Juremir Machado da Silva

Visita de imortais a Proust, golpes e Redenção

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Visita de imortais a Proust, golpes e Redenção Foto Divulgação

Ana Maria Machado e Antônio Carlos Secchin, imortais da Academia Brasileira de Letras, estiveram em Porto Alegre, a convite da Associação dos Amigos da Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul, para visitar a exposição Caminhos de Proust. O caro leitor, preocupado com as tentativas de golpes de Estado no Brasil, por fanáticos bolsonaristas, pode não estar prestando atenção, mas essa exposição é uma joia raríssima. Gilberto Schwartsmann, curador da mostra, me enviou em áudio um belo relato da visita, que chamou de “mágica”.

Os imortais da ABL ficaram encantados com a restauração do prédio da BPE, que está com a pintura em dia e a fachada recuperada. Encantaram-se com os afrescos da entrada. Tiraram muitas fotos da exposição Proust. Aproveitaram tudo, dos documentários, passando pela linha de tempo da vida do escritor francês e pela “mesa de jantar”, que representa as influências literárias de Marcel Proust. As primeiras edições expostas fizeram os imortais babar. Curtiram muito a parte que descreve a criação das personagens proustianas. Nada escapou aos visitantes, nem evidentemente o chá com madeleines, servido pelo garçom Emílio. Tudo isso está à disposição de todos até fevereiro.

Taquaral da Redenção cortado

Foto: Maximiliano José/ Coletivo Preserva Redenção

Quase toda semana os frequentadores do parque da Redenção, em Porto Alegre, como eu, são surpreendidos por alguma coisa sem explicação nem razoabilidade aparente. Um dia aparece um bar barulhento. Noutro, anuncia-se um estacionamento subterrâneo. Desta vez foi o corte do belo taquaral próximo ao Recanto Chinês. Ainda não se sabe o que aconteceu para que as robustas taquaras fossem derrubadas. Na Redenção sempre se ouve o nome do prefeito Sebastião Melo. Em geral, seguido de algum impropério. O último em data:

– Inimigo das taquaras.

Há tanto carro circulando na Redenção que, cedo ou tarde, a surpresa poderá ser a implantação de alguma sinaleira. É esperar.

Microconto

Quando os golpistas avançaram, quebrando tudo que encontraram pela frente, rasgando obras de arte, cuspindo fogo pelas ventas, escoiceando, já era tarde. A democracia estava consolidada.

Um golpe que Machado de Assis não esqueceu

12 de novembro de 1893

“Por que é que, entre tantas coisas infantis e locais, nunca me esqueceu a notícia do golpe de Estado de Luís Napoleão? Pelo espanto com que a ouvi ler. As famosas palavras: Saí da legalidade para entrar no direito ficaram-me na lembrança, posto não soubesse o que era direito nem legalidade. Mais tarde, tendo reconhecido que este mundo era uma infância perpétua, concluí que a proclamação de Napoleão III acabava como as histórias de minha meninice: ‘Entrou por uma porta, saiu por outra, manda el-rei nosso senhor que nos conte outra’. Por exemplo, o dia de hoje, 12 de novembro, é o aniversário do golpe de Estado de Pedro I, que também saiu da legalidade para entrar no direito”. O golpe de 8 de janeiro de 2023 foi direto para a prisão.

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