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Mais de 1 milhão de pessoas passam fome no RS

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Mais de 1 milhão de pessoas passam fome no RS

Pandemia, guerra na Ucrânia, desemprego, poder de compra diminuído por uma inflação galopante, ausência de políticas públicas que garantam nutrição adequada: muitas são as causas que contribuem para o avanço da extrema pobreza – e da fome – no Brasil. O Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Rio Grande do Sul (Consea – RS) estima que mais de 1 milhão de pessoas estejam passando fome no Estado. Mais do que isso – de cada 10 famílias, sete estão enfrentando insegurança alimentar, que é a dificuldade de conseguir comida ou a total falta dela em muitos momentos.

O presidente do Consea, Juliano de Sá, fez um retrato da fome no Estado em entrevista ao G1: “A fome é mais severa com famílias gerenciadas por mulheres, pela população preta e parda, por famílias que têm filhos de 0 a 10 anos, mas principalmente na agricultura familiar. A agricultura familiar dobra o número de pessoas em situação de fome”.

Os indicadores de insegurança alimentar voltaram ao patamar da década de 1990, e a priorização pela busca por algo para comer causa uma reação em cadeia nas famílias mais pobres. Precisando guardar dinheiro para se alimentar, o número de pessoas vivendo em ocupações irregulares tem crescido. 

Em busca dos parcos benefícios oferecidos para aqueles que tentam assegurar alimentos na mesa, famílias formaram filas para a atualização do Cadastro Único (CadÚnico) em Porto Alegre. Dada a grande procura, o governo federal prorrogou a data limite para quem precisa atualizar seus dados para não perder o Auxílio Brasil e a Tarifa Social de Energia Elétrica. Na Capital, a Fundação de Assistência Social e Cidadania estuda ampliar o horário de atendimento e realizar mutirões para atender a demanda. 

Institutos Federais do RS podem perder 20 milhões de reais em orçamento 

Os institutos federais de ensino superior podem perder cerca de 300 milhões de reais em orçamento em 2023. O impacto nos institutos gaúchos é estimado em 20 milhões de reais caso não haja modificação nos dados informados pelo MEC aos reitores. A previsão é de um corte de 12,6% no orçamento para o próximo ano – perda de 8% no montante para custeio, além de investimento zero. Em nota, a reitora em exercício do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Tatiana Weber, afirma que uma redução superior a 8% no custeio “certamente traz reflexos no funcionamento, principalmente se considerarmos a elevada inflação do último período, que impacta tanto no material de consumo quanto nos diversos contratos da instituição”. A reitora do Instituto Federal de Farroupilha, Nidia Heringer, alerta para o início de uma situação insustentável: “Será impossível garantir o funcionamento da nossa instituição se for mantido esse corte arbitrário. E o que vem pela frente é inédito e inadmissível”.

Vereadores aprovam auxílio a alunos da rede pública

A Câmara dos Vereadores de Porto Alegre aprovou nesta semana o projeto de lei que concede a alunos do ensino fundamental da rede pública o auxílio de 1,750 reais por ano. O valor será dividido em dez parcelas, e para ter acesso ao benefício, o estudante precisa residir na Capital, ter registro no CadÚnico, frequência escolar superior a 80% e um bom histórico escolar. O Programa Municipal de Incentivo à Permanência na Escola vai ser financiado pela Secretaria Municipal de Educação (Smed). O número de beneficiados vai depender da disponibilidade financeira da pasta.

Feminicídios crescem no Estado

O número de feminicídios no Rio Grande do Sul aumentou 25% em junho na comparação com o mesmo mês de 2021, subindo de oito para 10 casos. A Secretaria de Segurança Pública divulgou os dados ontem – de acordo com o levantamento, entre as 10 mulheres assassinadas por motivo de gênero no mês, apenas uma tinha medida protetiva de urgência contra o assassino. No acumulado desde janeiro, o Estado registrou 55 feminicídios, seis a mais do que no primeiro semestre de 2021. Crimes de lesão corporal contra mulheres também registraram crescimento. O Rio Grande do Sul teve 117 vítimas de homicídio em junho, uma redução de 5,6% em comparação a junho de 2021. No acumulado do primeiro semestre, são 806 casos, queda de 1,9% ante os 822 do mesmo período no ano passado.

Outros links:

  • A partir da semana que vem, a antiga sala de cinema do Shopping Lindóia, na zona norte de Porto Alegre, vai se transformar em um ponto de vacinação. O local vai receber adolescentes e adultos que buscam se vacinar contra a covid-19.
     
  • Mesmo com a aprovação do imunizante CoronaVac pela Anvisa para crianças de três a cinco anos, o RS ainda não tem previsão de quando vai começar a vacinar esse grupo. 
     
  • Com a diminuição de casos de dengue, Porto Alegre voltou ao nível zero do plano de contingência contra a doença. A partir de agora, os boletins epidemiológicos deixaram de ser semanais. 
     
  • O governo do Estado gastou 473 milhões de reais para enfrentar a pandemia da covid-19. Além de contratações emergenciais, o valor também foi gasto com a aquisição de EPIs, cestas básicas, equipamentos de informática, entre outros.
     
  • Os dados apresentados ontem pelo secretário municipal de Habitação e Regularização Fundiária, André Machado, mostram que Porto Alegre tem 800 áreas irregulares e 119 áreas de risco, sendo 11 delas consideradas de alto risco.
     
  • Depois de ser cotada para concorrer ao Senado pelo RS, a ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB) anunciou que vai assumir a coordenação de redes sociais da campanha de Alexandre Kalil (PSD) ao governo de Minas Gerais.
     
  • A ADPERGS abriu as inscrições para seu primeiro prêmio de Direitos Humanos em homenagem à ativista negra Lélia Gonzalez. A premiação deste ano tem como tema questões étnico-raciais e as inscrições estão abertas até o dia 28 de outubro.
     
  • “O presidente da Câmara dos Deputados, o ‘destemido’ Arthur Lira, o rei do Centrão, ganhou um apelido novo: Eduardo Cunha 2.0”. Leia a coluna completa de Juremir Machado.

Carta da Editora

Nem todo homem. Mas sempre um homem

Na noite de 5 de julho, a escritora mexicana Cristina Rivera Garza recebia o prêmio Xavier Villaurrutia pelo livro El Invencible Verano de Liliana. Um momento importante como toda cerimônia de premiação, mas com um componente emocional extra para ela, porque a obra vencedora conta os últimos anos de vida da sua irmã, vítima de um feminicídio ocorrido em 1990, quando Liliana tinha 20 anos. 

Rivera Garza tem mais de uma dezena de livros publicados e tantos outros prêmios, e é professora e fundadora do doutorado em Escrita Criativa em Espanhol na Universidade de Houston (EUA). Celebrava, naquela noite, a distinção por um trabalho que destacou como uma coautoria com a irmã; dela, usou anotações em diários e bilhetes, nos quais se animou a mergulhar só 30 anos depois do fato.

Um comentário inesperado levou Rivera Garza a improvisar seu discurso de agradecimento. 

Leia aqui a coluna completa de Marcela Donini.


Cultura

Não Mexe Comigo que Eu Não Ando Só volta a brincar

Foto: Sofia Cortese

Na noite de ontem, o bloco Não Mexe Comigo que Eu Não Ando Só subiu ao palco do Opinião, reunindo 60 mulheres instrumentistas, performers e cantoras. Criado em 2016, o coletivo foi aos poucos construindo sua identidade como iniciativa feminista que proporciona socialização, aprendizado e acolhimento, celebra a cultura do Carnaval e a ocupação dos espaços públicos, defende pautas relacionadas ao protagonismo feminino e combate diferentes tipos de violência e discriminação. Leia a matéria do repórter Ricardo Romanoff sobre a trajetória do bloco.

Agenda (🔒)

Hoje
O espetáculo Sbørnia em Revista Ao Vivo, protagonizado por Hique Gomez Simone Rasslan, apresenta temporada hoje e sábado, às 21h, e domingo, às 18h, no Theatro São Pedro.

Sábado (16/7)
Às 17h, o maestro italiano Evelino Pidò rege a OSPA, com destaque para a cantata O Filho Pródigo, de Debussy, que será interpretada pela soprano brasileira Rosana Lamosa, pelo tenor argentino Dario Schmunck e pelo barítono uruguaio Alfonso Mujica, na Casa da OSPA.

Domingo (16/7)
A primeira edição da Feira Gráfica Garganta reúne, das 14h às 20h, mais de 20 artistas e editoras de quatro estados no Barraco Cultural.

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Você viu?

Ainda que as partes que compõem o chimarrão não sejam em absoluto uma novidade para os nossos leitores, há informações e curiosidades que podem lhes interessar nesse especial do Nexo. Você sabia, por exemplo, que os Guarani foram os primeiros a tomar a infusão de erva-mate quente dentro dos porongos? Foram eles os responsáveis por levar o hábito a outros povos da América do Sul. Aliás, o formato da cuia varia entre os países vizinhos – na Argentina e no Uruguai é mais comum usar a cuia coquinho; já no Paraguai, onde tomam a bebida gelada, o recipiente é um chifre bovino.

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