: as alternativas eram piores. Ao colocar Milei no segundo turno, argentinos sinalizam, por um lado, que estão cansados, angustiados ou desesperados. Aqueles que votaram em Massa indicam ainda crer no governo anual. Na “escolha difícil” argentina, a maioria preferiu o menos pior. Na “escolha difícil” brasileira, a maioria optou por Jair Bolsonaro, derrotando o ponderado professor Fernando Haddad, hoje um bom ministro da Fazenda.

Só que ainda falta o segundo turno. A prova dos nove da esperteza será feita em 19 de novembro. Até lá, suspense e horror. A Argentina vive mais um calvário. Milei quer dolarizar a economia e extinguir o Banco Central. A dolarização já existiu de certo modo no país vizinho e foi um fracasso. Deu-se pela taxa de câmbio artificial do 1 por 1 dos anos 1990. Boa parte da conversa de Milei é fiada. Ele veste o já tradicional figurino do candidato antissistema. Essa lengalenga convence pessoas desencantadas com as enrolações dos políticos. Mas não enche barriga nem resulta em boas gestões.

Como será esse segundo turno? Será dramático como costumam ser os argentinos. Milei insistirá que Massa faz parte da “organização criminosa” kirchnerista. É assim que ele fala. Massa tentará provar que Milei é doido de atar e que rebentaria de vez o país. É bom que nossos vizinhos olhem para cá. Somos um bom exemplo do que não deve ser feito. A lição número um que podemos dar é não votar em aventureiros radicais. Não funciona. É golpe. Milei fala muito mais do que pode fazer. Parece viver num mundo paralelo. Uma nação não pode ser laboratório de experiências políticas extremistas. Nós, brasileiros, vimos onde pode levar a aposta num desatinado.

O grande problema da Argentina é a inflação. Algo precisa ser feito. Talvez ter algumas aulas com os economistas brasileiros que fizeram o “Plano Real”. Nada foi mais decisivo para a virada brasileira do que esse pacote gestado durante o governo de Itamar Franco e implementado com a coordenação de Fernando Henrique Cardoso. Aliás, o velho presidente FHC está bem. Poderia dar uma consultoria aos argentinos. Outro que está disponível para uma orientação é Ciro Gomes. Poderia atuar como coach em Buenos Aires por quatro anos.

Massa tem um plano para derrubar a inflação argentina? Se tem, não contou. Pior do que isso, não aplicou. Então é pagar para ver.

Vale a pena ver de novo?

Diante de Milei tudo é possível.

Continua...

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