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“Irmã” anuncia o fim do mundo patriarcal – e o início de uma nova era

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“Irmã” anuncia o fim do mundo patriarcal – e o início de uma nova era Pátio Vazio/Divulgação
O filme Irmã teve sua estreia mundial no ano passado na mostra Generation 14plus, dentro da programação do 70º Festival Internacional de Cinema de Berlim. O longa-metragem escrito e dirigido por Luciana Mazeto e Vinícius Lopes também participou em 2020 da Mostra Brasil e da Competição Novos Diretores na 44ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Na semana passada, Irmã fez parte da seleção de filmes participantes da Mostra Olhos Livres da 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes, que se realizou de forma gratuita em formato online, apresentando ao público a diversidade da produção cinematográfica brasileira de corte mais contemporâneo e autoral. O primeiro longa da dupla de realizadores gaúchos acompanha as irmãs Ana (Maria Galant) e Julia (Anaís Grala Wegner), cuja mãe encontra-se muito doente em Porto Alegre. Enquanto um asteroide está em vias de colidir com a Terra, as duas partem à procura do pai, que abandonou a família e vive no interior do Rio Grande do Sul. Com o fim do mundo iminente, Ana e Julia começam a confundir a realidade externa com as suas experiências internas e subjetividades, topando nesse caminho com fantasias, superpoderes, fantasmas e dinossauros. O elenco também conta com Felipe Kannenberg, Marina Mendo, Nicholas Perlin e Otávio Diello. Luciana Mazeto e Vinícius Lopes nasceram em Porto Alegre e estudaram cinema na PUCRS. Juntos, dirigiram curtas-metragens que foram exibidos em vários festivais internacionais, como Roterdã e Montevidéu. Na entrevista seguir, os diretores explicam como foi a concepção do roteiro de Irmã, relembram o processo de filmagem, comentam a participação em festivais internacionais e comemoram a presença crescente das mulheres no audiovisual brasileiro. “A gente está vendo felizmente cada vez mais mulheres encabeçando roteiro, direção, produção, direção de fotografia, direção de arte, áreas técnicas. Essa mudança não é gratuita, é resultado de uma conscientização, de uma discussão, de uma vontade”, afirma Luciana. Como foi a produção de Irmã? Vinícius Lopes – Irmã aborda várias questões pessoais pra gente, mas também aborda um sentimento que tínhamos quando começamos a escrever o roteiro, no início de 2016, que era um momento bastante turbulento do país, social e politicamente. Era um momento que trazia muita insegurança quanto ao futuro. A gente sabia que tinha algo por vir, mas não tínhamos ainda muita clareza do que era. O roteiro foi escrito então com esse sentimento. A ideia inicial era a imagem dessas duas irmãs indo para o interior do Rio Grande do Sul, com a mãe muito doente em Porto Alegre, enquanto elas vão ao encontro do pai, que está vivendo nesse lugar bastante conservador. A ideia do filme era lidar com essa insegurança que a gente tem quando está mudando de fase de vida, saindo da adolescência e indo para a vida adulta ou, no caso da irmã mais nova, da infância para a adolescência. Era essa insegurança que sentíamos no país também. Com essa premissa, os outros elementos começaram a tomar forma: os superpoderes, o asteroide, os dinossauros, a ideia do fim do mundo. Começou também […]

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