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Na luta contra a desinformação

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Na luta contra a desinformação Por Marcela Donini* Aprendi com Claire Wardle a não pronunciar ou escrever a expressão que começa com “f” e termina com “news”. Por duas razões: uma delas é que o termo foi rapidamente sequestrado por autoridades para desclassificar todo trabalho jornalístico com o qual não concordam. A outra: essa expressão não dá conta do complexo cenário de desinformação que se instaurou no mundo nos últimos anos. Diretora do First Draft, Wardle é coautora do espectro da desinformação. Nele cabem tanto o conteúdo falso produzido com o intuito de prejudicar alguém quanto uma sátira que nem sempre é assim compreendida pelo público. No meio disso tudo, tem a informação tirada de contexto, com ou sem intenção. Vimos isso acontecer no Brasil quando o vídeo de Drauzio Varella falando sobre o coronavírus em janeiro voltou a circular em um momento em que a pandemia tinha avançado e ele já havia revisto seu posicionamento. A velocidade com que as informações mudam em meio à pandemia deveria levar os veículos jornalísticos a ser transparentes com seu público quanto à curta vida das certezas sobre o atual cenário. Alguns meios de comunicação já aplicam estratégias para combater a desinformação decorrente da dificuldade em manter seu conteúdo atualizado. Nos EUA, a Vox chegou a deletar de seu perfil tweets publicados em janeiro em que se lia que a epidemia que se aproximava não seria letal. Já o britânico o Guardian passou a dar destaque à data dos artigos de opinião no site e nos compartilhamentos nas redes sociais. A estratégia já havia sido implementada um ano atrás nas notícias justamente para alertar os leitores e evitar uma descontextualização temporal. Nós aqui na Matinal estamos pensando em como contribuir para amenizar os prejuízos da “infodemia”, definida pela OMS como “excesso de informações, algumas precisas e outras não, que tornam difícil encontrar fontes idôneas e orientações confiáveis”. A partir desta semana, as reportagens sobre coronavírus ganham um aviso que chama a atenção para a data de publicação e informa os links das fontes oficiais no Estado para quem deseja checar o número atualizado de casos de Covid-19, mortes pela doença e taxa de ocupação dos leitos. É um primeiro passo, ainda pequeno, mas que sinaliza nossa preocupação com a questão. Desejamos desenvolver outras estratégias que vão nessa mesma direção. A seção Microscópio, por exemplo, merece nossa atenção, já que ali publicamos estudos científicos que, pela própria natureza da construção do conhecimento nas ciências da saúde, podem ser refutados ou confirmados num futuro nem tão distante, conforme já explicou o titular do espaço, Felipe Franke. Estamos abertos a sugestões de como podemos tornar nosso conteúdo sobre o coronavírus mais relevante para vocês. Na nova pesquisa de opinião que lançamos nesta semana, mais de 96% dos assinantes classificaram nossa cobertura da pandemia como “Boa”ou “Bem boa”. Ainda assim, acreditamos que há espaço para avançar. Fiquem à vontade para me escrever: [email protected]. Em tempo: assinem a newsletter do Farol Jornalismo, de onde eu tiro boa parte das minhas reflexões a respeito […]

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Por Marcela Donini* Aprendi com Claire Wardle a não pronunciar ou escrever a expressão que começa com “f” e termina com “news”. Por duas razões: uma delas é que o termo foi rapidamente sequestrado por autoridades para desclassificar todo trabalho jornalístico com o qual não concordam. A outra: essa expressão não dá conta do complexo cenário de desinformação que se instaurou no mundo nos últimos anos. Diretora do First Draft, Wardle é coautora do espectro da desinformação. Nele cabem tanto o conteúdo falso produzido com o intuito de prejudicar alguém quanto uma sátira que nem sempre é assim compreendida pelo público. No meio disso tudo, tem a informação tirada de contexto, com ou sem intenção. Vimos isso acontecer no Brasil quando o vídeo de Drauzio Varella falando sobre o coronavírus em janeiro voltou a circular em um momento em que a pandemia tinha avançado e ele já havia revisto seu posicionamento. A velocidade com que as informações mudam em meio à pandemia deveria levar os veículos jornalísticos a ser transparentes com seu público quanto à curta vida das certezas sobre o atual cenário. Alguns meios de comunicação já aplicam estratégias para combater a desinformação decorrente da dificuldade em manter seu conteúdo atualizado. Nos EUA, a Vox chegou a deletar de seu perfil tweets publicados em janeiro em que se lia que a epidemia que se aproximava não seria letal. Já o britânico o Guardian passou a dar destaque à data dos artigos de opinião no site e nos compartilhamentos nas redes sociais. A estratégia já havia sido implementada um ano atrás nas notícias justamente para alertar os leitores e evitar uma descontextualização temporal. Nós aqui na Matinal estamos pensando em como contribuir para amenizar os prejuízos da “infodemia”, definida pela OMS como “excesso de informações, algumas precisas e outras não, que tornam difícil encontrar fontes idôneas e orientações confiáveis”. A partir desta semana, as reportagens sobre coronavírus ganham um aviso que chama a atenção para a data de publicação e informa os links das fontes oficiais no Estado para quem deseja checar o número atualizado de casos de Covid-19, mortes pela doença e taxa de ocupação dos leitos. É um primeiro passo, ainda pequeno, mas que sinaliza nossa preocupação com a questão. Desejamos desenvolver outras estratégias que vão nessa mesma direção. A seção Microscópio, por exemplo, merece nossa atenção, já que ali publicamos estudos científicos que, pela própria natureza da construção do conhecimento nas ciências da saúde, podem ser refutados ou confirmados num futuro nem tão distante, conforme já explicou o titular do espaço, Felipe Franke. Estamos abertos a sugestões de como podemos tornar nosso conteúdo sobre o coronavírus mais relevante para vocês. Na nova pesquisa de opinião que lançamos nesta semana, mais de 96% dos assinantes classificaram nossa cobertura da pandemia como “Boa”ou “Bem boa”. Ainda assim, acreditamos que há espaço para avançar. Fiquem à vontade para me escrever: [email protected]. Em tempo: assinem a newsletter do Farol Jornalismo, de onde eu tiro boa parte das minhas reflexões a respeito […]

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