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Freddie Mercury revive pela voz de Marc Martel

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Freddie Mercury revive pela voz de Marc Martel Divulgação

Após mudanças de data em razão da pandemia, o espetáculo The Ultimate Queen Celebration chega a Porto Alegre nesta quinta-feira (19/5), no Centro de Eventos FIERGS – Teatro do Sesi (Av. Assis Brasil, 8.787).  O show é um tributo ao grupo britânico Queen e tem o cantor canadense Marc Martel à frente de uma banda com cinco integrantes. O intérprete participou da dublagem do filme Bohemian Rhapsody (2018), emprestando em algumas cenas sua voz para Rami Malek – vencedor do Oscar de melhor ator por sua interpretação como o idolatrado vocalista Freddie Mercury.

Em The Ultimate Queen Celebration, algumas das canções mais célebres da banda inglesa são apresentadas com performance teatral. O repertório inclui sucessos como a clássica Bohemian Rhapsody, We Will Rock You, We Are the Champions, Another One Bites the Dust, Under Pressure (antológica parceria com David Bowie), Somebody to Love e Crazy Little Thing Called Love, entre outras canções.

“Perto do fim da sua carreira, Freddie explorou outros estilos musicais, como a ópera, então, pensando nisso, o show também inclui algumas canções conhecidas e como elas soariam se Mercury as tivesse interpretado”, explica Martel, complementando: “Por exemplo, eu canto Ave Maria sozinho ao piano e também a ária Nessun Dorma no estilo do Freddie, assim deixamos espaço para a imaginação da plateia, em vez de tocar somente Queen. Pode–se dizer que é um show com os grandes sucessos, mas também com um sabor diferente, no qual exploro outras coisas que Freddie poderia ter gravado.”

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A partir de 1999, Marc Martel esteve durante 13 anos à frente da banda de rock canadense Downhere. “Quando eu era do Downhere, fazia de tudo para não parecer com o Freddie Mercury, mas era inevitável: muitas pessoas me comparavam com ele, eu senti que estava até prejudicando o grupo”, lembra o cantor, pianista e violonista.

Em 2011, o artista participou de um concurso para se juntar ao baterista original do Queen, Roger Taylor, no projeto-tributo The Queen Extravaganza. O vídeo postado por Martel no YouTube cantando Somebody to Love teve mais de 1 milhão de visualizações em poucos dias – e a interpretação dele dessa canção levou a cantora Celine Dion às lágrimas no programa canadense de televisão En Direct de l’Univers.  Martel acabou sendo um dos vencedores da competição – o que o levou para uma turnê de seis semanas com The Queen Extravaganza, onde ficou até 2017, quando deixou o grupo para se juntar ao atual The Ultimate Queen Celebration.

Na entrevista a seguir, Marc Martel comenta sua ligação com a maneira de cantar e a voz de Freddie Mercury, explica como foi participar da cinebiografia Bohemian Rhapsody e define a importância da banda inglesa em sua vida: “Eu sou um cantor, pianista e performer melhor hoje por causa da música do Queen”.

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Você lembra como se tornou fã do Queen? O que a música da banda e Freddie Mercury representam para você?

Quando eu formei minha banda, Downhere, em 1999, e começamos a fazer shows ao vivo, as pessoas constantemente vinham até mim e me diziam que eu lembrava muito Freddie Mercury, o que foi interessante porque eu nunca tinha ouvido Queen antes. Meu baixista também era um fã de longa data do Queen e muitas vezes me dizia que eu deveria ouvi-los porque seria uma grande influência para mim como músico. Eu comprei o Greatest Hits do Queen em 2003, e foi quando eu realmente comecei a ouvir a música deles. A influência do Queen, especialmente a musicalidade e carisma de Freddie Mercury, me tornaram melhor no que tenho o privilégio de fazer para viver. Eu sou um cantor, pianista e performer melhor hoje por causa da música do Queen.

O que significou para você saber que seu trabalho foi apreciado por Roger Taylor e Brian May?

Foi a única razão pela qual tomei a decisão de começar a tocar a música do Queen em primeiro lugar. Nenhum cantor e compositor aspira realmente um dia tocar a música de outro músico. Mas, sabendo que Roger Taylor e Brian May estavam por trás do Queen Extravaganza, a primeira banda com a qual eu cantei o Queen, me senti muito diferente de uma típica banda de tributo. Ele (o baterista Roger Taylor) também nos encorajou a sermos nós mesmos no palco e não sermos imitações dos membros da banda Queen, o que foi muito importante para mim. Sempre foi surreal estar perto de Roger enquanto tocava sua música. Ele sempre foi tão explicitamente agradecido, e às vezes até emocional.

Comente a respeito de sua participação no filme Bohemian Rhapsody, por favor. Quais foram as maiores dificuldades para replicar a voz de Freddie Mercury e dublar Rami Malek? Você foi orientado pelos integrantes do Queen nesse trabalho?

Meu papel era muito simples: ajudar a criar a ilusão de que as pessoas estavam assistindo a Freddie Mercury na tela. Tive a incrível oportunidade de gravar no estúdio mais famoso do mundo, o Abbey Road Studios, em Londres. Minha voz foi inserida no filme onde quer que o diretor e os membros do Queen entendessem. Com uma combinação da incrível interpretação de Rami Malek, gravações antigas de Freddie, gravações da minha voz e um pouco da magia de Hollywood, o fato de as pessoas não saberem onde minha voz está no filme é prova de missão cumprida!

Rami Malek como Freddie Mercury em cena do filme “Bohemian Rhapsody”. Foto: Fox/Divulgação

O Brasil tem uma legião enorme de fãs do Queen. Qual é a sua expectativa para os shows aqui no país?

Todos nós já vimos imagens do Queen tocando na América do Sul, em particular no Brasil. Eu sei que os fãs de lá estão esperando há muito tempo para irmos ao Brasil – basta olhar minha página no Facebook! Não tenho dúvidas de que a multidão nos surpreenderá com seu charme e entusiasmo. Eu absolutamente mal posso esperar para cantar Love of My Life com eles!

Por falar em admiradores, o Queen segue sendo idolatrado por novas gerações de fãs. Por que você acha que a banda permanece ainda tão popular, mais de 50 anos depois do seu surgimento?

Não só o Queen era composto pelos músicos mais talentosos para tocar em seus respectivos lugares, mas acho que o Queen sempre soube seu papel como uma banda de rock and roll. Eles eram músicos incrivelmente sérios, mas nunca se levaram muito a sério. Há diversão e cafonice suficientes em seu repertório para fazer as pessoas lembrarem que a vida é muito mais do que dor e mágoa, mas é alegre, divertida e cheia de amor. As pessoas obviamente encontram grande conforto na música do Queen, e isso é uma grande coisa que me mantém nessa estrada.

Você também desenvolve uma carreira solo. Quais são as novidades a respeito da sua trajetória artística individual?

Aqueles que me seguem há algum tempo provavelmente sabem que eu fiz muitas músicas de Natal ao longo dos anos. Neste ano não é diferente, pois atualmente estou trabalhando no meu sexto EP de Natal. Isso me dá um pouco de descanso da “rainha de todos os tempos”, a chance de ser criativo em um contexto totalmente diferente. E, durante a pandemia, dediquei muito mais tempo à composição e espero lançar algum material novo em breve. Se as pessoas quiserem conferir um pouco do meu material original, tenho um álbum solo que lancei há alguns anos chamado Impersonator e um grande repertório com minha antiga banda, Downhere.

O que você está escutando atualmente – além de Queen, claro?

Sem surpresa, sou principalmente fã de bandas de rock: The Beatles, The Killers, Keane, Aerosmith, Coldplay etc. Mas eu também amo artistas mais folk ultimamente, como Gregory Alan Isakov (cantor e compositor sul-africano radicado nos Estados Unidos), devido à influência da minha esposa em meus gostos musicais. E eu sempre pareço voltar para Jeff Buckley. Comprei um toca-discos recentemente, então na verdade tenho ouvido intencionalmente mais música do que o normal hoje em dia, o que é algo que os artistas normalmente lutam para fazer, já que a música também é nosso trabalho. Mas acho que quanto mais escuto intencionalmente o trabalho dos outros, mais criativo e inspirado fico para fazer o meu.

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