Arthur de Faria | Parêntese | Porto Alegre: uma biografia musical | Série As Origens

Arthur de Faria: série As Origens, Parte XI

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Arthur de Faria: série As Origens, Parte XI
Durante um bom tempo, artistas uruguaios e argentinos seguiriam procurando Leonetti para lançar suas produções. Os selos Atlanta, de Alfredo Améndola, e Era, de Carlos Nasca, passam a trabalhar exclusivamente com ele. O resultado é que passam a ser prensadas em Porto Alegre gravações de alguns dos maiores nomes do tango dos anos 1910: além de Francisco Canaro, gente como Roberto Firpo, Pacho, o trio Fresedo-Tito-Cobián e El Tano Genaro. Améndola, italiano como Leonetti, tinha tido exatamente a mesma ideia que ele, viajado à Alemanha pela mesma época e começado a vender seus discos no mesmo 1913 da Casa A Electrica! Eram tantas coincidências que, como conta o site todotango.com, ele resolveu vir a Porto Alegre para encontrar-se com seu duplo. E logo chegaram ao acordo de que  la forma más rápida de enviar las ceras grabadas era enviándolas por ferrocarril (trem) hasta la frontera y de allí en automóvil. Obviamente, ficaram amigos. Alfredo Améndola, o Leonetti portenho… Leonetti oficializou em seu nome a saída desses discos argentinos prensados no Brasil, tornando-se assim o primeiro exportador de discos do país – à frente até da Casa Edison. O inverso também: graças a seus contatos internacionais, a Casa A Electrica vende com exclusividade gravações feitas na Europa e na Argentina. Músicos do centro do país que passavam por Porto Alegre, como Arthur Castro Budd ou o Regional do Canhoto, arranjavam um tempinho pra deixar suas vozes e instrumentos registrados nas matrizes da Casa. Invariavelmente antecedidos pelo anúncio feito aos berros por Paulinho Leonetti, sobrinho de Saverio:  …gravado para a Caaaaaasa Eléééctrica, Poorto Alegre! E, aí, mais um ponto delicado: já esclarecemos sobre o “primeiro tango gravado”. Agora, o tema é ainda mais cabeludo: o possível pioneirismo dos Discos Gaúcho na espinhosa polêmica sobre a primeira gravação de um samba. Até pouco tempo, Pelo Telefone, de Donga (ou Sinhô, ou Mauro de Almeida, mas não vamos entrar nessa discussão), era considerado o marco inicial do gênero em disco. Seu primeiro registro é pelo cantor Bahiano, em 1917, na Odeon. Mas quando, em 1984, Paixão Côrtes publicou seu Aspectos da Música e Fonografia Gaúchas, veio a bomba. Ele mostrava ali sambas gravados em Porto Alegre em 1916 pela dupla Os Geraldos: Iá Iá Me Diga e Samba Africano. Só que, depois disso, novas pesquisas reeditaram a polêmica: a própria Odeon havia lançado, em 1914, as canções Descascando o Pessoal e o clássico do choro Urubu Malandro, ambos com o nome samba no selo e no catálogo da fábrica. Antes ainda, o selo Columbia, em sua série de 1908 a 1912, registrou três canções chamadas de samba, uma delas até no título: No Samba, por Pepa Delgado e Mário Pinheiro (em 1910). Jairo Severiano, pesquisador da pesadíssima, garante:  Baseado em nosso levantamento da Discografia Brasileira, existem 31 composições gravadas antes do Pelo Telefone com a indicação de samba nos catálogos das gravadoras. Dessa relação, a mais antiga é uma canção intitulada Michaella, lançada em 1908 no disco Columbia n° 11583.A questão aí é definir o que é realmente samba, numa época em que era obrigatório pôr o nome do ritmo no selo do disco.  Sem falar que em sua edição de 23 de outubro de 1881 (sim!!!), no jornal porto-alegrense O […]

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