Juremir Machado da Silva

Lula continua sobrando nas pesquisas

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Lula continua sobrando nas pesquisas Foto: Ricardo Stuckert/ Divulgação

Uma metáfora machista dizia que pesquisa é como biquíni: mostra tudo, menos o essencial. O que seria o essencial sempre foi motivo de controvérsia. As pesquisas eleitorais têm mostrado tudo. A mídia é que nem sempre diz o essencial: Lula até agora caminha para ganhar no primeiro turno. Volta e meia, um jornal mancheteia que Jair Bolsonaro avançou e Lula recuou. Até agora, porém, nunca passou de quase gol. Se Bolsonaro sobe, Lula não desce. A pesquisa Ipec, publicada na largada da campanha eleitoral, apresenta Lula com 44% das intenções de votos; Bolsonaro, com 32%; Ciro Gomes, com 6%; Simone Tebet, com 2%; Vera Lúcia (PSTU), com 1%. O resto da tropa dá traço. Fiasco total.

A terceira via naufragou de vez. A Globo deveria dar à Verá Lúcia o mesmo tratamento que dá à Simone Tebet. As duas estão empatadas na margem de erro. Soraya Thronicke, do bilionário União Brasil, navega no nebuloso espaço entre abaixo de um e talvez acima de zero. Para que serve mesmo a sua candidatura? Certamente para dizer a Sérgio Moro, recusado para o posto, que ele conta menos ainda na opinião dos caciques políticos. Lula faz mais do que a soma dos seus oponentes. A dinheirama derramada por Bolsonaro para seduzir eleitores ainda não surtiu efeito. É possível que o eleitor pegue o dinheiro com uma mão e a com a outra dê uma banana para um presidente que recolocou o Brasil no mapa da fome e deixou parte da população “comer” osso e pelanca.

O mercado já se senta à mesa com Lula, aquele que com seus governos levou muito dinheiro para as burras do empresariado, mas foi pisoteado por eles no auge da Lava Jato. Os bancos ficam com quem estiver no poder. O Centrão espera para ver com quem vai dormir e com quem vai acordar. A mídia ainda sonha com uma virada de jogo. Adoraria ver Simone Tebet sair do nada para o tudo num passe de mágica. Ela cabe direitinho no cenário idealizado pelos radicais da permanência em tempos de necessidade de mudanças reais. Mais pragmático, o MDB de Renan Calheiros já decidiu faz tempo com quem ficar, com aquele que aparece em pesquisas vencendo no primeiro turno. Imaginemos o seguinte: Simone Tebet com os números de Lula na pesquisa Ipec. Qual seria a manchete? Ganha um dia Simone no topo das pesquisas quem adivinhar.

Se o jogo continuar sendo jogado, com Lula tendo mais conclusões a gol, mais posse de bola e mais gols, tende a matar no primeiro turno com uma colaboração extra: os votos dos eleitores de Ciro Gomes, que dificilmente deixarão de rejeitar a força do voto útil. Ciro talvez termine ao lado da turma do 2%. Especulações, claro. Bolsonaro, por enquanto, só ganha com interferência do VAR. Daí a sua obsessão pelas urnas eletrônicas. Como diz o ditado popular, errar é humano, persistir no erro é burrice. A pesquisa Ipec foi tão boa para o PT que até no Rio Grande do Sul, celeiro bolsonarista, Lula aparece na frente. Olívio Dutra também lidera na corrida ao Senado. Ana Amélia vem em segundo. O general Mourão, que esconde sua patente no seu nome eleitoral, está em terceiro. Se a direita quiser vencer terá de sacrificar Ana Amélia ou Mourão. O bolsonarista raiz ficará com o general “paraquedista”?

Petistas consideram Mourão o adversário de Olívio. Na verdade, é Ana Amélia. Mourão poderá ter o mesmo destino de Ciro. O pedetista atira para todos os lados e sempre erra o alvo. Está no lugar errado na hora errada. Tem bala na agulha, mas, com Lula na disputa, não vai a lugar algum pela esquerda. Com Bolsonaro na corrida, a saída pela direita está bloqueada. Vai correr para completar a maratona. Apenas. Outro que está com a mão na taça é Eduardo Leite, que disparou na frente e já faz o bolsonarista Onyx Lorenzoni comer poeira. Os demais olham de longe a disputa lá na frente. Virar o jogo será como o Inter acelerar, passar o Palmeiras e faturar o Brasileirão deste ano.

Análises estatísticas, agregando mais de 300 pesquisas, garantem que haverá segundo turno na eleição presidencial. Pode ser. Tudo dependerá do eleitor que, na última hora, decidir dar uma utilidade ao seu voto.

Afinal, quase ninguém gosta de jogar voto fora em quem vai perder.

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