Nando Gross

É preciso denunciar a perseguição covarde a Vinícius Júnior

Change Size Text
É preciso denunciar a perseguição covarde a Vinícius Júnior Créditos: Lucas Figueiredo/CBF

No mundo do futebol há grandes jogadores, craques e aqueles que podem ser chamados de icônicos, porque se destacam não apenas por suas habilidades excepcionais, mas também por sua postura e influência na sociedade. Vinícius Júnior, jovem atacante brasileiro do Real Madrid, é um desses jogadores. Ele não apenas brilha nos campos com sua destreza e talento, mas também se levanta contra o racismo, uma questão que a Espanha tem historicamente negligenciado. No entanto, sua coragem em enfrentar esse problema não passou despercebida pelas autoridades do futebol, que o puniram de forma absurda ao excluí-lo da lista dos melhores jogadores da temporada na Europa e no mundo.

Vinícius Júnior, uma das jovens promessas do futebol brasileiro, rapidamente conquistou um lugar no coração dos torcedores do Real Madrid. Sua velocidade, dribles e capacidade de marcar gols fizeram dele um dos atacantes mais temidos da La Liga e da Champions League, mas o temor maior que causa o brasileiro não se limita apenas ao campo de jogo. Vini Júnior sofreu ao longo da Liga Espanhola uma perseguição racista extremamente agressiva e que contou com a complacência das autoridades esportivas locais. O que eles não contavam é com a coragem e personalidade do atleta, que não se intimidou e usou a sua visibilidade para denunciar o racismo consentido no futebol espanhol.

Infelizmente, em vez de aplaudir o compromisso de Vinícius Júnior em combater o racismo, as autoridades do futebol europeu decidiram puni-lo de forma covarde, deixando seu nome de fora da lista dos melhores da temporada na Europa e no mundo, enviando uma mensagem clara de que a UEFA e a FIFA não estão dispostas a tolerar atletas engajados.

Essa estupidez não afeta apenas Vinícius Júnior, mas também toda a comunidade do futebol, pois tem como pano de fundo a intenção de calar os atletas, não os deixando exercer nenhum papel que os coloque como agentes de mudança social.

Vinícius Júnior é um exemplo de jogador de futebol que transcende o campo de jogo. Sua coragem para enfrentar o racismo merece elogios e apoio, não punições. O mundo do futebol deve abraçar jogadores engajados e apoiá-los em sua luta contra o preconceito racial, somente assim o esporte poderá cumprir seu potencial como uma força para o bem na sociedade.

Com tantos atletas brasileiros famosos vivendo longe do Brasil e totalmente desconectados com a realidade, ver as atitudes de Vinícius Júnior é realmente inspirador. Ele encarou o presidente da La Liga, Javier Tebas Medrano, que é membro do partido de extrema-direita nacionalista espanhol e um racista convicto. Tebas se posicionou contra Vinícius Junior, após ataques racistas em Valencia x Real Madrid, que culminou incrivelmente com a expulsão do jogador brasileiro. Tebas afirmou que Vinícius Júnior “deveria se informar adequadamente” antes de criticar LaLiga. Prontamente, o atacante do Real Madrid retrucou dizendo que “mais uma vez, em vez de criticar racistas, o presidente da LaLiga aparece nas redes sociais para me atacar”.

Vinícius Júnior mostrou grandeza e o assunto tomou proporções internacionais, trazendo para o debate uma questão que até então era tida como normal na LaLiga. Quem mais apoiou o jogador foi seu técnico no Real Madrid, Carlo Ancelotti. Os dirigentes foram pressionados, anunciaram medidas contra o racismo, mas nunca deixaram de esperar a oportunidade para dar o troco e ele veio desta forma rasteira, bem ao estilo dos bastidores nojentos dos dirigentes esportivos.

Vinícius Júnior, um dos três maiores jogadores em atividade na Europa, não aparece numa lista entre os 12 primeiros colocados. Ou seja, os caras não se preocuparam nem em disfarçar a perseguição. O recado é o seguinte: “nós mandamos, não os jogadores. Não se esqueçam disso”.

RELACIONADAS

Esqueceu sua senha?

ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.
ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.