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“A Mulher que Fugiu” é um retrato sensível da amizade feminina

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“A Mulher que Fugiu” é um retrato sensível da amizade feminina Pandora Filmes/Divulgação

Em A Mulher que Fugiu (2020), o diretor sul-coreano Hong Sang-soo volta ao tema que lhe é mais caro: os relacionamentos humanos. O filme que entra em cartaz nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (10/2) rendeu ao cineasta o Urso de Prata (prêmio de direção) no Festival de Berlim de 2020 e é protagonizado por sua musa Kim Min-hee, atriz de vários títulos memoráveis do prolífico realizador como Certo Agora, Errado Antes (2015), A Câmera de Claire (2017), O Dia Depois (2017) e O Hotel às Margens do Rio (2018).

Retrato em preto e branco da vida como ela é

Em A Mulher que Fugiu, Gam-hee (Kim Min-hee) é uma florista que aproveita enquanto o marido está fora da cidade em uma viagem de negócios para se encontrar com amigas. O longa é dividido em três partes, cada uma acompanhando uma dessas reuniões.

Casada há cinco anos, Gam-hee nunca esteve um dia distante do seu marido, e a viagem dele proporciona a oportunidade de visitar as amigas, que não via há muito tempo. Estranhamente, não era possível antes fazer isso enquanto ele estava em casa, embora a jovem garanta a todos que seu casamento vai muito bem.

“Temos bons momentos todos os dias”, diz ela. Os primeiros dois encontros são planejados, mas o terceiro, no café de um cinema, acontece por acaso. Em comum entre os encontros está o fato de todas as conversas entre as mulheres serem interrompidas por homens.

Pandora Filmes/Divulgação

Depois de três filmes em preto e branco, Hong volta a filmar em cores em A Mulher que Fugiu, com fotografia assinada por Kim Su-mim – que usa ângulos e zooms bastante típicos da obra do diretor. Hong, por sua vez, além da direção, assina o roteiro, a montagem e a trilha sonora.

“Quando começo a filmar, não tenho uma ideia completa em termos de estrutura ou narrativa. Parto de uma ideia com a qual quero começar e vejo o que acontece, como respondo a isso e o que vem dessa resposta”, comentou o diretor sobre seu processo criativo na coletiva do filme no Festival de Berlim, acrescentando: “A vida, assim como a existência, sempre supera qualquer generalização. Portanto, quando estou fazendo um filme, tento afastar todos os tipos de generalizações, todo o tipo de técnica, todo o tipo de expectativa sobre alguns tipos de efeitos e apenas acreditar que o que vier será o melhor”.

Atriz de sete filmes de Hong, Kim também falou a respeito do método de trabalho peculiar de Hong: “Temos um roteiro, os diálogos entre os atores e as reações que devemos extrair uns dos outros. Respondemos a elas com muita sensibilidade, então as emoções vêm à tona e as mudanças acontecem”.

Pandora Filmes/Divulgação

Em A Mulher que Fugiu, as personagens femininas ocupam uma centralidade inédita na obra de Hong Sang-soo. O filme se detém com sensibilidade, inteligência e particular sutileza sobre os diferentes aspectos e significados da amizade feminina – dedicando atenção especial para o debate sobre a independência emocional e formal de mulheres que já passaram por diversos relacionamentos e vivências.

Pandora Filmes/Divulgação

A Mulher que Fugiu: * * * *   

COTAÇÕES

* * * * * ótimo     * * * * muito bom     * * * bom     * * regular     * ruim

Assista ao trailer de A Mulher que Fugiu:

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