UFRGS abre inquérito para investigar ataque racista contra professora
Comissão que vai apurar o caso tem até 60 dias para analisar conduta do estudante acusado de ofender a docente
Na tarde desta terça-feira, horas depois de um protesto em que alunos, professores e funcionários exigiram providências, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) decidiu abrir processo disciplinar para investigar um estudante acusado de ter feito um ataque racista a uma professora negra. A formação de uma comissão de inquérito foi aprovada pelo conselho da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico), onde ocorreu o caso, em 19 de julho. A comissão terá 30 dias, renováveis por mais 30, para analisar a conduta do aluno e decidir por sanções.
Durante a manhã, dezenas de integrantes da comunidade escolar haviam realizado uma manifestação diante do prédio da Fabico, no bairro Santana, em apoio à professora Gláucia Vaz, que denunciou o ataque. Os manifestantes entendiam que os três meses transcorridos desde o episódio indicavam inação por parte da universidade.
Conforme Gláucia, que é professora do curso de Biblioteconomia, o aluno sob investigação abordou-a nas dependências da faculdade para reclamar de uma questão de prova. Durante a interação, teria gritado com ela. “Ele falou que eu não sabia escutar ninguém, que eu não sabia qual era o meu lugar. E que, ainda que fosse uma mulher – ele usou isso: ‘uma mulher loirinha dos olhos azuis’ –, eu continuaria sendo perseguida e odiada pelas pessoas”, relatou a professora.
“Eu me senti totalmente desamparada. O que me choca mais nessa história é a falta de humanidade. E acho que isso escancara o racismo institucionalizado”, completou.
Na segunda-feira, a direção da Fabico divulgou uma nota sobre o caso. No texto, a instituição informou ter encaminhado a denúncia à corregedoria da universidade e ter cobrado um parecer, que teria chegado justamente nesta segunda-feira, dando sinal verde para a abertura do processo disciplinar. Enquanto isso, o universitário está afastado das aulas ministradas pela vítima, mas continua frequentando as demais disciplinas.
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