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Espetáculo audiovisual com Filipe Catto, “Metamorfoses” androginiza tempos e linguagens artísticas

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Espetáculo audiovisual com Filipe Catto, “Metamorfoses” androginiza tempos e linguagens artísticas Filipe Catto. Reprodução: IMS

Em cartaz no IMS Paulista até 26 de setembro, a exposição Madalena Schwartz: As Metamorfoses – Travestis e Transformistas na São Paulo dos Anos 70 exibe fotografias da comunidade LGBTQIA+ na cena cultural paulistana. Com curadoria de Gonzalo Aguillar e Samuel Titan Jr., a mostra reúne imagens de artistas como Ney Matogrosso e Dzi Croquettes, entre outros personagens que provocavam fissuras na heteronormatividade do país em plena ditadura militar.

Desde julho, o universo retratado por Schwartz (1921-1993), fotógrafa nascida na Hungria e radicada no Brasil, estabelece um diálogo audiovisual com a música e a performance no espetáculo Metamorfoses, protagonizado pela cantora Filipe Catto, com participações da também cantora Maria Alcina, do bailarino e coreógrafo Ciro Barcelos (Dzi Croquettes) e da multiartista Alma Negrot. A obra inaugura a série Instantâneas: A Música em Foto, projeto do Instituto Moreira Salles que desenvolve espetáculos inspirados em exposições da instituição – a íntegra do vídeo está disponível no YouTube.

“Eu tinha recém-dirigido o Love Catto Live Deluxe e tava pirando no conceito de transformar o espetáculo em algo mais próximo da performance, do cinema e não apenas o formato convencional de lives, então sugeri de a gente usar o universo da obra da Madalena não somente no repertório mas na fotografia, no figurino e na maquiagem do show, evocando aquelas imagens para a cena”, explica Catto – leia a entrevista a seguir.

Curador de música do Instituto Moreira Salles e codiretor artístico do espetáculo ao lado de Catto, Juliano Gentile buscou artistas que pudessem atualizar o universo imagético de Madalena Schwartz. “A Filipe Catto era a pessoa ideal por conta da abordagem visual muito forte de seus trabalhos. Isso contou muito na escolha e em todo o processo”, afirma o curador. Gentile explica que a série visa lançar um olhar contemporâneo para o acervo fotográfico do IMS a partir de diálogos entre diferentes linguagens. Em Metamorfoses, a curadoria aproveitou a estrutura do IMS Paulista para criar um espetáculo voltado ao ambiente online, lançando mão de recursos audiovisuais de edição em vez de promover uma live ou um show.

O curador destaca que Metamorfoses explora a urgência das questões da população LGBTQIA+ em um contexto de conservadorismo, ecoando resistências e libertações de outras épocas. “Com suas fotografias, Madalena Schwartz tirava pessoas de um confinamento existencial. De certa forma, Metamorfoses também procura fazer isso”, compara Gentile. Na mesma linha, Catto observa que “hoje, apesar de estarmos sim sob um regime de abusos, também podemos estampar em nossa própria carne o inegável: nós existimos”. “Nesse ponto, eu acho comovente estar diante de uma obra tão importante como a da Madalena e cercada de artistas que são a prova viva de que a gente vai superar tudo isso como viemos superando cada pedrada que nos arremessaram nesta vida”, completa a cantora.

O encontro de gerações apontado por Catto tem como exemplo a cantora Maria Alcina – uma das artistas fotografada por Schwartz –, que também ressalta a soma de temporalidades e expressões de Metamorfoses. “É um trabalho que dá tesão de fazer, mas tesão daqueles poderosos, porque tem muitas linguagens. Voltei no tempo, e o tempo deu uma mexida comigo”, descreve Alcina ao telefone, afirmando o caráter “dionisíaco” da performance. “Somos um grande quarteto. Precisamos fazer outros trabalhos. Quem sabe a gente continua?”, sugere a cantora, elogiando também a participação de DJ Jojo Lonestar na direção musical e nos instrumentos.

Outro integrante do espetáculo, o dzi croquette Ciro Barcelos chama atenção para a ruptura de binarismos na música brasileira e seus novos expoentes. “Filipe Catto significa para nós, artistas germinativos que semearam o androginismo nos anos 1970, a continuidade de uma revolução movida pelo amor. Me dá a certeza de que a árvore deu bons frutos e que nem tudo está perdido”, afirma o bailarino.

Vem pra barra pesada

Metamorfoses começa com Catto interpretando a versão da artista Claudia Wonder para Walk on the Wild Side, de Lou Reed. Uma pesquisa rápida na internet sobre os versos que adaptam o clássico do transformer novaiorquino tem como resultado um texto de Caio Fernando Abreu admirado com a releitura. “Não consigo compreender como uma gravadora ainda não contratou Claudia para gravar um álbum chamado Vem pra Barra Pesada, Meu, título da versão que ela canta de Walk on the Wild Side”, comentava o escritor em coluna publicada no jornal O Estado de São Paulo em 25 de fevereiro de 1987.

Na sequência, em formações variadas, Catto, Alcina, Barcelos, Negrot e Jojô interpretam um repertório que inclui Seu Crime, de Pabblo Vittar, Rebel Rebel, de David Bowie, e Sangue Latino, dos Secos & Molhados. Em um dos momentos mais marcantes do espetáculo, Alma Negrot canta Androginismo, composição de Kledir Ramil originalmente lançada pelos Almôndegas em 1978. À letra original sobre um rapaz “que tanto androginiza, que tanto me convida pra carnavalizar”, Negrot acrescenta versos sobre outro “tipo perigoso”, uma mulher que também androginiza e anarquiza – nos tempos atuais, “para desbinarizar”.

“Desde muito pequeno fui fascinado por essa canção”, conta Alma Negrot. “Ouvia muito vinil com minha mãe – Clube da  Esquina, Djavan, Mercedes Sosa, Kleiton e Kledir. A gente sempre tinha momentos muito especiais juntos em que, ouvindo os discos, ela contava da adolescência e dos rolês dela, quando ia aos shows, dos namoros, das amizades… E apesar de viver em uma família conservadora, e ela se tornar parte daquilo também, nesses momentos podíamos falar de tudo: de sexualidade, de artistas que achávamos bonitos, as meninas que ela paquerava, os melhores amigos gays… e eu não sentia vergonha nesses momentos”, recorda.

Androginismo, em especial, sempre pareceu ser sobre mim. Meu sonho era crescer e virar o rapaz  que androginiza, lantejouliza e anarquiza, e cá estou eu, seguindo os passos das gatas transformistas lá dos anos 70, ecoando muitos de seus desejos e provocações no meu contexto atual, junto das minhas irmãs”, completa Alma Negrot.

A direção de vídeo do espetáculo é assinada por Iago Mati. “Essa reunião de personas de vários tempos sintonizadas naquele instante, essa junção de diferentes linguagens, foto, música e vídeo, foi muito inspiradora. E que artistas incríveis. Era só apontar a câmera e a mágica acontecia”, conta o diretor.

Sobre os elementos visuais do espetáculo, Juliano Gentile complementa: “A cenografia, a iluminação e as projeções foram pensadas a partir de materiais translúcidos, permitindo o deslocamento e a sobreposição de retratos junto às artistas, sem transformar a foto em um pano de fundo para a performance musical, e vice-versa. A escolha pela gravação em diferentes espaços do prédio do IMS Paulista acabou também por transformar a arquitetura em outra personagem”.

Leia a entrevista em que Filipe Catto fala sobre o processo de criação de Metamorfoses, a costura de temporalidades do espetáculo, as trocas com os demais artistas que atuam no vídeo, a admiração por Pabblo Vittar e sua postura diante da LGBTfobia.

Como se deu o processo de criação de Metamorfoses?

Foi um trabalho coletivo. O Juliano Gentile teve a ideia de criar o projeto Instantâneas no IMS, que uniria o conceito das exposições fotográficas e da música com temáticas diversas e decidiu começar com a obra da Madalena Schwartz. Então me chamou pra ser a primeira convidada (junto da participação da Alma Negrot, do Ciro Barcelos e da Maria Alcina) e começamos a pensar no repertório do espetáculo. Eu tinha recém-dirigido o Love Catto Live Deluxe [saiba mais aqui] e tava pirando no conceito de transformar o espetáculo em algo mais próximo da performance, do cinema e não apenas o formato convencional de lives, então sugeri de a gente usar o universo da obra da Madalena não somente no repertório mas na fotografia, no figurino e na maquiagem do show, evocando aquelas imagens para a cena. A gente quis traduzir aquela sensação das fotos dela e levar as canções pra outro patamar dramático com a captação e montagem genial do Iago Mati e toda a equipe maravilhosa que fez isso acontecer conosco.

Filipe Catto. Foto: Iago Mati

No seu perfil no Instagram, você ressaltou a importância de contextualizar nos dias de hoje o universo retratado por Madalena Schwartz, pontuando que se trata de uma obra absolutamente atual. Poderia nos falar um pouco mais sobre essa costura de diferentes tempos em Metamorfoses?

Nós estamos em um vórtex autoritário no Brasil em meio a uma das piores tragédias que já vivemos na coletividade. A nossa geração nunca pensou que fosse passar por isso, estamos amadurecendo em meio a um cenário depressor, sem qualquer esperança. Mas ao mesmo tempo vivemos outra vez uma revolução sexual e de gênero imensa e definitiva. A mudança já está feita. A Madalena retratava a cena das artistas LGBTQIA+ numa época que a compressão das nuances de gênero nem existiam direito. Hoje, apesar de estarmos sim sob um regime de abusos, também podemos estampar em nossa própria carne o inegável: nós existimos. Saímos das mordaças. Estamos na política, no mercado, na cultura. Estamos assumindo nosso poder finalmente. Nesse ponto, eu acho comovente estar diante de uma obra tão importante como a da Madalena e cercada de artistas que são a prova viva de que a gente vai superar tudo isso como viemos superando cada pedrada que nos arremessaram nesta vida.

Gostaria que você comentasse as trocas com Alma Negrot, Ciro Barcelos e Maria Alcina. As cenas no camarim, a propósito, revelam muito da sintonia entre vocês.

Nós somos de uma mesma gangue, as estranhas. Quem é estranhona conhece uma estranha de longe. E a nossa vivência estando nesse lugar tão solitário faz com que nossas trocas sejam de outro nível. A sintonia foi muito verdadeira. O Ciro é minha comadre e meu mestre, temos um pacto de alma mesmo com toda a admiração. A Alma é minha irmã, nós fazemos tudo juntas. Todos meus trabalhos eu chamo a Alma para estar porque, além de ser da minha total confiança estética, é uma das maiores e mais completas artistas contemporâneas deste país. Ela não tem nenhum limite, nenhum medo de expressar sua voz de forma espiritual. Pra mim ela é de outro mundo: o mundo que eu gosto. E a Alcina é um ícone, uma cantora extremamente moderna. Ela atravessa tudo, ela está anos luz à nossa frente, se dá por completo além de ser um doce e um amor. Hilária. Eu tenho o maior respeito por estes artistas, fiquei muito feliz de poder fazer parte deste encontro. É daqueles momentos que a gente sente que está no caminho certo com as pessoas certas.

Como foi a construção do repertório?

Queríamos fazer uma mistura muito fina dos hinos da comunidade LGBTQIA+ com as lentes da época do desbunde, uma homenagem aos artistas retratados por ela (Secos & Molhados, Claudia Wonder, Dzi Croquettes e Alcina) e um cruzamento com o presente através do trabalho da Alma e das canções da Pabllo e do Johnny Hooker. A gente queria traduzir aquela ideia, dar uma trilha sonora para as fotos. E aí não podia faltar Bowie, Lou Reed e todos os ícones que rasgaram a cartilha do gênero pra compor com esse panorama.

Falando em Lou Reed, gostaria que você comentasse a escolha da versão de Claudia Wonder para Walk on the Wild Side para a abertura do espetáculo.

Foi sugestão do Juliano Gentile e do Rodrigo de Araújo [produtor artístico e cocurador musical do espetáculo] que me apresentaram essa gravação. Eu achei simplesmente genial a versão, de uma riqueza poética inacreditável. Fiquei muito comovida de poder cantar Vem pra Barra Pesada por todo respeito que eu tenho pela trajetória da Claudia Wonder, que foi uma verdadeira heroína na nossa comunidade. E resolvi colocar ela no início porque ela é um convite e uma provocação. Afinal nossa vida não é só close de boneca: é muita barra pesada. Quem tem coragem de bancar isso, né?

No Instagram, você mencionou que considera Pabllo Vittar “a maior estrela brasileira deste século até então”. Poderia nos falar sobre a sua admiração pela obra dela e o que você buscou na interpretação de Seu Crime?

Eu amo essa música porque tem um subtom nela que me fascina. Na nossa vida o amor é algo praticamente proibido. Ou quando acontece vem cheio de abusos, mentiras – até porque a objetificação sexual do nosso corpo é real oficial. Me toca a música da Pabllo porque ela fala “Seu crime foi me amar” e essa história é a história de muitas pessoas que eu conheço. Não é sobre expectativa e frustração. É sobre uma solidão concreta na vida de pessoas trans que é fruto apenas do preconceito e das ideias de merda dessa sociedade.

Filipe Catto. Foto: Iago Mati

Em Canção de Engate e Amor Marginal a interação com o espaço do IMS é bem marcante, e a sua interpretação de Johnny Hooker é uma das mais performáticas do espetáculo. Gostaria que você comentasse essas duas músicas de Metamorfoses.

Quando fizemos a visita ao IMS com a equipe, ficou claro que a gente exploraria ao máximo a arquitetura do prédio, porque aquilo por si só já era um cenário incrível e dava margem a vários momentos super dramáticos que a gente queria pro espetáculo. A cena de Canção de Engate na escada foi ideia do Iago, e eu estava lá desesperada com um salto 15 quase enfartando de medo de altura, mas ficou linda, valeu a pena.

Amor Marginal foi inspirada em uma fotografia da exposição que nos impactou muito, em que uma travesti está sendo algemada de rosto na calçada. É uma cena terrivelmente forte. Resolvemos trazer essa inspiração para a música pela visceralidade da letra, que faz jus a este momento over dramático com aquele look meio desmontado alta costura que a Alma Negrot fez especialmente pro show. E o piso do IMS é uma réplica das calçadas de São Paulo, então a ref. funcionou demais nesta cena.

Por fim, a belíssima interpretação de Alma Negrot para Androginismo adapta e acrescenta alguns versos à letra original, como “Quem é essa mulher que tanto androginiza/ Que tudo anarquiza pra desbinarizar”. Gostaria que você comentasse essa versão, que dialoga com o texto que você publicou no Dia do Orgulho das Pessoas Não Binárias – em especial, quando você comenta que não está em transição para um gênero binário e afirma o caráter transgressor de ser uma pessoa trans.

Esse momento foi de uma grande beleza na minha vida porque eu tive a oportunidade de testemunhar a estreia da Alma como cantora, e fiquei muito impressionada com a sensibilidade com a qual ela interpreta e se apossa da canção. Eu jamais vou esquecer o que eu senti quando ouvi ela cantando Androginismo pela primeira vez, foi qualquer coisa de mistério ali, era muita bruxaria. E eu vou aprendendo nessa vida que nosso caminho é coletivo. Se hoje eu tenho a felicidade e o orgulho de ser quem me tornei é porque tive minhas irmãs ao meu lado, dividindo nossas dores e dúvidas em um mundo que não nos oferece muitas respostas, apenas violências. A gente está aos poucos desenvolvendo nossas identidades fora do padrão patriarcal juntas, porque os rótulos não se aplicam ao ser humano que é livre.

Eu sou pragmática, formo minhas ideias através de vivências e trocas e é um fato que o ser humano é diverso e a superioridade masculina é um delírio perverso. Eu vivo por um mundo onde a diversidade é levada em conta como potência, não como ameaça. Ainda não saímos da Idade Média. Mas eu só tenho uma vida pra viver e enquanto estiver aqui não vou admitir que qualquer entidade tente me rotular porque minha única certeza é a transformação. Porque a gente não pode com a força da nossa natureza real e temos de ter respeito pelo nosso ser fundamental, aquele que existe para além dos conceitos pequenos e mutáveis da sociedade. Se a gente não segue nossa natureza a gente morre, simples assim. E ser não binárie é discordar dos códigos e padrões de gênero na sua raiz. A representação de gênero é meramente cultural, mas eu não sou obrigada a me mutilar para caber numa ideia que não tem espaço pra mim. Eu não sou obrigada a aceitar isso de forma alguma. Nenhum adulto responsável e consciente me ensinou qual era o meu lugar dentro do espectro de sexualidade e gênero do ser humano porque a cultura cristã predatória destruiu todas as referências ao que nós somos. Nosso silenciamento e apagamento são um desejo político e religioso, nunca teve nada a ver com natural e antinatural, nunca teve um pingo de lógica e verdade. A LGBTfobia estrutural é uma afronta ao progresso intelectual e filosófico que reunimos até aqui como humanidade.

Sobre a exposição
Madalena Schwartz: As Metamorfoses – Travestis e Transformistas na São Paulo dos Anos 70
Visitação: até 26 de setembro
Entrada gratuita
IMS Paulista (Avenida Paulista, 2424, São Paulo)
Mais informações no site do IMS.


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