Arthur de Faria | Parêntese | Porto Alegre: uma biografia musical | Série As Origens

Arthur de Faria: série As Origens, Parte X

Change Size Text
Arthur de Faria: série As Origens, Parte X No dia 31 de maio, na Paulista
Saverio Leonetti começa fazendo o que todas as gravadoras do mundo faziam: gravando na sua cidade, mas prensando na Alemanha. O lançamento da marca Gaúcho é de dois de junho de 1913, e os primeiros discos são deste ano. Exatos doze meses depois, a situação mudaria radicalmente: em sete de junho de 1914 a casa A Electrica instala suas prensas e se torna a segunda gravadora com fábrica própria da América Latina. Quem estreia as prensas? O grupo Terror dos Facões, de Octavio Dutra (vão guardando esse nome). Dia 22 de julho de 1913, ali na chácara de Leonetti, eles são os primeiros artistas brasileiros fora do Rio de Janeiro a gravar e prensar um disco – ainda que como teste.E aí, dia 1º de agosto de 1914 deveria ser feriado municipal em Porto Alegre: nessa data, a Casa A Electrica inaugurava oficialmente sua fábrica – que chegou a ter 41 funcionários. O Correio do Povo estava lá:  Realizou-se, ontem, a inauguração da fábrica de discos para gramofone, denominada GAÚCHO e de propriedade dos srs. Saverio e Cia., de cuja firma faz parte o capitão Saverio Leonetti, proprietário da Casa A Electrica, à rua dos Andradas, nº.302. (Sim. Sabe-se lá por quê, em algumas matérias de jornais da época Saverio é chamado de Capitão Leonetti. Chega a ser divertido pensar no que terá o gringo inventado para ganhar essa aura extra de respeitabilidade. Ou será porque ele era visto como um “capitão de indústria”?)Continua o Correio: Essa fábrica instalada recentemente é a segunda no gênero existente no Brasil. A inauguração efetuou-se às 15hs e a ela assistiram, além dos representantes da imprensa local, o Cônsul da Itália Cav. Beverini, o General João Batista Mena Barreto e outras pessoas. Depois de demorada visita à fábrica em que foram mostradas aos presentes todas as dependências do estabelecimento, passou-se a uma experiência que deu os melhores resultados.Essa experiência consistiu na gravação de diversos discos, com discurso pronunciado por um dos presentes e com números de música executados por um quinteto da Brigada Militar do Estado.Assim que terminava cada parte, o disco era passado num aparelho em que se reproduziam, nitidamente, os sons apanhados.Os visitantes assistiram aos trabalhos de fundição dos discos, mostrando-se agradavelmente impressionados com o funcionamento das modernas máquinas do estabelecimento. Além de ser a segunda fábrica de discos do Brasil, era uma das pouquíssimas no planeta: algumas poucas havia nos Estados Unidos e Alemanha, uma que outra na França e na Itália.Em uma semana chegavam às lojas os primeiros 15 lançamentos e começava ali um momento de efervescência fonográfica que Porto Alegre levaria mais de 70 anos para repetir.Ao longo de pouco mais de uma década, a Casa A Electrica e os Discos Gaúcho – com a garbosa estampa de um gaudério a cavalo e com um jeitão meio gaucho argentino – construiu um catálogo de (segundo o pesquisador Hardy Vedana) fabulosos 3.500 lançamentos. O que dá uma impressionante média de quase 30 discos por mês, um título diferente por dia. Tudo saído das prensas: cada uma com dois pratos de ferro que imprimiam 10 toneladas de peso sobre uma bola de cera de carnaúba […]

Quer ter acesso ao conteúdo exclusivo?

Assine o Premium

Você também pode experimentar nossas newsletters por 15 dias!

Experimente grátis as newsletters do Grupo Matinal!

ASSINE O PLANO ANUAL E GANHE UM EXEMPLAR DA PARÊNTESE TRI 1
ASSINE O PLANO ANUAL E GANHE UM EXEMPLAR DA PARÊNTESE TRI 1

Esqueceu sua senha?

ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.
ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.