Nando Gross

Entre a razão e a paixão: os limites da crítica no futebol

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Entre a razão e a paixão: os limites da crítica no futebol Foto: Divulgação: Inter

O desabafo do técnico do Internacional, Eduardo Coudet, depois da vitória sobre o time do Bahia, levanta uma discussão que precisa ser feita sobre a relação da imprensa com atletas e treinadores, e os limites da crítica profissional: até onde vai à crítica profissional e onde começa a invasão da esfera pessoal?

Coudet, além de ser cobrado pelos resultados em campo, enfrentou uma maré de críticas por sua dificuldade de comunicação em português, o que, para alguns, era motivo suficiente para questionar sua permanência à frente da equipe. Cada derrota parecia alimentar a especulação sobre sua demissão, e a eliminação no Gauchão foi o estopim para uma histeria coletiva na mídia.

A ascensão do comunicador identificado trouxe uma nova dinâmica a essa relação delicada. Antes, a crítica era muitas vezes distanciada do indivíduo, focada apenas em desempenho e estratégia. Hoje, porém, a paixão pelo clube muitas vezes se sobrepõe à razão, e os profissionais se veem expostos não só ao julgamento de suas habilidades técnicas, mas também à sua identidade, nacionalidade e até mesmo à fluência em outro idioma.

O que se percebe é uma linha tênue entre o dever jornalístico de analisar o desempenho esportivo e o respeito à individualidade e à integridade dos profissionais. O futebol, mais do que um esporte, é uma paixão que transcende o campo e invade a vida das pessoas. E nessa paixão, amor e ódio caminham lado a lado, muitas vezes obscurecendo o discernimento.

É preciso, portanto, um olhar crítico por parte da imprensa e dos torcedores. Criticar é legítimo, mas é fundamental que se faça de forma respeitosa e focada no aspecto esportivo, sem ultrapassar os limites da dignidade e do respeito humano. Afinal, no jogo do futebol, como na vida, a ética deve estar sempre em campo, independentemente do placar.

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