Notem
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Texto: Ângelo Chemello Pereira
A fotografia tem a vantagem de estacionar o tempo. Ele parece que fica ali fixado, guardado para que nós possamos buscar com atenção os detalhes que o autor congelou. Movem-se então os pensamentos, a interpretação, a análise que cabe a cada um. Carlos Edler nos dá os registros de Porto Alegre no preto e no branco que quase sempre faz o passado se posicionar ainda mais no passado. Então é inevitável que se tenha um aspecto de saudade que transita entre a luz e a sombra — duas características marcantes no ensaio que aqui se apresenta.
O que escondem as sombras a nossa leitura imagina. Mas são elas também que nos permitem acessar a luz. É a sombra que marca os arcos da claridade que banha o piso do Viaduto Otávio Rocha. Por sinal, são quantos os arcos possíveis de serem contados? Todos enfileirados, um a um marcam uma direção. Assim como o meio-fio que parece guiar o pedestre de mochila nas costas enquanto os galhos de uma árvore se destinam a outros caminhos na imagem.
Observem em outra das fotos: o andaime no primeiro plano faz parecer silenciosa a Borges de Medeiros. Os tubos metálicos em contraluz, o edifício ao fundo e as pessoas desenhadas por suas silhuetas estão ali, no barulho das sombras.
E o engraxate também ficou registrado, notem. Ao notar se permitam ver que o preto-e-branco é do presente. Pois está ali o guarda-sol da companhia telefônica hiperconectada com a realidade dos nossos dias. A sombra reservada pra quem? Evidentemente que para o conforto do cliente que não está. Repito: o cliente não está.
Reparem também na bicicleta que vem e no pedestre que vai. Onde estava o fotógrafo naquela hora, sobre alguma marca daquelas que iluminam ou sombreiam o chão? São tantos os detalhes que Carlos Edler enquadra que é importante uma coisa: que sejamos atentos.
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