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Leite propõe retorno das aulas em 20 dias

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Leite propõe retorno das aulas em 20 dias

Piratini propõe retorno das aulas nas bandeiras laranja e amarela

O governador Eduardo Leite (PSDB) enviou proposta de retorno escalonado das aulas presenciais à Federação das Associações de Municípios do Estado (Famurs). A ideia é iniciar pela educação infantil a partir de 31 de agosto apenas em regiões classificadas como médio e baixo risco para a Covid-19, ou seja, bandeiras laranja e amarela. Até outubro, estudantes de todos os níveis estariam de volta às salas de aula.

A escolha pelo ensino infantil vai contra o resultado da consulta feita pelo próprio governo estadual. As mais de 700 entidades de 441 municípios gaúchos ouvidas pelo Executivo sugeriram que essa faixa etária deveria ser a última a retornar, e a primeira, o ensino superior. A maior preocupação de quem respondeu a enquete é a dificuldade de garantir o cumprimento de protocolos de segurança, como o uso de máscaras. No entanto, o que pesou para a decisão do Estado foi a retomada das atividades econômicas, das quais muitos trabalhadores são pais e mães que precisam de um local para deixar os filhos. Foi levado em conta ainda o problema das instituições privadas, que têm mais dificuldades para manter atividades com os pequenos e, portanto, sofrem com queda de alunos e inadimplência.

O retorno às aulas volta ao debate em um momento de salto dos casos de coronavírus no Estado, apesar de ter havido queda na média móvel dos registros de mortes no período de uma semana. A proposta do Piratini foi considerada “irresponsável” e “prematura” por entidades que representam os docentes no Estado. “Apressada” foi o adjetivo usado pelo presidente da Famurs, Maneco Hassen (PT). A entidade preocupa-se com a necessidade de os estabelecimentos municipais atenderem os protocolos definidos pelo Estado, como o transporte escolar que garanta distanciamento entre os usuários. Outro complicador são as limitações impostas pelas regras eleitorais, que impedem contratações caso sejam necessárias. 

Cogestão – Hassen adiantou que a maioria dos prefeitos gaúchos é contrária à proposta e defendeu ainda que o retorno às aulas presenciais não deve ser regulado pelo decreto da cogestão do distanciamento controlado com os municípios, publicado ontem. “Se ficar com as cidades, fica a pressão desnecessária sobre os prefeitos. Saímos do debate das bandeiras para o abre e fecha das escolas”, comentou o presidente da Famurs.


O que mais você precisa saber

Corte no MEC prejudicaria ensino no RS – Universidades e institutos federais do Rio Grande do Sul já vislumbram um 2021 complicado caso sejam confirmados os cortes nos recursos destinados pelo MEC às entidades para despesas discricionárias – as que não são obrigatórias. Procuradas pelo G1, as instituições gaúchas apontam pesquisa, extensão, assistência a alunos e até mesmo contas de energia e água como áreas a serem afetadas. O orçamento, que prevê cortar 18,2%, ou cerca de 4 bilhões de reais, ainda precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional. A UFRGS comentou à reportagem que o corte afetará na manutenção básica da universidade. A UFPel, que ganhou destaque nacional neste ano com a pesquisa sobre a prevalência da Covid-19, vê a situação com mais preocupação. Sem os repasses previstos, até 2,5 meses de funcionamento da universidade estaria inviabilizado. A previsão de redução dos recursos está dentro do Projeto de Lei Orçamentária Anual 2021, feito pelo Ministério da Economia. O governo federal argumenta que, com a pandemia, houve um aumento das despesas e diminuição de recursos públicos.

RS abaixo do investimento mínimo em saúde – Um levantamento do G1 apontou que o Rio Grande do Sul é o quinto estado do país que menos investiu em saúde ao longo do primeiro semestre. O Estado, conforme a pesquisa, utilizou 10,94% de sua receita na área, cerca de 1,78 bilhão. O porcentual é pouco mais da metade do Amazonas (20,6%), que lidera essa lista – e viu seu sistema de saúde colapsar no início da pandemia. De acordo com o artigo 6, da Lei Complementar 141, de 13 de janeiro de 2012, os estados e o Distrito Federal devem aplicar, anualmente, no mínimo, 12% em ações e serviços públicos de saúde. Do total previsto para a saúde para 2020 no RS, 1,2 bilhão já foi pago, e cerca de 2,02 bilhões estão empenhados. Se os contratos forem todos confirmados e pagos, o Estado terminará o ano com 12,36% destinado à saúde, acima do mínimo obrigatório. Caso não cumpra a meta, o governo poderá ser responsabilizado.

Reativação da economia em momento de pressão na saúde – Tal como preveem os pesquisadores das UFRGS que citamos na edição de ontem, profissionais da saúde projetam o período entre este mês e o próximo como de grande estresse no sistema de saúde de Porto Alegre, apesar de a cidade dispor de uma boa proporção de leitos de UTI para a população – são 56 por 100 mil, mais que São Paulo e Rio, por exemplo. Essa tensão poderá ser reflexo da combinação entre encontros no Dia dos Pais e as flexibilizações do comércio desta semana. O infectologista Ronaldo Hallal cita que não apenas a quantidade de vagas em terapia intensiva é importante, mas também o número de profissionais e medicamentos disponíveis. “Porto Alegre está com as condições de atendimento próximas à exaustão, ainda assim a cidade continua dando margem para que o contágio se amplie”, afirmou. A advertência, porém, parece ecoar menos na Prefeitura. O secretário extraordinário de combate ao coronavírus, Bruno Miragem, disse que o Executivo busca construir até sexta um modelo de reabertura ideal para a cidade, com o comércio aberto por mais horas, a fim de evitar o risco de aglomerações. Conforme ele, a Prefeitura vê certa estabilização na taxa de ocupação de UTI. O problema é que ela ocorre próxima dos 90% – ontem à noite estava em 89%, sendo que metade dos pacientes internados eram casos suspeitos ou confirmados de Covid-19. Ontem, mesmo com autorização para operarem, nem todos restaurantes e academias abriram para o público. O momento no setor é de cautela e temor de que um novo decreto venha com uma ordem para fechar novamente.

Outros links:

  • Desde maio, os agentes comunitários de saúde ligados ao Imesf não recebem o vale-alimentação no valor de 444,84 reais. Com um quadro de 1,1 mil profissionais, o instituto conta hoje com cerca de 600 agentes.
  • A Secretaria da Saúde vai recorrer judicialmente contra o projeto de lei que amplia a testagem gratuita de Covid-19 em Porto Alegre. A pasta alega que seriam necessários 120 milhões de reais para implementar a medida.
  • A Câmara Municipal entregou ao prefeito Nelson Marchezan Jr. a notificação sobre abertura do processo de impeachment. A partir de então, passou a contar o prazo de dez dias para Marchezan apresentar sua defesa prévia.
  • Foi adiada para a próxima terça, a análise do TCE sobre recurso da Prefeitura para manter a licitação de concessão do Mercado Público. Devido à complexidade da matéria, a conselheira substituta Heloisa Piccinini pediu vista do processo.
  • O RS foi reconhecido como zona livre de febre aftosa. A mudança abre 70% dos mercados mundiais para o produto gaúcho, segundo o secretário estadual da Agricultura, Covatti Filho. 
  • O Ministério da Justiça não entregou ao Ministério Público Federal do RS uma cópia do dossiê sobre servidores ligados aos movimentos antifascistas. O documento, solicitado em julho, identifica mais de 500 funcionários públicos como opositores ao governo Jair Bolsonaro.
  • Aconteceu ontem a primeira viagem do ônibus Biosafe, criado pela Marcopolo, com adaptações para prevenir o contágio do coronavírus. O veículo possui três fileiras de poltronas, luzes acionadas por sensor e desinfecção de ar e banheiros.
  • A PUCRS oferece palestras online e sem custos para o público da terceira idade. As conversas serão transmitidas pela internet e contarão com convidados de diferentes áreas.


Microscópio: Uma comparação possível

O avanço do coronavírus por todo o globo tem gerado, desde o início, uma quantidade enorme de dados. Compará-los é tentador, mas nem sempre honesto dependendo de como essa relação é feita. Um exemplo dessa armadilha são rankings que ordenam países apenas pelo número relativo de mortes, sem considerar o estágio da doença, características demográficas entre outros fatores. Na esteira da repercussão sobre a triste marca de 100 mil mortos por Covid-19 no Brasil, Felipe Schroeder Franke chama a atenção para a questão e observa que é sim possível comparar países desde que se escolham elementos mais adequados do que apenas dados quantitativos. Não só é possível como pode ser valioso, como no caso das lições que vêm da Nova Zelândia, uma nação cuja liderança nacional, ao contrário do Brasil, investiu em diálogo e coesão no combate à pandemia.
Leia o artigo completo aqui.


Cultura

Clara Nunes, que completaria hoje 78 anos, recebe duas homenagens: às 20h, a cantora baiana Mariene de Castro apresenta Ser de Luz; às 21h, é a vez de Glau Barros celebrar o legado da artista mineira.

Canal Brasil exibe, às 20h, o documentário inédito Che – Memórias de um Ano Secreto, de Margarita Hernández, que narra as viagens de Che Guevara, em 1965, por países da África e da Europa.

Às 21h, a Dave Matthews Band dá início a uma série de transmissões, apresentando um show realizado no Madison Square Garden, em Nova York.Confira mais dicas culturais.


Você viu?

Em uma sala do Instituto de Informática da UFRGS, em Porto Alegre, voluntários se debruçam sobre dezenas de computadores e notebooks. Eles trabalham para dar novo destino a máquinas que estavam inutilizadas e agora serão destinadas a alunos carentes da universidade. O projeto Reconecta UFRGS beneficia os estudantes de graduação da universidade que não dispõem de equipamento para acompanhar o Ensino Remoto Emergencial. O retorno das aulas, ainda a distância, está previsto para 19 de agosto. Quem quiser ajudar doando computadores usados pode entrar em contato com a equipe do projeto pelo site ufrgs.br/reconecta.

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