Coletânea “Mapa Astral” reúne estreias de jovens músicos
Com artistas selecionados a partir de convocatórias do selo Tal & Tal Records, o projeto Mapa Astral reúne sonoridades diversas em gravações feitas em casa por jovens músicos – alguns deles apresentando suas canções autorais pela primeira vez. Após o lançamento de Água e Fogo no ano passado, mais recentemente o volume Terra passou a integrar a coletânea, com faixas cujos títulos são acompanhados dos nomes de astros.
“A ideia surge da necessidade de fazer música e da falta de uma plataforma que dê conta desses lançamentos, especialmente quando se faz isso sozinho. Descobrimos muita gente bacana e com qualidade sonora”, conta o produtor Kevin Brezolin, que concebeu a iniciativa ao lado de Daniel Hartmann e Gustavo Tessler.
“Às vezes a pessoa acha que não vai ser selecionada porque gravou o áudio no telefone, mas entra na coletânea com uma música que emociona”, conta Brezolin, explicando que o selo oferece suporte de mixagem e masterização, além de orientar os músicos selecionados a criarem seus perfis nas plataformas de streaming. Ampliando a abordagem educativa, a Tal & Tal Records tem planos de levar o conhecimento sobre gravações caseiras para alunos das redes pública e privada de ensino.
“Fico feliz em estimular essa possibilidade de inclusão. Acabamos sendo um primeiro agente, mostrando como esse universo acontece a partir da prática de um lançamento”, completa o produtor, que tem 30 anos e explora as possibilidades de gravar sons em casa desde a adolescência, quando usava fitas cassetes, até a atuação atual, com os recursos de seu home studio.
O terceiro álbum da coletânea Mapa Astral começa com as colagens sonoras da faixa Filha da Terra ::: Sol, de Clarideia & Sã Com Ciência, projeto da cantora Clara Strack, 19 anos, em parceria com o pai, o DJ Jajá Strack. “Componho desde muito nova, agora decidi botar pra fora um pouco do que tenho a dizer”, conta a compositora, que é graduanda de Engenharia Ambiental na UFRGS. “Vimos a divulgação da coletânea e achamos que tinha tudo a ver uma música com perspectiva revolucionária, com um olhar carinhoso para o planeta e crítico ao modelo no qual estamos inseridos”, explica a cantora, que convive com a música desde a infância – Clara é neta do cantor e compositor Alemão Ronaldo por parte da mãe, Mariana Borba.
Na sequência, com influências da bossa nova e do samba, a faixa Quem Disse ::: Ascendente apresenta a cantora Camis Martinevski. Aos 33 anos, integrante do Conjunto de Folclore Internacional Os Gaúchos – além de nutricionista, taróloga e dona de uma empresa de produtos artesanais –, Camis explora musicalmente seus versos pela primeira vez. “O grupo Os Gaúchos ficou muito parado durante a pandemia, então comecei a escrever para aliviar as angústias”, explica a artista, que com a ajuda da amiga e musicista Ana Matielo passou a transformar os escritos em melodia.
Em Dos Nossos ::: Lua, Jagunço, nome artístico do músico Rafael Grison, 24 anos, traz uma sonoridade mais noturna, com beats e bateria eletrônica. Grison vive em São Marcos (RS) e já lançou Devaneios (2018) pela Tal & Tal Records – do qual foi um dos fundadores – e Contar Horas até Cem (2020) pelo selo Honey Bomb Records, de Caxias do Sul, obtendo repercussão sobre o seu trabalho na revista Rolling Stone e na playlist Indie Brasil do Spotify.
Tocando somente o teclado Casio de seu pai, Lou Valentini, 23 anos, assina a mescla instrumental de ritmos de Ala Nógica 01 ::: Marte. “Começa aí minha trajetória de composição e música autoral, num projeto muito caseiro de quem ama fazer música e estava sentindo muita falta de fazer. Agora estou trabalhando em outras composições e buscando suporte para continuar”, conta o instrumentista, que toca piano e bateria em diversas bandas.
Graduada em Música Popular pela UFRGS, Anna Perin, 23 anos, lança seu primeiro single, Areia ::: Urano, na coletânea Mapa Astral. “É um som viajante, que conta uma história intimista em meio a um groove pegado. Tem forte influência na vibe pinkfloydiana, resgatando minhas escutas da infância e adolescência. Compus a partir de um improviso vocal realizado em cima dos dois primeiros acordes de Breathe, do Pink Floyd”, descreve a cantora e compositora, que também é formada em Escrita Criativa pela PUCRS. No segundo semestre, Anna pretende lançar seu primeiro EP, Brasa, mesclando pop, indie e r&b.
O volume Terra expande seus domínios com a participação do sul-africano Still Matah, nascido em Durban. A cidade também é berço do gqom, subgênero da house music que Matah explora na faixa Ntsholongwane ::: Plutão. Experimentando fronteiras mais próximas, Rafael Petrucci apresenta suas influências do rock e da canção platina em Sonho Surreal ::: Quíron, uma homenagem ao escritor uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015) e primeiro single oficial do artista, que assim como Anna Perin é formado em Música Popular pela UFRGS.
As 15 faixas do álbum Terra incluem ainda outros nomes, entre estreantes e músicos com mais experiência: Aimê El-Bachá, Duda Fortuna, Fim da Egotrip, Gustavo Pavão e Lígia Lazevi, Luiz Bruno, Luz Gonçalves e Thais Nascimento, Panapaná, Thays Prado e Tiago Medeiros.
A curadoria do álbum reúne integrantes da Tal & Tal Records, amigos do meio musical e participantes dos volumes anteriores da coletânea: Amanda Gabana, Bê Smidt (Viridiana), Breno Dallas, Charles Frutas, Clarice Nilles, Daniel Hartmann (Dnaiel), Erico Junqueira (Valetin), Erik Leyen, Gabriel Islaz (Gabo), Guilherme Becker, Gustavo Gaspar (projetopalavra), Gustavo Tessler (O tazo do flik), Heloisa Marshall, Kevin Brezolin (Dazluz, kbyteworkextra) e Olimpio Machado.
A convocatória para o quarto volume da coletânea, Ar, receberá inscrições de 9 a 30 de julho, com o lançamento do álbum previsto para setembro de 2021.
—
Escute também os volumes Fogo e Água.