Juremir Machado da Silva

Médico e cartunista

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Médico e cartunista

A Casa da Memória Unimed (Santa Terezinha, 263) chega a sua sétima exposição: “Sintomas do humor”. O diagnóstico é preciso: riso frouxo. Médico, clínico geral, nascido em 1951, natural de Cachoeira do Sul, Ronaldo Cunha Dias é também cartunista premiado e membro da “National Cartoonist Society”, sediada em Orlando, nos Estados Unidos”. Humor independe de certificados. Faz ou não rir. A prova dos nove é uma visita à mostra, com curadoria de José Francisco Alves. Em poucos minutos de observação já dá para ouvir os risos. Quem está rindo? A gente. A pessoa dá uma olhadinha para o lado e ri com mais vontade. Como não rir com gosto da ovelha negra que toma um trago encostada numa árvore, longe do alvo e bem-comportado rebanho?

Os cartuns, expostos em painéis de led, ganharam um realce especial a cada peça. A iluminação apaga a opacidade que o primeiro impacto poderia gerar. O olhar fixa-se no desenho, hesita um instante e um sorriso se abre. Dá para observar o observador se abrir em riso. À primavera vista, a mensagem parece bem guardada, esperando a sua rápida decodificação. Em seguidinha, o sentido encoberto vem à tona, como que subindo à superfície da percepção, produzindo uma expressão facial de alegria. Há nesse tipo de situação um desvelamento da inteligência. O cérebro informa o corpo que deve vibrar. Que tal um exame de imagem no lobo mau para constatar que a vovozinha está na sua barriga? Ou um vulcão alimentado manualmente por um operário? Ronaldo Cunha Dias conhece o ofício de cartunista. O riso é, de fato, o melhor remédio.

Arte é isso: concentrar numa forma expressiva mínima o que a razão demandaria muito mais em explicação. A razão explica; a arte, explicita, dá a ver, faz emergir, tira o véu, esfrega na cara. Tem gente que fica angustiada, com medo de não rir no tempo considerado certo, ou seja, demorar a rir. Cada um que use o seu tempo e ritmo. O riso vem, transborda, vaza, escorre. Fiquei de um lado da sala. Cláudia ficou no outro. Trocamos risos a distância. Parecia uma brincadeira do tipo quem ri primeiro, quem ri mais alto, quem ri mais tempo. Se não rir rapidinho, o outro explica e marca ponto.

Pioneiros de Rochdale

Edgar Schulze fala de seu livro

Nesta quinta-feira, 13 de abril, na Casa da Memória, aconteceu o lançamento dos livros “História dos probos pioneiros de Rochdale”, de George Jacob Holyoake, com organização de Edgar Schulze, e “Procurando por ‘Os 28’ – a busca do original”, do próprio Edgar Schulze, em primorosas edições da Scriptum. Essa história merece ser contada. Vinte e oito tecelões criaram uma cooperativa, em 1844, em Rochdale, na Inglaterra. Holyoake escreveu a narrativa desse acontecimento inspirador para o cooperativismo mundial. A primeira edição da obra, que seria difundida pela Unimed Federação/RS, com o título “Os 28 tecelões de Rochdale”, chegou ao Brasil em 1933, traduzida do espanhol. Especialista em cooperativismo, Edgar Schulze empregou vinte anos na busca pelo texto original. O que se encontra nesses livros?

Em primeiro lugar, uma história vibrante e real da epopeia do cooperativismo. Depois, a paixão de um pesquisador, Edgar Schulze, por um tema declinado em várias línguas, de edição em edição. Por exemplo, “Histoire des équitables pionniers de Rochadle”. Nestas alturas o leitor de espírito aberto já se pergunta: quem eram esses 28? Schulze falou sobre seu objeto com a deliciosa minúcia de quem conhece como ninguém o seu assunto. Nilson May, presidente da Unimed Federação-RS, deu uma aula sobre cooperativismo, com uma contextualização história completa, passando pelos socialistas utópicos e pelo surgimento de “O manifesto comunista”, em 1848. A Casa da Memória rapidamente vem cumprindo seu objetivo: respirar e fazer respirar cultura.

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