Reportagem

Com 11 km de novas ciclovias em 2022, Porto Alegre precisa acelerar ritmo para atingir meta da gestão

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Com 11 km de novas ciclovias em 2022, Porto Alegre precisa acelerar ritmo para atingir meta da gestão Foto: Alex Rocha/PMPA

Com Melo, Prefeitura já instalou mais ciclovias do que nos quatro anos de Marchezan. Futuro vereador avalia objetivo como “tímido e descontextualizado”

A Prefeitura de Porto Alegre instalou 11,08 quilômetros de ciclovias ou ciclofaixas ao longo de 2022. A cifra foi a segunda maior desde a aprovação do Plano Diretor Cicloviário Integrado (PDCI), sancionado em julho de 2009, atrás apenas do ano de 2015, quando foram implementados 11,35 quilômetros de faixas voltadas para as bicicletas nas ruas da Capital.

No entanto, a Capital ainda precisará aumentar o índice anual para alcançar a meta de 100 quilômetros de ciclovias em 2024, último ano da gestão de Sebastião Melo (MDB). Para chegar lá, será necessário a implementação de, pelo menos, 11,5 quilômetros de ciclovias tanto em 2023 quanto no ano que vem. O objetivo foi apresentado pelo Executivo no último 15 de abril, data em que é celebrado o Dia Mundial do Ciclista.

O financiamento para ampliar as faixas para bikes viria por três formas diferentes: próprios do município, financiamentos e contrapartidas – investimentos privados na estruturação cicloviária.

Porto Alegre começou 2023 com 77,03 quilômetros de ciclovias. O total é equivalente a 15,6% do previsto no PDCI, que estabelece 495 quilômetros de vias destinadas a ciclistas pela cidade. Esse montante, contudo, contempla apenas 2,8% da malha viária total da cidade. 

De acordo com dados da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), o total implementado pela gestão Melo em dois anos (18,3 quilômetros de ciclovias) é superior ao de trechos inaugurados em toda a gestão de Nelson Marchezan Jr. (PSDB), que ao longo de quatro anos entregou 14,86 quilômetros de novas faixas voltadas à bicicletas.

SMMU fala em ampliar conexões entre ciclovias

Entretanto, no momento não há novas ciclovias ou ciclofaixas em construção, nem mesmo previsões de início de novas instalações do tipo, segundo a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (SMMU). Em nota enviada ao Matinal, a pasta informou, sem precisar data, que “um dos trechos previstos para começar nos próximos meses é a implantação da ciclovia da Avenida Tronco, a qual faz parte do projeto de duplicação da via”. A avenida, localizada na Zona Sul, tem 6,5 quilômetros de extensão. 

De acordo com a mesma manifestação da SMMU, o objetivo de 2023 é viabilizar a possibilidade da ligação entre diferentes modais: “Estão previstas a expansão de trechos que fazem a conexão com pontos da malha cicloviária já existentes e com terminais de ônibus”.

Apesar do avanço recente, o militante do cicloativismo e advogado Marcelo Sgarbossa considerou tímido o avanço da malha cicloviária nos últimos anos na Capital: “Estamos fazendo pouquíssimo e lentamente”, avaliou. “A seguir neste ritmo, só em 83 anos teremos o plano cicloviário totalmente concluído.”

Eleito duas vezes vereador de Porto Alegre, Sgarbossa reassume a cadeira na Câmara no mês que vem, com as saídas de Leonel Radde e Laura Sito, ambos do PT, que vão para a Assembleia Legislativa. Antes de voltar a ser vereador, Sgarbossa irá se filiar novamente ao PT, partido pelo qual é suplente.

Na sua visão, para avançar na pauta é necessário colocar o transporte ativo como uma das prioridades da mobilidade urbana. A preferência, salientou, precisa ser do transporte coletivo, mas seguido de ações que visem a favorecer o deslocamento a pé e o uso da bicicleta.

Objetivo “tímido e descontextualizado”

“O plano é ótimo, fruto de uma lei muito estruturada. Por que não foi feito? Porque as gestões sempre vão fazendo as ciclovias na lógica de fazer onde menos atrapalha os motoristas, porque estão raciocinando sob o paradigma do modal do carro”, argumentou. “Enquanto prevalecer essa lógica, vão haver metas tímidas, como essa dos 100 quilômetros”, acrescentou ele, que classificou o objetivo como “descontextualizado do que se pode fazer”.

Mudar essa perspectiva, na opinião de Sgarbossa, significará adotar medidas como a retirada de vagas de estacionamento nas ruas e a redução da velocidade máxima dos automóveis em determinadas vias. “As ciclovias precisam ser aprazíveis e diretas”, apontou ele, que cita como um exemplo negativo a faixa da Ipiranga, em que o ciclista precisa trocar de lado algumas vezes ao longo do percurso. 

Para o futuro vereador, a pauta hoje depende muito mais do Executivo, mas o Legislativo também tem condições de colaborar: “A Câmara pode apoiar politicamente desde que os vereadores consigam compreender e pensar num futuro sustentável da cidade”.

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