Pelo menos 49 cidades afetadas pelo temporal no RS
A Defesa Civil do Estado atualizou para 49 o número de cidades afetadas pelo temporal que caiu sobre o RS. O território gaúcho chegou a registrar mais de 100mm de chuva na terça e rajadas de vento de mais de 120 km/h. O órgão reportou ainda 13.344 pessoas afetadas, 12 feridas e 109 desalojadas, além da morte já noticiada ontem, ocorrida em Cachoeirinha. Uma segunda pessoa morreu durante um deslocamento necessário após o destelhamento do hospital de São Vicente do Sul, na região central do estado. A vítima era um dos pacientes da instituição. Um dos maiores transtornos ocasionados pelo temporal foi a interrupção de energia elétrica, que deixou mais de 1,1 milhão de clientes sem luz, 600 mil atendidos pela CEEE. Hoje pela manhã, a companhia afirmou já ter restabelecido o serviço para 74% dos consumidores, enquanto mais de 300 mil clientes da RGE ainda estavam sem energia no estado.
Melo decreta situação de emergência e pede motosserras – O prefeito Sebastião Melo decretou ontem, às 16h, situação de emergência em Porto Alegre por conta dos estragos do temporal da madrugada de terça. Melo se reuniu com o secretariado e fez vistorias nos locais mais afetados para acelerar trâmites de contratações e de auxílio às populações atingidas. No Twitter, pediu motosseras à população para cortar as árvores caídas, o que gerou uma série de críticas na rede. Até as 18h, a prefeitura informou que havia ao menos 450 ocorrências de árvores caídas em Porto Alegre, sem incluir parques e praças. É o terceiro evento extremo do ano. A falta de energia elétrica comprometeu também o abastecimento de água. Na manhã de hoje, o Dmae informou que apenas a ETA Ilha estava fora de operação. Os demais sistemas, segundo o órgão, estão em fase de normalização, e o serviço deve estar a pleno ao longo do dia. Ainda assim, o diretor-geral do Dmae recomendou ontem que a população de Porto Alegre reduza o consumo da água pelos próximos dias. Leia a matéria na Matinal com mais informações sobre os danos na capital e as medidas da prefeitura.
Adiada eleição que ocorreria hoje para o conselho do Plano Diretor – Em razão do forte temporal que causou uma série de transtornos na cidade, a prefeitura de Porto Alegre adiou a realização da eleição para conselheiro e delegados da 4ª Região de Gestão e Planejamento do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental (CMDUA), o conselho do Plano Diretor. Inicialmente prevista para ocorrer hoje, a votação será realizada em 27 de fevereiro, no mesmo local, o Centro Social Marista de Porto Alegre, na Estrada Antônio Severino, 1493. Integram a RGP 4 os bairros Bom Jesus, Chácara das Pedras, Jardim Carvalho, Jardim do Salso, Jardim Sabará, Mário Quintana, Morro Santana, Três Figueiras e Vila Jardim. Até agora, a prefeitura realizou eleições em três regiões. Em todas, a participação do público foi superior às votações anteriores, em 2018. Até aqui, cerca de 3,2 mil pessoas já votaram. Leia mais na reportagem da Matinal.
Sob nova enxurrada de críticas à CEEE, Leite cogita rever concessão – Se houvesse energia elétrica, os holofotes estariam mais uma vez voltados à CEEE Equatorial. Depois que a região metropolitana de Porto Alegre mergulhou em um apagão na sequência do forte temporal que atingiu o estado na noite desta terça-feira, as queixas sobre o atendimento da empresa voltaram a se multiplicar nas horas seguintes por conta dos retornos lentos e vagos por parte da empresa.
Não foi a primeira ou a segunda vez que a situação ocorreu desde que a companhia foi privatizada – vale lembrar, pelo governo de Eduardo Leite (PSDB) e com o voto favorável do então deputado Sebastião Melo (MDB). Diante da insatisfação generalizada da população, os dois agora se juntam aos críticos do serviço prestado pela Equatorial. O governador, principal articulador da privatização, chegou a falar ontem na possibilidade de retirar a concessão da empresa. Ainda na esfera política, já tramitam na Assembleia e na Câmara propostas de criação de comissões para escrutinar o trabalho da empresa.
Responsável pelo fornecimento de energia elétrica a Porto Alegre e outras 71 cidades desde 2021, a Equatorial demitiu cerca de um terço dos trabalhadores da então estatal logo em seus primeiros meses “para adequar custos operacionais”. Para um ex-funcionário da CEEE, que preferiu não se identificar, a empresa falhou em seu planejamento em sua chegada ao RS. “Aliado a isso, o desconhecimento da realidade climática do Rio Grande do Sul frente às demais concessões que o grupo possui no norte e nordeste”, opinou. Leia a reportagem completa.
Outras notícias:
- Medicamentos oncológicos de alto custo incorporados ao SUS não estão chegando aos pacientes porque o valor repassado pelo Ministério da Saúde aos hospitais não cobre os custos. A PGR-RS ingressou com ação civil pública pedindo que a pasta regularize a oferta.
- Unidades da Farmácia Popular em todo o país começaram a distribuir sem custo absorventes para a população em situação de vulnerabilidade social. A medida pode beneficiar 24 milhões de pessoas.
- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou nesta terça uma lei que pretende criar poupanças para auxiliar estudantes de baixa renda a concluírem o ensino médio.
- No ano passado, uma reportagem da Matinal mostrou as dificuldades de alunos do ensino médio da capital após Melo cortar isenções na passagem do ônibus.
- Nando Gross fala sobre a contratação do atacante colombiano Rafael Borré pelo Inter.
Juremir Machado da Silva
Crônica de uma noite de temporal
No trajeto, escuridão, alagamentos e árvores tombadas. Na Osvaldo Aranha, próximo ao Araújo Vianna, jazia uma árvore de bons serviços prestados aos frequentadores da Redenção. Do outro lado, uma árvore estendeu-se no chão bloqueando inteiramente a João Teles, na esquina do bar Ocidente. Chegamos na frente de casa. Tudo sem luz. Não conseguimos abrir o portão, que funciona com um dispositivo dependente de energia elétrica. Deixamos as parceiras de táxi na Santana e fomos em busca de um hotel. Finalmente conseguimos. Mas não havia luz nos quartos. Assim voltamos de dez dias no paraíso. Toda hora me vinha o bordão: privatiza que melhora. A Equatorial não tem culpa pelo temporal. Mas achar que poderia fazer mais com muito menos gente é uma mescla de burrice com voracidade por lucro. Está muito pior agora.
Cultura
Casa do Artista Riograndense tem sede danificada pelas chuvas
A tempestade da noite de terça provocou danos na Casa do Artista Riograndense, ONG sem fins lucrativos destinada à longa permanência de artistas idosos. Parte do muro, telhados e placas de energia solar foram destruídos durante as chuvas. A instituição solicita ajuda para reparos por meio de doações via PIX: 88.316.336/0001-09 (CNPJ).
Agenda
Os eventos da agenda de hoje seguiam confirmados até o fechamento desta edição. No entanto, desde ontem, devido às chuvas, diversas atividades culturais vêm sendo adiadas. Antes de se deslocar, consulte os canais dos espaços culturais para confirmar a realização dos eventos.
No Porto Verão Alegre (PVA) – confira a programação completa –, o espetáculoCaio em Construção celebra o universo de Caio Fernando Abreu, de hoje a sábado, às 20h, no Instituto Ling, encenado por Deborah Finocchiaro e Kiti Santos.
Às 20h, Dessa Ferreira e Nina Nicolaiewsky fazem show no Átrio do Farol Santander. (PVA)
Izmáliacanta seu Especial Rita Lee, às 20h, no Sgt Peppers.
O Planet Hemp sobe ao palco do Auditório Araújo Vianna, às 21h, com a turnê do álbum Jardineiros.
Às 21h30, a banda Cine Floyd toca o álbum The Dark Side of the Moon, do Pink Floyd, sincronizado com projeções do filme O Mágico de Oz.
O escritor Thiago Souza de SouzalançaráDo Teu Fantasma Vejo Agora Só o Coração (título provisório), pela Companhia das Letras, em 2025 – relembre a entrevista sobre o livro Jamais Serei Seu Filho e Você Sempre Será Meu Pai (Editora Taverna).
Clique nos links para informações sobre ingressos, endereços e detalhes dos eventos.
Você viu?
Um projeto que pretende amenizar as altas temperaturas durante o verão utilizando lã de ovelha está em experimentação no Morro da Cruz, zona leste da capital. A iniciativa começou quando o advogado Francisco Antônio Stockinger, criador de ovelhas em Bagé e filho do falecido escultor Xico Stockinger, não sabia mais o que fazer com a sua produção de lã e decidiu aproveitá-la junto a ONG Coletivo Autônomo Morro da Cruz. Com a ajuda de Nira Martins Pereira, vice-presidente da organização, o material chegou à comunidade. A primeira casa a experimentar o novo isolante térmico foi a de Magda Medeiros, que relata uma diferença de até 8 graus quando comparada a uma moradia sem a lã. Para a instalação, primeiro o material passa por um processo de lavagem, depois, pode ser distribuído no forro da casa, chegando a 20cm de altura. A lã já está instalada em três casas e em todas apresenta resultados positivos.