Juremir Machado da Silva

#BailaViniJr

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#BailaViniJr Foto: Twitter / Vini Jr

O futebol do brasileiro Vinicius Júnior não para de crescer na Europa. O nome dele ficou mais curto e ágil: Vini Jr. A cada gol, uma dança e muita alegria. Tanto sucesso e irreverência arrancaram uma observação racista de um empresário de futebol, Pedro Bravo, num programa esportivo espanhol. O incomodado disse que Vini deveria parar de fazer “macaquices”. Racismo é uma chaga que costuma assumir mil facetas e disfarces para se perpetuar. Por trás da suposta afirmação pontual, dirigida a um ponto, esconde-se, nem chega a isso, uma visão total, que desqualifica o outro pelo ponto, a cor da pele, a sexualidade, a religião.

O preconceito é um enorme guarda-chuva embaixo do qual se abrigam diferentes tipos de horror. No século XIX, deu-se ares de ciência. Não faltaram doutos para estabelecer hierarquias raciais, climáticas, determinismo de vários tipos e mesmos erros. O cientificismo, que ainda ronda a mente de alguns, ou de muitos, não passava de reducionismo, de simplificação brutal, de fachada para a dominação masculina e branca.

Num vídeo, Vini respondeu com elegância e eficácia. Gol de placa. Disse e redisse: “Eu não vou parar de bailar”. A reação nas redes sociais foi imediata. Até sábado à noite, mais de 4 milhões de interações repudiavam a agressão racista ao jogador em comentários ao seu vídeo.

No domingo, no jogo entre Real e Atlético de Madrid, Vini bailou como sempre, como nunca, como deve, emociona, encanta e deslumbra.

Pode-se bailar com ou sem gols, bailar com dribles, sorrisos, passes, corridas, lançamentos, abraços, encontros e compartilhamentos.

Vini baila com a bola nos pés, com os sonhos no coração, com o brilho nos olhos que o caracteriza, como ele mesmo disse, parece que felicidade incomoda e “a felicidade de um preto, brasileiro, vitorioso na Europa, incomoda muito mais”. O tempo, porém, em que o racismo podia se esconder atrás de uma desculpa, de um pedido esfarrapado de desculpas, não viceja mais. Baila, Vini, baila conosco, baila por nós, baila por todos aqueles que sofreram e sofrem preconceito e são sufocados pelas patas dos racistas, dos xenófobos e de todos os outros que insistem em classificar pessoas por cor de pele, orientação sexual, religião, nacionalidade. Baila, Vini, para felicidade de todos os que te admiram. Baila sempre.

Baila mais.

As redes te abraçam.

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