Literatura | Notas

Livro de José Batista destaca a contribuição negra no RS a partir do resgate do Sopapo

Change Size Text
Livro de José Batista destaca a contribuição negra no RS a partir do resgate do Sopapo José Batista. Foto: Luis Ferreirah/Divulgação

Registro fundamental da contribuição negra na cultura brasileira, o livro O Sopapo Contemporâneo – Um Elo com a Ancestralidade (MS2 Editora) é um estudo antropológico da herança africana em solo gaúcho, a partir do Grande Tambor, o sopapo, enquanto elo de uma ancestralidade que resistiu pela força de seus valores civilizatórios. A obra, escrita em primeira pessoa pelo músico, compositor e luthier José Batista, do clã Batista, tradicional família de músicos e construtores de tambores, da cidade de Pelotas, é o registro de um saber relacionado à construção do tambor sopapo na forma contemporânea, da qual o autor é referência. 

A narrativa percorre os caminhos que levaram seu autor a buscar uma nova forma de apresentação do instrumento ancestral, de grande proporção, que em sua origem era produzido a partir de troncos de árvore e couro de cavalo, até chegar no formato atual. Hoje, o sopapo pode ser encontrado nos palcos, nos estúdios, nas escolas de samba, tendo ganhado adaptações para ser utilizado pelas mulheres. 

Desde 18 de novembro de 2018, o sopapo é símbolo da cidade de Pelotas por meio do Decreto nº 6.130. Recentemente, foi aprovado o projeto de lei ordinária nº 2822 de 2021 pela Câmara de Vereadores de Pelotas que declara “o Instrumento Musical Sopapo, Patrimônio Imaterial da Cultura Pelotense”.

José Batista conduz o leitor a uma viagem no tempo e no espaço. Revela as transformações pelas quais passou o instrumento, de origem ritualística, nas charqueadas de Pelotas, até o seu uso profano, com sua incorporação, a partir de 1940, nos blocos burlescos, nas escolas de samba, bem como as modernizações decorrentes destes usos, muitas das quais José Batista é autor. 

Memórias pessoais e familiares se misturam ao esforço de traçar, em paralelo, o percurso da presença negra no Rio Grande do Sul, desde sua chegada ao Brasil, mais precisamente à região das charqueadas, na condição de mão de obra escravizada, até sua integração, como cidadãos e cidadãs livres, a uma sociedade que tentou, por todas as formas, desumanizá-los e invisibilizá-los por meio da negação de sua herança cultural. “O negro se formou cidadão, através das batidas do Sopapo, esse é o elo que nos faz respeitar o Grande Tambor como um símbolo de nossa cultura, fazendo dele um talismã intocável do negro, como símbolo de respeito aos nossos ancestrais”, afirma José Batista. 

A publicação chega ao público no próximo mês e para marcar a data será realizada uma live de lançamento, no formato de uma mesa redonda, no dia 21 de junho, segunda-feira, às 20h, com transmissão pelo Instagram do projeto. Realizada com recursos da Lei nº 14.017/2020, Lei Aldir Blanc, a iniciativa tem a produção de Sandra Narcizo da MS2 Produtora.  Participam da mesa-redonda o autor, José Batista; o secretário de Cultura de Pelotas, Paulo Pedrozo; a produtora e editora, Sandra Narcizo, com mediação da produtora e jornalista Silvia Abreu.

A obra tem distribuição gratuita, com destinação para bibliotecas públicas e comunitárias do Rio Grande do Sul. Entidades ligadas aos movimentos negros, indígenas, quilombolas e periféricos, artistas, comunidade acadêmica e interessados em geral, de todo o país, podem adquirir o livro gratuitamente.

PUBLICIDADE

Esqueceu sua senha?