Juremir Machado da Silva

Quem afundou o Brasil

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Quem afundou o Brasil Foto: Isac Nobrega / Palácio do Planalto

Tudo se interliga. Um vírus surgido na China para o mundo. A invasão da Ucrânia pela Rússia, com base nas racionalizações do autocrata Vladimir Putin, afeta economias globalizadas. Comentaristas esportivos adoram dizer que não se focam em resultados ou em detalhes aparentes, mas que buscam as razões profundas de vitórias, empates e derrotas. Em geral, ficam em especulações ou na tentativa de validar, enfim, suas teses, que estão certas numa semana e erradas na outra.

Os responsáveis pela queda do Internacional na Sul-Americana, diante do fraco Melgar, foram, pela ordem, Gabriel, expulso por uma falta violenta e burra, Edenilson, Taison e Carlos de Pena, que erraram três pênaltis em sequência. Mano Menezes não bateu nenhum. Em contrapartida, Mano Menezes e a direção do Inter erraram tudo ao escalar reservas contra o Fortaleza, que já se habituou a surrar o colorado gaúcho montado em suas botas de salto alto e cano curto.

Já os responsáveis pela situação em que o Brasil se encontra são: o PIB, a elite, banqueiros, empresários, parte da mídia, parte da classe média, parte dos evangélicos, partidos de direitas e todos aqueles que elegeram presidente da República o mais grosseiro e despreparado candidato possivelmente da história do país. O PIB, sigla usada ironicamente para designar os donos do dinheiro, só pensa em resultados. Ao longo do mandato de Jair Bolsonaro, muito dos seus eleitores se arrependeram. Agora, já começam a se arrepender do arrependimento. Bolsonaro é a cara dos que o colocaram no Planalto.

Qualquer observador externo com um mínimo de bom senso pergunta:

  1. Como foi que os brasileiros elegeram um bronco para presidente?
  2. Não havia opção a uma escolha tão absurda?
  3. Brasileiros são masoquistas?
  4. Brasileiros gostam de candidatos preconceituosos e ignorantes?
  5. Por que os brasileiros resolveram se castigar assim?
  6. Quem elege um candidato acostumado a fazer comentários preconceituosos compactua com o que o eleito diz?
  7. No momento de teclar na urna eletrônica ninguém se lembrou de tudo o que Jair Bolsonaro havia dito de ridículo e grotesco ao longo da sua carreira de parlamentar insignificante?
  8. Repetir o mesmo erro é burrice ou ideologia?
  9. Enquanto outros países da América Latina saldaram suas contas com ditadores, o Brasil continua com saudades da sua ditadura?
  10. Ser contra Bolsonaro significa ser comunista? Então o Brasil tem o maior partido comunista do mundo depois do Partido Comunista Chinês? Mais de um milhão de brasileiros, entre os quais banqueiros arrependidos, empresários, artistas e intelectuais, já assinaram a Carta em Defesa da Democracia organizada pela USP. Antes de tarde do que errar de novo.
  11. O Brasil poderia ter na sua bandeira “avante, para trás”?

Saberemos em outubro de 2022.

Já para o Internacional a revelação é mais imediata. O ano parece ter chegado ao fim. Talvez, com sorte, conquiste uma vaga para uma competição internacional, que é o consolo dos perdedores. O futebol serve realmente de metáfora para a vida: quem erra, paga. Quem se desloca, encontra soluções. Quem fica parado, é ruim ou anacrônico. Quem não ousa, toma nó tático ou perde para quem ousa menos ainda.

Avante, se possível, para a frente.

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