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Arthur de Faria: série As Origens, Parte XV

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Arthur de Faria: série As Origens, Parte XV
Com o fim do seu grupo mais badalado, o Terror dos Facões, no finalzinho dos anos 1920, aos 35 anos de idade, Octávio, como um homem de seu tempo, já se sentia meio velho. Tanto que seu novo grupo seria batizado Orquestra Guarda Velha (curiosamente o mesmo nome do grupo que Pixinguinha, 10 anos mais jovem, criaria também por volta da mesma idade, em 1931).   * * * Foto: Octavio e Levino da Conceição. Acervo pessoal Está na hora de falar do que talvez seja o maior dos tantos talentos de Dutra: o compositor. De sua pena, conservaram-se as partituras de 482 músicas (deve haver se perdido pelo menos um outro tanto). Muitas delas cheias de pequenas surpresas, ligeiros “será que é isso mesmo?” de quem se propõe a tocá-las ou mesmo escutar suas gravações. Temos modulações raras, sugestões de acordes (a imensa maioria delas tem apenas a melodia registrada, sem nenhum acompanhamento) por vezes desconcertantes para a música popular de então, saltos melódicos difíceis até hoje pra quem não é um terror dos facões. E numa amplitude de gêneros que, se por um lado é bastante representativa de uma época em que se construía a identidade da música brasileira, por outro é inusual mesmo para essa época. Praticamente não há ritmo de então que não tenha sido visitado por ele, dos americanos fox e one step até as infinitas variações da polca: polca-choro, polca-marcha etc. Canções regionalistas e sertanejas, serestas, quadrilhas. Tangos argentinos, choros, maxixes, valsas, sambas. Não é acaso que fosse muito gravado, por muitos grupos diferentes, tanto na casa A Electrica quanto na Hartlieb, em Porto Alegre. E, também, na principal gravadora de então: a mítica Casa Edison do Rio de Janeiro. Quatro provas da qualidade e popularidade de Octavio e sua música na Porto Alegre dos anos 1910-30: 1) Eram suas quase um terço (28) das 101 músicas lançadas na primeira fornada dos discos Rio-grandense, frutos da parceria entre a Casa Hartlieb e a citada Edison (falamos disso no capítulo sobre a Casa A Electrica). Graças a esses 78rpm, o porto-alegrense que nasceu e morreu na Cidade Baixa foi o recordista nacional em gravações no ano de 1913. Afinal, até em São Paulo a Banda Veríssimo Glória gravou para a Odeon uma composição sua – chamada, veja só, Avenida Paulista. E 1914 não ficou atrás: em 1915 o jornal carioca A Noite publica a seguinte nota:  Entre as duzentas composições registradas no último dia do annofindo, só elle tem cerca de trinta!  A matéria se referia aos registros recentemente feitos por Octavio na seção de direitos autorais da Biblioteca Nacional, garantindo que eram suas as músicas que gravara para a Edison. E o texto do jornal segue com uma observação curiosa:  Com isso vão sendo suplantadas as músicas importadas, que para qui eram trazidas nas peças theatraes. A música do theatro está sendodesbancada pela do phonógrapho. Já seu maior sucesso, a valsa Celina, composta em 1911, editada em partitura para piano e gravada em 1913, foi assunto do jornal local Correio do Povo. Está lá:  Mais uma bela composição musical acaba de publicar o talentosomoço Octavio Dutra, já muito conhecido pelas suas inspiradas producções. Celina era o nome […]

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