Arthur de Faria | Parêntese | Porto Alegre: uma biografia musical | Série As Origens

Arthur de Faria: série As Origens, Parte XII

Change Size Text
Arthur de Faria: série As Origens, Parte XII
Jamais saberemos o que mais pesou para a quebra da Casa A Electrica e seus Discos Gaúcho. Mas certamente influiu a crise mundial do pós-guerra, que bateu forte no mundo todo e repercutiria na economia do Rio Grande do Sul – estado que entrou janeiro de 1923 com o quinto mandato de Borges de Medeiros, em mais uma eleição fraudada (que motivaria uma revolução dali a meses, e ela também pode ter pesado na crise). Mas há insinuações de que o espírito perdulário de Leonetti teria sido mais nocivo do que qualquer outra coisa. Ganhava dinheiro, sim, mas não media esforços para gastá-lo. O fato é que, no final do ano, exata uma década depois do início de sua epopeia meridional, a Junta Distrital da Vara Comercial de Porto Alegre pedia a falência da Indústria de Discos e Gramophones União, que era então a razão social da Casa A Electrica e seus Discos Gaúcho. A Leonetti, só restou entregar as chaves para o oficial de justiça e desaparecer.  Só se foi saber dele um ano depois: estava em Buenos Aires, acolhido pelo amigo de fé Alfredo Améndola. Ele agora era sócio do selo Electra, que havia sucedido o Atlanta. Selo que fabrica seus discos com a tecnologia trazida de Porto Alegre por Leonetti.  Só que agora foi ainda mais rápido: faliu em três anos. E voltou a ter de fugir dos credores. De volta ao Brasil, por motivos óbvios, passa batido por Porto Alegre. Vai tentar reorganizar a vida em São Paulo, com outro velho amigo: Gustavo Figner, o irmão de Fred Figner. Ali, consegue reativar a marca Discos Gaúcho, já no revolucionário sistema elétrico! Agora não era mais o dono, mas seguia como consultor, diretor artístico e produtor musical do novo-velho selo. Que belez… Fracassam espetacularmente. The End. (…) E aí entra aquele texto branco em fundo preto, subindo de baixo pra cima da tela: em 1932, aos 66 anos de idade, Fred Figner seria enrolado e afastado do mercado do disco pela mesma multinacional Odeon para a qual tanto trabalhara. Mas não se importou muito: mesmo terminando a vida como simples distribuidor de discos da agora EMI-Odeon (e só para a cidade do Rio de Janeiro e Niterói), nos 30 anos em que trabalhara como pioneiro do mercado fonográfico brasileiro arrebanhara, segundo alguns (há controvérsia), a fortuna equivalente a 140 milhões de dólares de hoje. Enquanto isso, Saverio Leonetti se tornara um respeitável senhorzinho dono de uma metalúrgica em Niterói. Cidade onde morrerá aos 76 anos, em 21 de junho de 1952, sem nunca ter enriquecido.  Mas eu apostaria que ele se divertiu um bocado. * * * P.S.: Peguemos a lista dos discos lançados por Leonetti e eliminemos os vários relançamentos de uma mesma gravação. Em seguida, eliminemos também gravações de determinados artistas, relançadas anonimamente sob nomes fantasia, como Banda da Casa. Para completar, retiremos da lista discos de gravações feitas na Argentina, São Paulo ou Rio de Janeiro lançadas pela Casa. O que restam são 620 músicas. Todas gravadas entre 1913 e 1916 (por que só gravou durante esses três anos é […]

Quer ter acesso ao conteúdo exclusivo?

Assine o Premium

Você também pode experimentar nossas newsletters por 15 dias!

Experimente grátis as newsletters do Grupo Matinal!

ASSINE O PLANO ANUAL E GANHE UM EXEMPLAR DA PARÊNTESE TRI 1
ASSINE O PLANO ANUAL E GANHE UM EXEMPLAR DA PARÊNTESE TRI 1

Esqueceu sua senha?

ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.
ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.