Porto Alegre: uma biografia musical

Capítulo LXVII – Um milhão de melódicos melodiosos – ou: os anos de transição (Parte 13)

Change Size Text
Capítulo LXVII – Um milhão de melódicos melodiosos – ou: os anos de transição (Parte 13) Breno Sauer: o jovem acordeonista no maior clima Van Damme – o Art, não o Jean-Claude
As pessoas falam sobre o movimento musical em Porto Alegre no começo dos anos 60, Manfredo Fest, Primo Jr., Elis Regina. Mas eu não tenho muito o que dizer sobre isso… Na verdade, todo mundo tinha de ir para o Rio ou São Paulo. Hoje isso não é necessário, mas naquela época havia uma coisa acontecendo: a conexão Rio-São Paulo. E, bom, o Rio podia lançar a carreira de um artista novo, mas em São Paulo é que se ganhava dinheiro. (…) Rio e São Paulo eram realmente o ponto de referência para a música brasileira fora do Brasil. E certamente essas idas e vindas entre Rio e São Paulo ajudaram os músicos a se preparar para a big move north para os Estados Unidos e o México. O cenário, infelizmente, não mudou tanto quanto acreditava o autor do depoimento acima: Breno Sauer. Que nessa época (2011), aos 82 anos, seguia na ativa… em Boston, Estados Unidos. Breno nascera em São Sebastião do Caí, 60 quilômetros a noroeste de Porto Alegre, região de colonização alemã, em 03/11/1929. Foi mais um dessa geração que começou tocando acordeom. Toda sua família tocava algum instrumento, e revezavam-se entre a gaita, a bateria e o violão. Na dúvida, ele aprendeu os três – e, de lambuja, banjo. Começou a tocar profissionalmente aos 23 anos, em Porto Alegre. Estávamos em 1952, seu instrumento era o acordeom, e ele reveza-se entre o Regional do Paraná − que acompanhava calouros na Rádio Gaúcha − e o respeitado conjunto da Boite Marabá. Tudo ia nos conformes até que, no ano seguinte, aconteceu a epifania obrigatória de toda sua geração: escutou pela primeira vez o quinteto do acordeonista estadunidense Art Van Damme. E, como aconteceu com todos os outros, deslumbrou-se. Almirante no violão, Cachorrão no trombone, Breno no acordeom, Azeitona no pandeiro, Paraná no violão-tenor. O Regional do Paraná. Em busca de novos horizontes, entre 1954 e 1956 vai morar na pequena porém promissora Blumenau, em Santa Catarina – cidade tão ou mais “alemoa” que a sua São Sebastião do Caí. Consegue emprego na rádio local e em uma boate, levando de Porto Alegre seu novo quarteto, que tinha uma formação meio moderna meio estranha: voz, acordeom, piano e bateria. Ele no acordeom, Edemar de Souza de crooner e dois rio-grandinos completando o time e comprovando a impressionante quantidade de grandes músicos nascidos na cidade de Rio Grande: Altivo Penteado, também conhecido como Maestro Garoto no piano e Afonso Cid, o Pirata, na bateria. Ainda não era o som que ele queria, mas estávamos a caminho. Caminho que se completará pela primeira vez em 1957, quando esse quarteto é levado por um empresário para tocar em Curitiba. Lá fazem fama e até hoje são lembrados por suas temporadas nas boates Marrocos e La Vie En Rose. E é justamente nesse 1957, um ano antes do parto oficial da bossa nova, que, em Curitiba mesmo, estreia o modernérrimo Breno Sauer Quinteto. Como ele contou em 2002… …totalmente influenciado por aquele som, o grupo tinha exatamente a mesma formação do Van Damme. Há um belo depoimento sobre o grupo num texto do pesquisador e […]

Quer ter acesso ao conteúdo exclusivo?

Assine o Premium

Você também pode experimentar nossas newsletters por 15 dias!

Experimente grátis as newsletters do Grupo Matinal!

ASSINE O PLANO ANUAL E GANHE UM EXEMPLAR DA PARÊNTESE TRI 1
ASSINE O PLANO ANUAL E GANHE UM EXEMPLAR DA PARÊNTESE TRI 1

Esqueceu sua senha?

ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.
ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.