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Tagore estreia turnê do álbum “Barra de Jangada” no Espaço Cultural 512

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Tagore estreia turnê do álbum “Barra de Jangada” no Espaço Cultural 512 Tagore. Foto: Vinicius Lezo

O cantor e compositor Tagore faz o primeiro show do álbum Barra de Jangada nesta quarta-feira (27/3), às 21h, no Espaço Cultural 512. O músico pernambucano desembarca em Porto Alegre no dia do lançamento de seu quarto disco nas plataformas digitais, resgatando sonoridades regionais dos anos 1980 e homenageando nomes como Alceu Valença e Paulo Rafael (1955 – 2021), ex-integrante do grupo Ave Sangria e parceiro musical de Valença e Tagore.

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Em entrevista por telefone pouco antes de cruzar o país para o início da nova turnê, Tagore conta que Barra de Jangada, lançado com o Selo Estelita, começou a ganhar forma em outubro de 2022: “Era período de eleições, sem shows marcados, com o país muito tenso naquela polarização. Me recolhi um pouco e comecei a organizar ideias, com músicas mais antigas e compondo material novo. Comecei a perceber que muitas delas tinham uma liga com meu primeiro trabalho, Movido a Vapor (2014), mais pernambucano e regional”.

O período de recolhimento também levou o músico a elaborar as perdas recentes de seu pai, em 2020, e no ano seguinte, do músico Paulo Rafael, que foi guitarrista e produtor de Alceu Valença e de quem Tagore se tornou amigo e com quem gravou uma versão de Morena Tropicana. “Quis abraçar essas duas figuras e homenageá-las de uma forma sonora. Também resgatei memórias de minha infância, das primeiras coisas que lembro na vida, morando no bairro Barra de Jangada, no município de Jaboatão, ao sul de Recife”, explica Tagore, nascido em 1988, recordando o começo dos anos 1990 e a presença constante da música de Alceu Valença, Elba Ramalho, Fagner e Geraldo Azevedo em seus passeios com o pai pelo bairro onde cresceu.

Relembre a entrevista com o músico Marco Polo, parceiro de Paulo Rafael na banda Ave Sangria

Entre as participações do álbum, destaque para Juliana Strassacapa (Lazúli), uma das vocalistas da banda Francisco El Hombre, que canta em Amor Perfume. Juba Valença (filho de Alceu) canta e toca triângulo em Maré Minina, Clayton Barros (Cordel do Fogo Encantado) faz a viola de Paixão Revirada e Cássio Cunha (baterista de Alceu Valença) está em sete das nove músicas do disco. Por fim, em A Mais Bela Devoradora de Vaidades, Tagore inclui uma fala do multiartista Lula Cortês (1949 – 2011), ilustre morador do bairro Barra de Jangada que gravou Paêbirú (1975) com Zé Ramalho.

O clima de viagem no tempo do novo álbum ganha elementos audiovisuais em dois clipes. “Quis mostrar como era a praia analógica, sem ninguém com celular na mão”, diz Tagore. O vídeo de Paixão Revirada, editado pelo cantor, se apropria de imagens gravadas no começo dos anos 1990 por um grupo de japoneses, trabalhadores do setor automotivo, que visitavam Recife e outras cidades brasileiras a trabalho e aproveitavam a viagem para registrar o que encontravam no país. No clipe de Barra de Jangada, Tagore manipula digitalmente captações atuais para replicar a estética dos vídeos amadores japoneses.

Na faixa-título, o trabalho da memória narrado por Tagore se transforma em uma instrumentação nostálgica e envolvente com letra que reflete sobre a passagem do tempo: Tem tempo em que a gente envelhece em dobro/ Tem tempo em que juntos pairamos no ar/ Tem tempo em que a gente decide ficar/ Tem tempo em que a gente se vai de desgosto.

“Essa música representa muito bem o disco. Carrega a voz muito presente e nítida, com aquele reverb carregado que faz você dar uma regressada no tempo. O eu-lírico tá meio perdido, passando por um momento de dificuldade, chega no fundo de tudo pra depois encontrar o trampolim de regressar e ver a beleza na vida, nas cores, na natureza”, descreve o artista, ressaltando que a faixa bebe na fonte das músicas Como Dois Animais e Solidão, de Alceu Valença – cujos álbuns lançados nos anos 1980 inspiram o disco como um todo.

Tagore. Foto: Vinicius Lezo

O diálogo com a produção de Valença, presente desde a infância de Tagore, se consolidou pouco antes do lançamento de Movido a Vapor. “Comecei a ver muitas conexões com a forma como eu vinha fazendo música, inclusive no ponto de apoio e nas extensões da voz”, observa o cantor, exemplificando ao telefone com uma vocalização que ressalta a proximidade entre os timbres dele e do mestre. “Quando fui me aprofundando na obra de Alceu, disse: achei minha fonte, é uma bandeira que quero carregar e levar esse legado adiante. No Barra de Jangada, regressei à vibe do Movido a Vapor, que é mergulhar de cabeça na fonte nordestina e devolver da forma mais orgânica e pessoal possível”, completa o artista.

Após a apresentação em Porto Alegre, a turnê segue para Guaíba (28/3), Sobradinho (29/3), Festival Pira Rural (30/3), Santa Maria (31/3), Novo Hamburgo (4/4), Florianópolis (5/4), Blumenau (6/4) e Ponta Grossa (7/4).

Estreia da turnê de “Barra de Jangada”, de Tagore
Quando: 27 de março de 2024
Onde: Espaço Cultural 512 (rua João Alfredo, 512 – Cidade Baixa – Porto Alegre)
Abertura da casa: 19h
Ingressos: a partir de 35 reais, à venda no Sympla

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