Juremir Machado da Silva

Olívio, a volta do velho guerreiro

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Olívio, a volta do velho guerreiro Foto: Nathan Carvalho

Olívio Dutra está de volta à frente de combate. Será candidato ao Senado pela sua sigla de uma vida toda, o Partido dos Trabalhadores (PT). O retorno do velho guerreiro, contudo, provoca polêmica.

A militância petista está em êxtase. Olívio representa o melhor de uma utopia construída ao longo de mais de 40 anos e abalada nacionalmente pelos estragos da Lava Jato, mas que poderá renascer com uma vitória de Lula, numa autêntica “Jornada do Herói”. Se Lula vencer, como tudo indica, espantará o mundo com suas reviravoltas: menino pobre, retirante, operário, sindicalista, deputado, três vezes derrotado na disputa pela presidência da República, eleito, reeleito, popular a ponto de eleger uma sucessora improvável, perseguido, condenado, preso, libertado, condenações anuladas, candidato, etc.

Olívio, por seu turno, coleciona qualidades e poucos percalços: honesto, humilde, coerente, competente, sincero, reto, fiel, comprometido com a sua consciência e com as causas da esquerda.

Um humanista que anda de ônibus e vive como sempre viveu.

A direita vê na indicação de Olívio Dutra um ato de desespero. Seria o recibo passado de que o medo da derrota estaria estampado.

À esquerda, há quem veja na escolha uma aposta arriscada que poderá expor a uma nova derrota (perdeu para Lasier Martins na disputa por uma cadeira no Senado) um mito do PT, aos 81 anos de idade.

No espectro das alianças não consumadas há quem aponte na definição por Olívio Dutra uma incapacidade de o PT de se renovar.

Na base petista, contudo, predomina a tese de que se trata de uma grande sacada política: contra uma direita dividida entre Ana Amélia Lemos (PSD), sem a força dos tempos da RBS, e o paraquedista general Mourão (Republicanos), Olívio seria o nome forte e de biografia incontestável capaz de entusiasmar e de unir os gaúchos progressistas numa cruzada contra o obscurantismo e o bolsonarismo, caso separar os dois termos seja possível e signifique alguma coisa. A propósito: seriam os gaúchos capazes de eleger como representante no Senado um homem que não mora no Rio Grande do Sul, torce pelo Flamengo e pertence ao partido da Igreja Universal do Reino de Deus?

Outros, enfim, argumentam que teria sido mais promissor fazer alianças, ampliar o leque, formar uma frente e apostar num nome vigoroso para os grandes combates atuais, como Pedro Ruas (PSOL). Transpira, contudo, que ninguém queria o Senado: nem Ruas, nem Manuela D’Ávila (PCdoB), muito menos Beto Albuquerque (PSB). O Senado e a vice teriam sido oferecidos como isca por candidaturas irreversíveis ao governo, inclusive a de Edegar Pretto, que estaria buscando apoio, sem a menor chance de apoiar alguém, com base no argumento de que o PT é o maior partido de esquerda no Estado. Diante disso, o veterano “Galo Missioneiro” teria aceitado ir, mais uma vez, para o sacrifício.

Não há como duvidar das qualidades de Olívio.

Além disso, num mundo que pratica abertamente o etarismo (preconceito de idade, especialmente contra velhos), cabe dizer que o importante é estar pronto para novos desafios. Competência é o que não falta para o velho guerreiro Olívio Dutra. Algo parece evidente: ele tem muito mais chances de ganhar agora do que em 2014. Poderá ser uma revanche em alto estilo. Para grandes vitórias, grandes apostas.

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