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A felicidade mora nas montanhas do Butão

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A felicidade mora nas montanhas do Butão Pandora Filmes/Divulgação

Chega aos cinemas locais nesta quinta-feira (3/2) o longa A Felicidade das Pequenas Coisas (2019), que está na pré-lista do Oscar de Melhor Filme Internacional. Trata-se do segundo longa que o Butão, país considerado o mais feliz do mundo e onde a riqueza é medida pela felicidade, inscreve na premiação – o primeiro foi A Copa (1999), de Khyentse Norbu.

Região no distrito de Gasa, no noroeste do Butão, Lunana serve de cenário para a elogiada comédia dramática escrita e dirigida pelo estreante Pawo Choyning Dorji – que também é escritor e fotógrafo. O diretor conta que a ideia para o longa veio em uma viagem aos “cantos mais profundos dos Butão”: “Percebi que há tanta beleza ali, tanto na paisagem como em relação às histórias. Em todo lugar a que ia, conhecia pessoas inspiradoras com as histórias mais incríveis para contar. Para quem vive numa cidade grande, essas vidas podem parecer infelizes, e, sim, eles levam uma vida dura, mas ainda assim há muita beleza nisso. Essas são as histórias que definem as pessoas do Butão”.

A história de A Felicidade das Pequenas Coisas é protagonizada por um jovem na faixa dos 20 anos prestes a terminar seu contrato com o governo como professor de escola pública. Ugyen Dorji (Sherhab Dorji) está cansado dessa profissão e cogita seguir seu sonho: tornar-se um cantor na Austrália.

Pandora Filmes/Divulgação

O professor, no entanto, é enviado para dar aula em um vilarejo minúsculo e distante, com apenas 56 habitantes, nas proximidades do Himalaia, acessível apenas a pé – o que lhe obriga a encarar uma semana de viagem caminhando. Antes mesmo de chegar ao novo emprego, Ugyen pede para ser realocado, pois sofre com problemas de altitude – mas sua chefe (Dorji Om) diz que seu problema na verdade é de atitude e que nunca viu um professor mais desmotivado.

Ao chegar em Lunana, tudo é tão ruim quanto ele imaginava: o celular não pega, seu quarto é terrível e a energia elétrica é intermitente. Ugyen insiste em ser transferido, mas, enquanto a mudança não sai, é obrigado a dar aulas no remoto lugarejo. O jovem mestre acaba sendo conquistado por seus alunos, encantando-se com Saldon (Kelden Lhamo Gurung), uma menina cuja bela voz canta sobre a natureza e os espíritos.

Pandora Filmes/Divulgação

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O realizador conta que a maioria do elenco é formada por estreantes que moram na região – algumas das crianças que aparecem no filme nunca saíram do vilarejo. “Quando o personagem diz ‘carro’, elas não fazem ideia do que é isso. Nunca nem foram ao cinema. Para mim, a magia vem daí, dessa pureza que existe nessas crianças. Por exemplo, tem uma cena em que um garoto escova os dentes. Ele nunca tinha feito isso, o gosto da pasta de dente foi uma surpresa. Não há como ensaiar algo assim, a descoberta só acontece uma vez, é preciso fazer a cena e pronto”, explica Pawo.

A fotografia de A Felicidade das Pequenas Coisas é assinada por Jigme Tenzing, o único profissional da área no país, que estudou na New York Film Academy, nos Estados Unidos. O diretor butanês diz que escolheu filmar a maioria das cenas com uma câmera estática por influência do cineasta japonês Yasujiro Ozu (1903 – 1963), mestre conhecido por seus filmes sobre pessoas comuns: “Eu queria que a câmera e a fotografia fossem como a vida de Ugyen. No começo, ela está na mão, a imagem chacoalha, mas, com o tempo, conforme ele se estabelece na escola, a imagem fica mais segura, começamos a usar um tripé”.

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A Felicidade das Pequenas Coisas: * * * *   

COTAÇÕES

* * * * * ótimo     * * * * muito bom     * * * bom     * * regular     * ruim

Assista ao trailer de A Felicidade das Pequenas Coisas:

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