Artes Visuais | Notas

Itaú Cultural homenageia Lima Duarte em mostra sensorial

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Itaú Cultural homenageia Lima Duarte em mostra sensorial Foto: IC/Divulgação

Como em um planetário onde as estrelas são substituídas por imagens, a Ocupação Lima Duarte revela a vida do personagem homenageado de modo a que o público faça, sem riscos, uma imersão sensorial em seu universo.

Nada se toca nesta exposição, que abre nesta quarta (18/11) e segue até 10 de janeiro, no Piso Paulista do Itaú Cultural, também podendo ser acompanhada pelo site. Nela, tudo se absorve pelos sentidos. É para se ver e ouvir o que ali é mostrado, e pressentir o aroma, o tato, o paladar. 

A mostra estava pronta para começar a ser construída em outro formato, quando a pandemia fez todo mundo se isolar. Com a exigência de distanciamento e cuidados redobrados, ela foi inteiramente repensada para receber o público seguindo os protocolos, sem perder a poética presente na vida de Lima. 

Assim como em todos os espaços do Itaú Cultural, nesta Ocupação são seguidos os protocolos e recomendações das autoridades sanitárias. Os ingressos devem ser reservados previamente, podendo ser agendados virtualmente, a partir das 9h das segundas-feiras, estendendo-se por toda a semana e ficando sujeitos à lotação dos grupos. Cada agrupamento tem, no máximo, cinco pessoas e cada percurso pelo espaço expositivo dura 50 minutos.

Com curadoria assinada pelos núcleos de Artes Cênicas e da Enciclopédia, do Itaú Cultural, cocuradoria do jornalista Amilton Pinheiro e cenografia de Kleber Montanheiro – também responsável pela expografia da Ocupação Laura Cardoso, em 2017 – desta vez, pela natureza do novo projeto, juntou-se ao grupo um roteirista, Daniel Veiga.

Intitulado Amarra o teu Arado a uma Estrela*, o roteiro é composto de seis núcleos, permeados por telas, transparências, LED que os separam, mas também permitem entrever um e outro nicho.

Em um total de cerca de 130 fotografias – umas, com a função de guias, outras no papel de “imagens-estrela”, que vagueiam pelo espaço expositivo –, seis telas de projeção, incluindo uma holografia com Lima Duarte, e cinco telas de LED, o trajeto começa pela Estação Desemboque. É por onde o público entra e toma contato com a origem do ator nascido em Nossa Senhora da Purificação do Desemboque, interior de Minas Gerais, em 29 de março de 1930, filho do boiadeiro araguarino Antônio José Martins e de uma artista do circo América Martins e batizado como Ariclenes Venâncio Martins. 

Nesta estação tem, ainda, uma holografia de Lima Duarte, na qual ele lê um trecho do texto O Ator, escrito pelo poeta e dramaturgo Chico de Assis (1933-2015) em sua homenagem. Esta gravação foi realizada exclusivamente para a exposição. 

Na segunda paragem, chamada Querer Liberdade, a viagem percorre a construção dos personagens de Lima no teatro e no cinema. Ao longo dos mais de 70 anos de carreira e 90 de vida, o ator fez mais de 40 filmes, entre longas e curtas-metragens e filmes-episódios. Ingressou no Teatro de Arena, nos anos de 1960, a convite de Augusto Boal (19311-2009), Chico de Assis e Oduvaldo Vianna (1936-1974), onde atuou em peças emblemáticas como Arena Conta Zumbi (1965). Por O Testamento do Cangaceiro, em 1961 recebeu o prêmio Saci de melhor ator e uma bolsa de estudos em Nancy, na França. 

Em seguida, a Estação da Água de Tudo que é Rio revela os livros preferidos do ator, além das obras de Guimarães Rosa, o seu favorito. A Estação Tô Certo ou Tô Errado, quarta parada, mostra o homenageado em suas dezenas de anos na TV. Mais conhecido como ator das novelas da Globo, onde começou nos anos de 1970, ele foi um dos participantes do programa inaugural da televisão, na TV Tupi, em 1950 – um show de variedades dirigido por Cassiano Gabus Mendes (1929-1993), com artistas como Hebe Camargo (1929-2012) e Lolita Rodrigues –, e da primeira telenovela brasileira, Sua Vida me Pertence, de 1951.         

Nestas paragens,  Ariclenes, que adotou o nome Lima Duarte por sugestão da mãe, vira Zeca  Diabo,  de O Bem-Amado (1973), Salviano Lisboa, de Pecado Capital (1975), Carijó, de Espelho Mágico (1977), Oscar, de Marrom-Glacê (1979-1980), Sinhozinho Malta, de Roque Santeiro (1985-1986), Sassá Mutema, de O Salvador da Pátria (1989), Dom Lázaro Venturini, de Meu Bem, Meu Mal (1990-1991), Murilo Pontes, de Pedra sobre Pedra (1992), Afonso Lambertini, de Da Cor do Pecado (2004), Shankar, de Caminhos das Índias (2009), Max Martinez, de Araguaia (2010-2011), Dom Peppino, de I Love Paraisópolis (2015), Josafá Paraíso, de O Outro Lado do Paraíso (2017-2018). 

Por fim, a derradeira parada retorna para a Estação Desemboque e devolve o visitante ao espaço inicial, onde foi recepcionado, em um ambiente noturno e campestre, de céu limpo e muito estrelado. 

A mostra pode ser conferida de terça a sexta, das 13h às 19h, e sábados e domingos, das 10h às 16h, no Instituto Itaú Cultural, em São Paulo.

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