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No bromance “Rivais”, quem brilha mesmo é Zendaya

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No bromance “Rivais”, quem brilha mesmo é Zendaya Warner/Divulgação

Rivais (2024) é um dos melhores filmes sobre esporte dos últimos tempos – e também sobre sexo. No novo longa dirigido pelo premiado cineasta italiano Luca Guadagnino, o vaivém rápido incessante da bolinha de tênis dita a dinâmica do relacionamento encharcado de competitividade e tensão sexual estabelecido entre o triângulo encarnado por Zendaya, Mike Faist e Josh O’Connor – ator que estrela também o ótimo La Chimera (2023), igualmente em cartaz nos cinemas a partir desta quinta-feira (25/4).

“La Chimera” é maravilhamento livre como um sonho

Rivais acompanha as trajetórias pessoais e profissionais de três personagens ligados pela paixão pelo tênis. Art (Mike Faist) e Patrick (Josh O’Connor) são melhores amigos desde a pré-adolescência e se dedicam a participar do circuito amador do esporte nos Estados Unidos. Quando conhecem Tashi (Zendaya), jovem tenista prodígio, ambos se encantam com a combinação de beleza, sensualidade, talento e determinação da garota.

Como em uma partida de tênis, o roteiro de Rivais avança e retrocede no tempo continuamente para mostrar os atribulados lances que unem e separam o trio protagonista com o passar dos anos e colocam frente a frente Art e Patrick em uma partida decisiva. Nas idas e vindas narrativas, o filme mostra como os dois parceiros inseparáveis tornaram-se rivais nas quadras e na vida por conta da disputa pelo amor de Tashi – promissora tenista cuja ambição foi freada por conta de um acidente que a levou a largar a raquete e virar treinadora.

Diretor de títulos como Me Chame pelo Seu Nome (2017) e Até os Ossos (2022), Luca Guadagnino tem demonstrado maestria na condução de tramas pautadas pela lei do desejo, que se impõe às vezes de maneira inusitada ou sub-reptícia. Em Rivais, a evidente, porém não explicitada ligação homoafetiva entre os dois personagens masculinos é ao mesmo tempo estremecida e reforçada com a chegada da figura feminina – que se torna um elemento dominante na relação dos três por conta de sua presença leonina. Por outro lado, a sideração de Art e Patrick por Tashi acaba servindo como uma espécie de campo neutro onde ambos podem projetar e exercitar, consciente ou instintivamente, a paixão física mal escamoteada que um sente pelo outro – de maneira similar a como os amigos se dedicam o jogo de tênis.

Warner/Divulgação

Um dos destaques de Rivais é sua empolgante trilha sonora, assinada por Trent Reznor e Atticus Ross – que também compuseram a música de Até os Ossos –, repleta de temas nervosos que sublinham os temas mais eletrizantes, mas que também inclui em um dos momentos mais dramáticos do filme a canção em espanhol Pecado, interpretada por Caetano Veloso. Já a câmera de Guadagnino por vezes mimetiza o ritmo frenético de uma partida de tênis, passando de um personagem a outro em diálogos mais afiados com rapídissimos movimentos chamados de chicote, por outras coloca-se em ângulos inusitados para que o espectador se sinta dentro da quadra onde tudo gira em torno de performance, concentração e plena entrega física – como no sexo.

Se Mike Faist e Josh O’Connor jogam muito bem de dupla, imprimindo intensidade e corporeidade ao bromance de seus personagens, Zendaya é quem vence mesmo em Rivais. A atriz e cantora, que brilhou também nas duas partes da aventura de ficção científica Duna, está ótima no papel da ambiciosa tenista cuja fortaleza é muitas vezes abalada pelos reveses profissionais e pela instabilidade amorosa – estados de espírito cambiantes que Zendaya manifesta tanto pelas falas assertivas de seu papel quanto pelas expressões do rosto e do olhar em muitas cenas silenciosas.

Warner/Divulgação

Warner/Divulgação

Rivais: * * * *

COTAÇÕES

* * * * * ótimo     * * * * muito bom     * * * bom     * * regular     * ruim

Assista ao trailer de Rivais:

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