Após interdição de prédio, escola sofre com queda de muro

Estrutura da Escola Dr. Martins Costa Júnior, no bairro São José, ruiu com as chuvas do final de semana. Escola sofre com passivo de obras de mais de dez anos. Parte da escola está interditada desde 2020 por causa de uma infiltração nunca resolvida pelo governo
Já não faltavam urgências estruturais para a direção da escola Doutor Martins Costa Júnior resolver. Desde 2020, a instituição estadual situada no bairro São José, zona leste da capital, funciona pela metade, por conta de graves problemas de infiltração nunca resolvidos em um de seus prédios. No final de semana, parte do muro da escola desabou devido às chuvas que atingiram Porto Alegre nos últimos dias.
Apesar da demora em resolver o dano causado pela infiltração, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) informou que o muro será imediatamente consertado, com repasse emergencial de R$ 21 mil. A empresa responsável já foi selecionada.
Os problemas no muro não são recentes. Em 2011, parte dele começou a ceder, e a estrutura precisou ser interditada. A obra para refazê-lo seria concluída somente cinco anos depois, em 2016. Para além do muro que separa a escola da rua, havia rachaduras em um dos prédios causadas por uma infiltração que poderia ter sido resolvida com a troca de algumas telhas. A comunidade escolar fez sucessivos pedidos ao governo do estado desde 2010.
Por dez anos, porém, nada foi feito, e o prédio acabou sendo interditado em 2020. A escola, que tinha 350 alunos, passou a atender metade disso. “A gente está seguidamente na situação de negar vagas às famílias, que querem as crianças estudando aqui”, afirmou a diretora, em entrevista à Matinal em julho. Mesmo com a interdição, a escola segue fora do rol de instituições definidas pelo governo estadual como prioritárias para obras emergenciais. A Seduc não informou por que a recuperação do prédio não está nesta lista.
A escola é frequentada por estudantes que vêm de regiões periféricas de Porto Alegre, como o Morro da Cruz e o Campo da Tuca. O prédio atualmente interditado tem oito salas de aula, além de biblioteca, sala de informática, sala de audiovisual, sala dos professores e um setor administrativo. A biblioteca, por exemplo, segue na construção fechada, mas somente professores têm acesso aos livros, para não expor estudantes ao perigo.
A escola recebe uma verba mensal de R$ 2.354,92 para custear limpeza, internet e materiais educativos. Não sobra dinheiro para reparos ou obras estruturais.
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