Dois em cada três deputados federais pelo RS têm atuação negativa no meio ambiente, aponta Repórter Brasil

Ferramenta desenvolvida pela Repórter Brasil analisa atuação dos parlamentares em temas como indígenas e trabalhadores rurais; todos os deputados gaúchos com avaliação negativa concorrem à reeleição

Dois em cada três deputados federais do Rio Grande do Sul estão com “febre”, de acordo com os critérios do Ruralômetro 2022, uma plataforma desenvolvida pela Repórter Brasil para avaliar a atuação dos parlamentares brasileiros em temas como meio ambiente, povos indígenas e trabalhadores rurais. Considerando os 30 deputados pesquisados, a média da bancada gaúcha é 38,1°C, o que já alerta para “febre”.

Entre os filtros do levantamento estão informações sobre multas por infrações ambientais e trabalhistas, financiamentos vindos de infratores ambientais e trabalhistas, a condição de dono de empresas rurais e de integrante da bancada ruralista. O gráfico apresentado pela ferramenta faz ainda uma comparação com a edição de 2018 do Ruralômetro.

A pontuação de cada deputado é calculada com base em duas componentes: as votações no atual mandato e a autoria de projetos. O resultado final de fatores positivos e negativos é convertido para uma escala de graus Celsius, apontando a temperatura dos parlamentares: “saudável” entre 36°C e 37,3°C, “febrícula” entre 37,4°C e 38°C e “febre” quando acima de 38,1°C. Toda a metodologia está explicada aqui. 

Deputados do RS com “febre”:  

Maurício Dziedricki (38,2°C/Podemos)
Daniel Trzeciak (38,4°C/PSDB)
Lucas Redecker (39,1°C/PSDB)
Danrlei (38,7°C/PSD)
Nereu Crispim (38,8°C/PSD)
Carlos Gomes (38,5°C/Republicanos)
Giovani Feltes (38,6°C/MDB)
Osmar Terra (38,8°C/MDB)
Márcio Biolchi (38,8°C/MDB)
Alceu Moreira (39,9°C/MDB)
Pedro Westphalen (38,6°C/PP)
Afonso Hamm (38,4°C/PP)
Covatti Filho (38,7°C/PP)
Marlon Santos (38,3°C/PL)
Marcelo Moraes (38,2°C/PL)
Bibo Nunes (39,1°C/PL)
Giovani Cherini (39,1°C/PL)
Sanderson (39,7°C/PL)
Marcel Van Hattem (39,3°C/Novo)

Deputados do RS com “febrícula”:

Liziane Bayer (38,0°C/Republicanos)
Jerônimo Goergen (38,0°C/PP)

Deputados do RS “saudáveis”:

Fernanda Melchionna (36,4°C/PSOL)
Marcon (36,3°C/PT)
Maria do Rosário (36,5°C/PT)
Bohn Gass (36,5°C/PT)
Paulo Pimenta (36,6°C/PT)
Henrique Fontana (36,7°C/PT)
Heitor Schuch (36,8°C/PSB)
Pompeo de Mattos (36,9°C/PDT)
Afonso Motta (37,1°C/PDT)

Candidato ao governo do RS, o deputado Onyx Lorenzoni (PL) não foi avaliado, pois não esteve muito presente na Câmara desde o início da legislatura, em 2019. Ele integrou a equipe ministerial do governo Bolsonaro até meados deste ano, quando se desligou do cargo para poder se lançar ao Executivo gaúcho.

Deputados gaúchos têm de 36,6°C a 39,9°C de febre

Dos parlamentares do RS, o deputado Marcon (PT) teve a menor temperatura medida: 36,3°C. Na avaliação do Ruralômetro 2022, ele teve 27 percepções positivas em votações, além de ser autor de 26 propostas positivas. O que pesou contra o parlamentar foi a doação recebida pelo PT, que tem uma infração trabalhista registrada na plataforma.

A maior “febre” no Estado é de Alceu Moreira (MDB), que atingiu a temperatura de 39,9°C. A nota levou em conta 28 votações, das quais 22 tiveram uma percepção negativa. Ele também foi autor de três projetos considerados negativos, além de ter recebido 125 mil reais em doações de pessoas físicas ou sócios de empresas com autuações ambientais ou trabalhistas. Conforme a pesquisa, uma empresa ligada ao deputado foi autuada em 2019 por irregularidades trabalhistas.

Na ferramenta, é possível verificar as avaliações de cada um dos parlamentares citados. Entre os 499 deputados brasileiros pesquisados pelo Ruralômetro 2022, Nilto Tatto (PT-SP) teve a menor temperatura, de 36°C, enquanto Nelson Barbudo (PL-MT) registrou 42°C de febre, sendo o pior avaliado.

Metade da representação gaúcha integra bancada ruralista

O Ruralômetro 2022 colocou 15 dos 30 deputados gaúchos avaliados como integrantes da bancada ruralista da Casa: Heitor Schuch (PSB), Afonso Motta (PDT), Pompeo de Mattos (PDT), Lucas Redecker (PSDB), Nereu Crispim (PSD), Carlos Gomes (Republicanos), Márcio Biolchi (MDB), Alceu Moreira (MDB), Jerônimo Goergen (PP), Pedro Westphalen (PP), Afonso Hamm (PP), Marcelo Moraes (PP), Giovani Cherini (PP), Sanderson (PL) e Marcel van Hattem (Novo).

A plataforma também aponta dez parlamentares do RS que foram financiados por infratores ambientais: Pompeo de Mattos (PDT), Osmar Terra (MDB), Alceu Moreira (MDB), Jerônimo Goergen (PP), Pedro Westphalen (PP), Afonso Hamm (PP), Covatti Filho (PP), Giovani Cherini (PP), Sanderson (PL) e Marcel van Hattem (Novo). 

Todos os deputados gaúchos com “febre” concorrem à reeleição

Todos os deputados gaúchos “com febre” concorrem à reeleição em 2022. Da bancada atual, 27 vão disputar um novo mandato. Apenas Henrique Fontana (PT) e Jerônimo Goergen (PP) não vão participar da disputa. Liziane Bayer (Republicanos) é suplente ao Senado na chapa de Hamilton Mourão (Republicanos) e Onyx concorre ao Palácio Piratini. 

Vale lembrar que, tanto para esta legislatura quanto para a próxima, um dos principais desafios na área ambiental no Rio Grande do Sul será conter o avanço das queimadas no Pampa, que cresceu mais de 3.372% de janeiro a julho deste ano na comparação com o mesmo período de 2021, segundo o MapBiomas. A área atingida corresponde a mais de 27,7 mil hectares. O bioma é o mais característico e predominante no Estado.