Juremir Machado da Silva

Efeitos da bivalente

Change Size Text
Efeitos da bivalente Porto Alegre vacina sua população com a bivalente desde fevereiro (Foto: Cristine Rochol/PMPA)
Fui tomar a bivalente. Ficou provado: sou tri fraco. Fiquei de quatro cinco horas depois. Era sexta. No sábado, me senti moído. Não reclamo. Sou fã de vacina. O que me chamou a atenção foi o jeito das moças que me atenderam no posto de saúde. Eu estava de máscara, com meus cabelos grisalhos cintilando, a voz baixa que adoto nessas ocasiões solenes e meu estilo jovem sexagenário. As gurias, muito eficientes, não levaram fé em mim. Falavam bem alto para eu ouvir, ainda que estivéssemos numa sala tão pequena que elas gritavam quase nos meus ouvidos. Foi um diálogo estranho, quase surrealista, duro:

– QUANTOS ANOS O SENHOR TEM?

– 61.

– MOSTRE A CARTEIRINHA DE VACINAÇÃO.

Tirei do bolso de trás da calça jeans sem pressa, tampouco lentamente. Sabia o que estava fazendo. Havia feito o dever de casa.

– Já vai, moça.

– CADÊ A SUA CARTEIRA DE IDENTIDADE?

– Já lhe entrego.

Busquei no bolso esquerdo da calça, na frente. Sou metódico. É a melhor forma de não perder coisas importantes: chaves, celular, cartões, crachás e outros poucos objetos que carrego. Há muito deixei de usar aquelas carteiras cheias de documentos: título de eleitor, certidão de nascimento, de casamento, de bons antecedentes, etc. Brinco. Mas tem gente que senta em cima de um cartório inteiro. Uma vez perdi toda a minha vida civil num ônibus para Florianópolis, o que selou a minha relação com a cidade. Não faz muito tempo, perdi lá o meu celular. Por sorte, celulares falam. Consegui recuperá-lo. 

Quer ter acesso ao conteúdo exclusivo?

Assine o Premium

Você também pode experimentar nossas newsletters por 15 dias!

Experimente grátis as newsletters do Grupo Matinal!

RELACIONADAS

Esqueceu sua senha?

ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.
ASSINE E GANHE UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DA REVISTA PARÊNTESE.