Como vai a economia brasileira?
Por que então o presidente Lula anda batendo de frente com o ministro da Fazenda, o cordato Fernando Haddad. Lula quer gastar mais em obras de interesse social. Haddad quer cumprir a meta do déficit zero. O presidente poderia tolher o ministro nos bastidores. Por que o faz publicamente? As especulações são muitas. Lula estaria incomodado com o crescimento da sua criatura. Estaria de olho num quarto mandato. Haddad andaria agradando excessivamente o tal do mercado, a turma da Faria Lima, em São Paulo, os donos da grana, influencers do mundo financeiro. Difícil crer que Lula precise desse tipo de manobra para conter seu fiel auxiliar. Parece verdade, porém, que entre os ministros palacianos, aqueles que despacham no Planalto, pode existir ciumeira em relação ao sucesso do discreto presidenciável Haddad.
O economista e empresário tucano Armínio Fraga, que votou em Lula para barrar o caminho ao estrupício Jair Bolsonaro, aproveitou a crise provocada pelas falas do presidente da República, que deixaram seu ministro mais importante de pé ao relento, para dizer que “o caminho da bagunça fiscal é trágico”. Segundo ele, Lula “deu uma rasteira no ministro”. Considera também que o chamado “arcabouço fiscal” nasceu meio fraco. Fraga é um desses bilionários de voz mansa e olhar vago que adoram falar em austeridade para os pobres em nome do rigor nas contas públicas e do saber dos especialistas em economia.
O mistério permanece. Que bicho mordeu Lula? O que Haddad fez para merecer uma bola no contrapé publicamente? Será que o ministro passou a considerar que a sua missão o coloca aquém e além do poder do presidente da República? O que Lula fez com Haddad tem nome no imaginário popular: fogo amigo. Luís Carlos Bresser Pereira, economista de outra cepa, tuitou um fio inteiro sobre o assunto: “Quando o Presidente Lula declarou que não lutaria por um déficit zero, que determinadas despesas e investimentos são mais importantes, ele se revelou realista e correto. Como era esperado, o mercado financeiro protestou e a Bolsa caiu, enquanto os economistas e jornalistas liberais afirmavam que a política venceu a economia. Quem realmente venceu foi a inteligência e o bom senso. Por que déficit público zero? A resposta é pronta: Para baixar a inflação. Mas a meta de inflação é 3,25, com tolerância, é de 4,75, e a perspectiva de inflação para estes anos é de 4,86%. Estamos muito próximos da meta”.
Continua...