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Carris pode sair por apenas 37% do valor do leilão

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Carris pode sair por apenas 37% do valor do leilão Foto: Alex Rocha/PMPA

A Carris tem bens avaliados em 186 milhões de reais, foi vendida por 109 milhões e no final pode sair para o comprador por apenas 40 milhões, abatimento digno de Black Friday. Essa é a curiosa matemática em torno do leilão que a prefeitura de Porto Alegre realizou na segunda-feira para privatizar a companhia. 

Imóveis, frota, sistema de bilhetagem e demais bens da Carris foram submetidos a uma avaliação dois anos atrás, resultando em laudo que apontou patrimônio de 185,78 milhões. Na hora de colocá-la em leilão, no entanto, a prefeitura estabeleceu lance mínimo de 109,8 milhões. Até a semana passada, as autoridades municipais previam entre quatro e cinco interessados em apresentar propostas, o que poderia significar um ágio considerável.

Mas veio a segunda-feira e só dois envelopes foram colocados na mesa. Um deles acabou desclassificado, porque a empresa, do interior paulista, apresentou como comprovante de que tinha condições de comprar a Carris um extrato bancário de 600 mil reais. Sobrou a proposta da Empresa de Transporte Coletivo Viamão, que oferecia 100 mil reais acima do valor mínimo e, sem concorrência, saiu vencedora.

Ontem, um dia depois da venda, um detalhe do edital despertou atenções. Veio à tona que o comprador pode acionar uma cláusula por meio da qual a prefeitura é obrigada a ficar com terrenos que estão incluídos no negócio. Como esses terrenos estão avaliados em 69,7 milhões de reais, a Viamão, se assim desejar, pode pegar a Carris por meros 40 milhões. A cláusula foi incluída por sugestão de uma empresa que no final nem apresentou lance.

Com o arremate da Carris, repórteres de GZH aproveitaram para dar um pulo em Viamão e verificar como os usuários locais avaliam os serviços prestados atualmente pela empresa compradora. O resultado desse inquérito não foi dos mais animadores. Passageiros da Viamão reclamaram de problemas como superlotação, descumprimento de horários, ausência de ar-condicionado e falta de limpeza. Em entrevista sobre a venda, porém, o prefeito Sebastião Melo (MDB) disse que a Carris precisava ser passada adiante por ser deficitária e acusou os críticos de terem motivações políticas.Comparada com a Carris, a Viamão é uma empresa de porte modesto. Ela conta com 290 veículos e transporta 60 mil pessoas por dia. Já a Carris tem cerca de 350 coletivos e carrega 110 mil passageiros-dia. O patrimônio líquido da Viamão é de 60 milhões de reais.


O que mais você precisa saber

Três copas depois, Severo Dullius tem tráfego liberado – Depois de um breve atraso de 10 anos, a Avenida Severo Dullius foi liberada para o trânsito na manhã de ontem, oferecendo uma ligação direta da BR-116 e do Aeroporto Salgado Filho à Avenida Sertório, na zona norte de Porto Alegre. Mas calma nas celebrações. Ainda falta colocar a sinalização permanente e finalizar as calçadas. A abertura da via de menos de dois quilômetros fazia parte do pacote de obras para preparar a cidade para a Copa – e não estamos falando da Libertadores deste ano, mas da Copa do Mundo de 2014. Como é usual nos projetos públicos da capital, tomamos 7 a 1 em termos de planejamento e execução. Houve problemas de todo o tipo, e a obra chegou a ficar parada por quatro anos. O prefeito Sebastião Melo comemorou o feito e disse que a avenida vai reduzir em 30% o trânsito de veículos na Sertório.

40% das estações que ajudam a prever cheias não funcionam no RS – O governo do Rio Grande do Sul tem uma rede de 175 estações hidrometeorológicas para medir a quantidade de chuva e monitorar o nível dos rios. Tem, mas não mantém. A Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) reconheceu que, dessas 175 unidades, 70 não estão funcionando. Especialistas afirmam que as estações são importantes para preparar uma resposta eficaz em caso de enchentes, como a que ocorreu há exatamente um mês, causando 50 mortes, a maioria delas no Vale do Taquari. Para piorar a situação, dados da sala de situação da Sema informam que as estações do governo federal também estão fora de operação. A secretária estadual Marjorie Kauffmann minimiza o fato de 40% das estações se encontrarem inoperantes, afirmando ser natural que uma parte da rede esteja com falhas ou precisando de substituição de peças.

Deputados e vereadores discutem leis para conter fraudes nas terceirizações – Estão em tramitação na Câmara Municipal de Porto Alegre e na Assembleia Legislativa do RS projetos de lei para coibir fraudes envolvendo a contratação de terceirizados pelo poder público, praga que tem assolado a capital e outros municípios gaúchos. No ano passado, por exemplo, houve um aumento de 75% nas ações trabalhistas envolvendo empresas terceirizadas e governos, conforme dados do Tribunal Regional do Trabalho da 4º Região. A Matinal revelou na semana passada que três empresários, hoje réus por corrupção ativa, teriam aplicado calotes por 15 anos na Secretaria Municipal de Educação. Os dois projetos em tramitação nas casas legislativas estipulam regras para evitar o desvio de verbas trabalhistas pelas empresas contratadas. A principal proposta é a criação de uma conta-vinculada, onde seriam depositados montantes como décimo-terceiro e férias, que hoje são repassados às terceirizadas, facilitando a ocorrência de desvios. Leia mais na reportagem de Pedro Nakamura


Outros links:


Riqueza brasileira em Portugal

O cantor e compositor Antonio Villeroy estreou a série Cadernos de Viagem, na qual vai contar, uma vez por mês, até dezembro, sua experiência em terras portuguesas. Nesta primeira crônica, ele compartilha alguns embates vivenciados por lá.

Um casal de portugueses esbravejou com as crianças, que ali não era lugar para circulação de ciclistas. Respondi que eles deveriam estudar o código de trânsito português, pois as crianças estavam no seu direito. O macho alfa retrucou dizendo que eu era brasileiro, como se isso fosse uma ofensa, e que eu não estava em condições de ditar regras em seu país. Minha resposta final foi que o país também era meu, que eu saíra de Portugal em 1.500 e agora havia retornado. Encerrou-se o assunto.

Leia a crônica completa aqui.


Cultura

Karim Aïnouz visita origens argelinas em “Marinheiro das Montanhas” e “Nardjes A.”

Karim Aïnouz. Foto de Bob Wolfenson/Divulgação

Um dos mais prestigiados cineastas brasileiros da atualidade, Karim Aïnouz estreia dois novos longas-metragens nesta semana. Após exibir Firebrand (2023) – seu primeiro filme em língua inglesa, com Jude Law e Alicia Vikander – na última edição do Festival de Cannes, o diretor exibe nos cinemas nacionais os documentários Marinheiro das Montanhas (2021) e Nardjes A. (2020). Leia a resenha de Roger Lerina.

Agenda 

Às 18h, na Casa de Cultura Mario Quintana, a segunda edição do projeto Índice Remissivo, com curadoria de Daniel Galera e Taís Cardoso, tem Fercho Marquéz-Elul como artista convidado.

Com direção de Etsuko Ohno, os bailarinos Ana Medeiros e Hiroshi Nishiyama encenamO Sussurrar da Cigarra, às 19h, no Teatro Oficina Olga Reverbel.

Às 20h, a Orquestra de Câmara da Ulbra apresenta clássicos no átrio do Farol Santander.

Um dos mais expressivos conjuntos camerísticos da Europa, o Salzburg Piano Trio realiza concerto, às 20h, no Instituto Ling.

Às 21h, o Opinião recebe o show Legião Encontra Garotos.

Em turnê pelos Estados Unidos, o acordeonista Alejandro Brittes fez a primeira apresentação de chamamé na Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos – relembre a matéria sobre a pesquisa de Brittes em torno do chamamé e da música barroca.

Veja a agenda completa


Você viu?

O designer gráfico Fabiano Furtado percorreu mais de 60 mil quilômetros para visitar e documentar cascatas existentes no Rio Grande do Sul. Ele já fotografou mil quedas d’água em 153 municípios. Furtado ainda planeja ir a mais 14 municípios antes de publicar um livro sobre o projeto. Segundo ele, há 450 pontos por conhecer. Em quatro anos de aventura, Furtado já encontrou cachoeiras em um lar de idosos, em uma pizzaria, em um motel, em um clube de tiro e em um cemitério.

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