Nando Gross

A reeleição de Alessandro Barcellos: sócios apostaram em projetos e não sonhos

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A reeleição de Alessandro Barcellos: sócios apostaram em projetos e não sonhos Foto: site oficial do Inter

Presidente encarou preconceito político desde sua chegada ao clube

Alessandro Barcellos foi reeleito presidente do Inter vencendo o candidato da oposição, Roberto Melo, no segundo turno das eleições coloradas, ele ocupará o cargo pelo próximo triênio – 2024/2026. A eleição teve novo recorde de participantes com 29.796 votos.

Barcellos teve uma vitória apertada com diferença de 2.463 votos, somando 53,68% (15.994 votos) contra 45,41%% (13.531 votos) de Roberto Melo. Foram 114 votos em branco (0,38%) e 157 nulos (0,52%).

Claramente os sócios colorados apostaram na ideia de continuidade de um projeto do que abraçar a causa do retorno de grandes ídolos. Os associados colorados já reconduziram Vitório Píffero para o clube cujo único projeto apresentado era o seu currículo e a frase “o campeão voltou”. Todos sabem o que aconteceu depois.

É verdade que a gestão Barcellos foi muito mal no futebol, escolhas erradas de treinadores e atrasos demasiados na tomada de decisões quando a situação mostrava claramente que precisava de uma correção de rumo, foram fatores decisivos para os maus resultados. Mas como a última impressão é a que fica, os colorados ficaram com a lembrança do Inter de Eduardo Coudet, que chegou à semifinal da Libertadores e embalou quatro vitórias seguidas no Brasileirão nas rodadas finais. Ficou a impressão para todos que, finalmente, quase no final da gestão, Barcellos acertou o alvo e o Inter terminou a temporada com um time forte, que traz boas expectativas aos torcedores para 2024.

É inegável que a atual gestão teve firmeza administrativa e responsabilidade com as finanças do clube, trabalhou em cima de projetos e conceitos e não cometeu nenhuma irresponsabilidade, mas o Inter está há muito tempo sem conquistar um título relevante e isto tensiona demais o ambiente. Por isso, Barcellos entendeu que este é o momento de investir no futebol e buscar títulos nos próximos três anos.

O presidente colorado sofreu enorme preconceito dentro do clube por ser filiado ao Partido dos Trabalhadores e enfrentou perseguição dos “patriotas colorados”, que, como se viu, se mostraram minoria. Até hoje alguns conselheiros tem este como principal argumento para criticá-lo. O fato é que antes de entrar no Inter, Barcellos ocupou cargos de gestão importantes, como à frente do Detran-RS, onde criou a Operação Balada Segura no Rio Grande do Sul.

Ele também foi secretário de administração no governo Tarso Genro, quando reorganizou a Celic, dando transparência para as contas públicas. Formado em Administração e com especialização em Gestão da Inovação pela Unicamp, de Campinas, Barcellos, foi professor da Escola de Administração da UFRGS entre 2009 e 2010. Atuou também no Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), entre 1996 e 1998, na gestão do prefeito Raul Pont (PT). Ou seja, experiência e capacidade em gestão é indiscutível que Barcellos possui, mas ainda assim muitos o rejeitaram por conta de ter trabalhado nos governos petistas. É triste, mas é verdade.

O desafio agora é colocar esta sua capacidade para a formação de um time de futebol que possa levar o Inter a novamente conquistar títulos.

Mas ressalto a maturidade dos associados colorados que perceberam a importância de apresentar um projeto para dirigir o clube e não apenas vender ilusões com o dinheiro dos outros, os chamados “mecenas”, que trariam nomes com Gabigol, Claudinho e Borré, além dos retornos de ídolos como Abel Braga e D’Alessandro. São nomes históricos no clube, mas só o nome deles não representa nenhum projeto. Esse tempo, felizmente, parece já ter passado.

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