Ensaios Fotográficos

Máscaras Covid-19

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Máscaras Covid-19

Desde o reconhecimento da pandemia de Covid-19, começaram a aparecer máscaras cirúrgicas e semelhantes, primeiro em alguns lugares e depois em muitos. Como parte de um esforço, às vezes obrigatório, de defesa contra a propagação da infecção. As máscaras diárias, para mim, tinham sido associadas principalmente a visitas médicas, alguns costumes religiosos particulares e uns personagens como heróis de quadrinhos, como o Cavaleiro Solitário e ladrões de banco e outros bandidos. Fora isso, a aparência das máscaras me pareceu intrusiva para as cenas e um incômodo para os retratos – um pano vago onde a boca, o nariz e a expressão facial deveriam estar. Evitei incluir as máscaras nas fotografias por considera-las como perturbadores chatos do cenário e, nas fotos de indivíduos, manchas ou camuflagem indesejável no rosto, obliterando sorrisos e carrancas, encapotando a percepção do humor, sexo e idade. 

As máscaras, mesmo como faceta de guarda-roupa ou acessório, se destacaram como distração, até depois me acostumar a elas – temporárias, espero – como parte da vida quotidiana, talvez da mesma maneira que um nudista, infeliz com a roupa do dia-a-dia, as aceite, mesmo com lamentos. A máscara pode agora marcar uma ameaça muito ruim à saúde, mas, mesmo assim, essa marca pode ser valiosa, como um sinal de “perigo”.  

A máscara também pode ter valor ritual e ser vista como uma declaração de campanha contra a Covid-19, não como um sinal de medo ou preocupação, mas como um símbolo de reconhecimento, de vontade e resignação. As máscaras podem ser símbolos de muitas coisas, e agora a máscara médica pode ser um sinal diário de tempos difíceis, mas igualmente uma bandeira hasteada para se erguer acima deles. As máscaras, também, às vezes têm conotações e usos punitivos ou disciplinares e, neste caso, podem ser vistas como uma advertência às pessoas para que tenham cuidado, bem como uma forma de publicidade de que há, por toda parte, um fardo a ser carregado. 

Anos atrás, fiz uma série de fotos de máscaras não comuns, feitas à mão, esculturais, lembrancinhas de festas, em grande parte objetos cerimoniais, objetos estéticos e de arte. Algumas eram tradicionais e rituais, e outras eram improvisadas. De uma forma ou de outra, a maioria foi feita com a intenção de ser atraente ou marcante e imponente, objetos de seu próprio mérito. As máscaras de proteção de hoje também incluem uma ocasional que vai além do simples funcional e incorpora um ingrediente estético para adornar a proteção. 

Quando não são descartadas, as máscaras muitas vezes são coletadas, e as fotos podem cumprir essa função. Esta coleção vem de Nova York e do vizinho Connecticut; Paris e a caminho de Bordeaux; e São Paulo.




















Charles Chuck Martin é fotógrafo e foi entrevitado pela Parêntese na edição 92.

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