Êxtase (2020), filme dirigido por Moara Passoni e produzido por Petra Costa, entra em cartaz em Porto Alegre nesta quinta-feira (8/12). O longa conta com delicadeza e sensibilidade a história de uma menina que desenvolve anorexia durante 10 anos.
Na capital gaúcha, o filme terá debate após a sessão desta quinta, às 19h, no CineBancários. Participarão da conversa Lisiane Bizarro, coordenadora do PPG de psicologia da UFRGS, e Antônio Machado, psicólogo, mestre em psicologia e doutorando do PPG de psicologia, também da UFRGS.
Em Êxtase, a realizadora Moara realiza um projeto onírico e autobiográfico, na intersecção entre documentário e ficção. Com trilha sonora que inclui a música I’m Waiting Here, parceria do cineasta norte-americano David Lynch com a cantora sueca Lykke Li, o filme proporciona uma experiência imersiva na intimidade da protagonista, revelando um universo desconhecido, mas também estranhamente familiar.
O filme foi exibido em festivais de mais de 20 países, entre eles Alemanha, Chile, Coreia do Sul, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Itália, Noruega e Polônia, e obteve o reconhecimento de diversos prêmios – entre os quais o do Júri da Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo em 2020.
Êxtase conta a história de Clara dos sete aos 17 anos, período em que inicia, mergulha e rompe com a anorexia. Construído como uma autoficção, o longa tem como ponto de partida a história da própria diretora, que sofreu desse transtorno em sua adolescência.
“O filme é um processo de investigação do corpo e da minha memória do meu corpo”, diz Moara. No entanto, esse reencontro consigo mesma colocou-a em contato com outras mulheres que viveram a anorexia, levando-a a buscar compreender a dimensão coletiva de um sofrimento aparentemente tão individual. O trabalho em colaboração com essas mulheres, que cederam seus diários e relatos para a criação do roteiro, acabou extrapolando os limites da autobiografia.
Todas as cenas do filme foram vividas por Moara ou essas mulheres, revelando uma perspectiva sobre a anorexia que é rara, senão inédita, no cinema. O espectador mergulha na intimidade mais protegida da personagem Clara, em uma imersão em sua realidade delirante, conhecendo suas estratégias para anular a fome e isolar-se cada vez mais.
O filme mostra como uma vida feita de restrição, controle e tortura pode aparentar o seu contrário e ser extremamente sedutora. Até que essa prisão se rompa, Clara levará seu corpo e sua vida até o limite.
Ao optar por investigar a intimidade dessa menina com anorexia, o filme se afasta dos estereótipos. “Na nossa sociedade da imagem, a tendência é criar um espetáculo grotesco em torno dos corpos das mulheres que padecem por anorexia. Nós evitamos isso”, afirma a diretora.
Êxtase: * * * *
COTAÇÕES
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Assista ao trailer de Êxtase:
quinta-feira, 08 de abril de 2024 | 19h00
CineBancários (R. Gen. Câmara, 424, Centro Histórico)