O novo álbum de Dom La Nena, Tempo, fala sobre o tempo. E não é que demande muito de você que o escuta: a maioria das canções têm pouco mais de três minutos. Porém, a cantora, compositora e violoncelista nascida no Brasil e residente em Paris criou uma série de pequenos momentos cristalinos, por vezes ensolarados, geralmente oníricos e ocasionalmente enlaçados em uma bela nostalgia que os brasileiros chamam de saudade.
Tempo é o terceiro álbum de Dom La Nena depois de Ela (2013) e Soyo (2015), ambos aclamados por importantes mídias internacionais como The New Yorker (Cada uma de suas canções são sagradas), NPR (Uma das jovens artistas mais importantes da América Latina), ou o The New York Times, que a compara com artistas como Juana Molina, Lhasa ou Hope Sandoval.
Dom La Nena é uma artista com estilo marcado por uma pluralidade de línguas, que é difícil de definir. No decorrer de sua carreira colaborou com artistas como Jane Birkin, Jeanne Moreau, Marcelo Camelo, entre outros.
Também criou o projeto Birds on a Wire com a cantora franco-norte-americana Rosemary Standley. Juntas, reinterpretam um repertório que vai de Purcell a Léonard Cohen, passando por Gilberto Gil, Violeta Parra ou cantos tradicionais catalões. Produziram juntas dois álbuns, Birds on a Wire em 2014 e Ramages, em 2020, de grande sucesso na França, onde já há quase dez anos estão nos melhores palcos.
Com sua combinação de pop, world music e música de câmara, pode ser que escute Tempo como uma resposta a algo ou como uma pausa de tempos difíceis. Você estaria certo, ainda que Dom diga que isso não foi intencional: “A composição, para mim, não é algo realmente controlado. É muito inconsciente, muito intuitivo. Tudo o que vivo no cotidiano é inspiração e está presente na minha música. Faz pouco tempo que me tornei mãe e isso gerou em mim muitas reflexões sobre a vida, sobre o valor do nosso tempo e, como consequência, são temas que estão muito presentes no disco: o nascimento, a vida, o envelhecimento e, por fim, a morte”.
O conjunto da obra foi mixado com mestria pelo renomado norte-americano Noah Georgeson, produtor e engenheiro de som de artistas como Devendra Banhart, Rodrigo Amarante e Natalia Lafourcade.