Nando Gross

Negacionismo climático: a irresponsabilidade que terminou em tragédia

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Negacionismo climático: a irresponsabilidade que terminou em tragédia Foto: Gilvan Rocha: agência Brasil

As recentes chuvas que assolaram o Rio Grande do Sul desde o final de abril são um lembrete doloroso da negligência das autoridades públicas em lidar com eventos climáticos extremos. Mais de 400 cidades foram afetadas, principalmente nas regiões do Vale do Rio Pardo, Vale do Taquari e na região metropolitana de Porto Alegre, tornando este o maior desastre climático da história do estado. É triste notar que esta não é uma tragédia isolada. Este é o quarto desastre a atingir o estado em menos de um ano, revelando uma tendência preocupante. Apesar disso, a resposta das autoridades tem sido inadequada. Poucos recursos foram direcionados para a prevenção e preparação para tais eventos extremos.

Tanto o governo estadual quanto a prefeitura de Porto Alegre parecem ter diminuído seus investimentos em defesa civil nos últimos anos, o que é um absurdo diante das circunstâncias atuais. A falta de prioridade dada à proteção da população contra desastres naturais é evidente. A inação é ainda mais evidente quando se observa o cenário político. Dos 34 parlamentares gaúchos, apenas uma destinou recursos para a prevenção de desastres em 2024. Essa falta de compromisso com a segurança e o bem-estar dos cidadãos é inaceitável. Apontar o desastre apenas como uma ação da natureza, impossível de ser contida, é uma narrativa que não corresponde com a verdade, este discurso é aceito apenas pelos negacionistas climáticos, os pesquisadores gaúchos vêm apontando o risco há bastante tempo.

Em vez de agir proativamente para mitigar os impactos desses desastres, parece que as autoridades estão apenas reagindo quando a tragédia já ocorreu. Isso não apenas coloca vidas em risco, mas também aumenta o custo humano e financeiro desses eventos. É hora de as autoridades assumirem a responsabilidade e tomarem medidas concretas para proteger as suas comunidades. Não podemos mais permitir que a negligência e a falta de ação determinem o destino das pessoas em face de desastres naturais devastadores. Porto Alegre tinha uma contenção para suportar uma elevação de até seis metros do Guaíba, nunca chegou a seis e a cidade foi invadida como se não tivesse defesa alguma. Mais uma vez os especialistas apontam para uma falta gritante de manutenção do sistema por parte da prefeitura. Isto precisa ser investigado e, se for constatado que isto realmente aconteceu, os responsáveis devem ser punidos e banidos da vida pública.

Nas próximas eleições, analise bem os seus candidatos, verifique o que eles pensam sobre aquecimento global, as emissões de gases de efeito estufa e sobre queimadas e desmatamento, é muito importante pesquisar o histórico daquele que você pretende votar, porque quem nunca acreditou em aquecimento global, não irá começar a fazer isso a partir da próxima eleição.

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