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Turucutá celebra 15 anos de formação musical e cultura carnavalesca

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Turucutá celebra 15 anos de formação musical e cultura carnavalesca Foto: Josemar Afrovulto

A Turucutá dá sequência às comemorações de seus 15 anos de atuação neste domingo (5/11), às 18h, no Largo dos Açorianos. Com o tema Sou da Rua, Sou do Carnaval, o coletivo celebra a formação de cerca de mil alunos em suas oficinas musicais e o diálogo que promove entre escolas de samba e carnaval de rua – uma das principais características da trajetória da Turu, como é carinhosamente conhecida.

“A Turucutá nunca teve a pretensão de ser formadora musical de tanta gente, mas é inegável que assumiu um papel importante na cidade, colocando as pessoas pra batucar”, afirma Artur Klassmann, que é professor de tamborim na oficina da Turu e integrante do grupo-show do coletivo.

“Também nos tornamos muito influentes no processo de crescimento e consolidação do carnaval de rua de Porto Alegre. Quando os blocos tocam por aí, vemos muita gente que passou pela Turucutá”, completa Artur, ele próprio ex-aluno da oficina.

O marco oficial de início da Turucutá é 2008, mas o coletivo teve suas sementes plantadas em dezembro do ano anterior. “A Turucutá começou em um projeto do Central do Samba, em preparação para o Dia Nacional do Samba [2/12] de 2007, com a ideia de mostrar o samba em todas suas vertentes, incluindo a bateria de escola. Um grupo topou a ideia, que surgiu no Afro-Sul Odomodê, e depois decidiu continuar, convidando mestres de bateria da cidade e novos integrantes”, conta Amadeu Medina, professor de repinique da oficina da Turu e integrante do grupo-show.

Em 2010, a Turucutá realiza sua primeira oficina e passa a formar dezenas de pessoas por ano. O coletivo se tornou referência para quem deseja aprender a tocar um instrumento – mesmo sem ter tocado nada antes na vida, como este repórter, que já foi aluno de caixa na oficina. As inscrições para as aulas semanais encerram-se em poucos minutos após a abertura das vagas e geram uma lista de espera para preencher desistências.

“É um trabalho muito gratificante. São dezenas de pessoas de origens, cores e idades diferentes, conectadas pelo propósito disfarçado de saber tocar. Muito mais do que isso, a oficina se torna musicoterapia e espaço de socialização e difusão cultural”, conta Artur, ressaltando que alguns alunos retornam às aulas para seguir aprendendo um instrumento ou tocar outro.

Foto: Josemar Afrovulto

Atualmente as aulas são ministradas por sete professores, em encontros gerais e específicos dos naipes de agogô, caixa, chocalho, repinique, surdo e tamborim. Em 2023, a oficina de cordas oferece aulas de violão e cavaquinho. As duas turmas se reúnem no começo e no final da formação – em dezembro, o grupo realiza uma apresentação aberta ao público das músicas ensaiadas ao longo da oficina.

“Temos uma metodologia própria de ensino, baseada principalmente nos saberes das escolas de samba, mas também em outras referências de aprendizado musical, como o método ‘O Passo’, de Lucas Ciavatta, com um professor por naipe, envio de material de apoio audiovisual e uso da plataforma Google Classroom”, ressalta Luciana Bastos, que toca agogô no grupo-show e é professora do instrumento na oficina.

“As mulheres estão presentes desde sempre em um papel de referência e construção. A cada ano, cresce a participação. Hoje temos um grupo de 100 alunos, com 70% de mulheres”, completa.

Para Medina, natural de Cabo Verde, uma das partes mais emocionantes das oficinas se dá quando a turma inteira toca junto pela primeira vez, logo no começo da formação. “Gosto de ver os alunos percebendo esse primeiro momento musical coletivo dentro de uma escola de samba” – há 10 anos, a quadra da Imperadores do Samba acolhe os ensaios coletivos da Turu, que também já estabeleceu parcerias com Acadêmicos da Orgia, Estado Maior da Restinga, Império da Zona Norte e Vila Isabel de Viamão e mestres de diversas escolas.

Foto: Josemar Afrovulto

“O público da Turucutá, majoritariamente branco e de classe média, não está habituado a frequentar as quadras. Vivemos numa região do país em que elas são pouco valorizadas e há muito preconceito. De outra parte, as quadras não estão acostumadas a receber esse público. A Turucutá promove uma aproximação muito benéfica para ambos os lados”, diz Artur. “Também buscamos uma presença maior de pessoas pretas e uma Turucutá cada vez mais inclusiva”, acrescenta Medina.

Foto: Thalles Matos

Em março de 2023, o Arrastão da Turucutá, apresentação do grupo-show com alguns alunos da oficina, reuniu milhares de pessoas nas ruas do Centro Histórico e deu início às comemorações dos 15 anos do coletivo. Neste domingo (5/11), a partir das 18h, percussão, cordas, vozes e sopros seguem celebrando o aniversário com novidades no repertório, mesclando estilos como samba, ijexá, rock, funk e afoxé.

A apresentação terá as participações de bailarinos do Grupo de Música e Dança Afro-Sul e do Restinga Crew, da cantora Pâmela Amaro – parceira e compositora de alguns clássicos da Turu –e “esquenta” com o DJ Nego Minas.

Show “Sou da Rua, Sou do Carnaval”, da Turucutá
Quando: 5 de novembro de 2023, 18h
Local: Largo dos Açorianos – Centro Histórico – Porto Alegre
Acesso gratuito
Mais informações nos perfis de Instagram e Facebook da Turucutá

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Pâmela Amaro: “Estava cansada de ouvir canções sobre ‘negas’ que não têm nome”

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